Enquanto dirigia sem rumo pelas ruas Bárbara tentava, entre lágrimas e soluços, ter ao menos um raciocínio claro.
Cinco meses. Seu marido abandonara tudo há cinco meses.
Onde ele estava? Por onde andou todo esse tempo?
Tinha de haver uma pista.
Ela sabia que Daniel possuía diversas propriedades e poderia ter ido para qualquer uma delas. Mas com certeza Ian teria se comunicado com os empregados e descobriria rápido seu paradeiro.
Tinha que ser um lugar isolado, um lugar para onde ele não seria seguido.
Mas onde?
Em que lugar Daniel buscaria refúgio?
Junto a sua família, jamais. A tumultuada relação com seus pais e seus irmãos não o ajudaria em nada.
Ele não tinha mais ninguém a quem recorrer... a não ser....seu avô!
Sim! Era essa a peça que faltava!
Daniel tinha imensa consideração com seu avô e poderia viver sem contato com qualquer pessoa, exceto com ele, como Ian havia dito.
Estacionou bruscamente o carro e discou desajeitada para o telefone da casa de Daniel. Da casa deles. Como sentia falta de lá!
– Residência McCain. – A voz tranquila do outro lado lhe soou familiar.
– Ian! Sou eu, Bárbara!
– Senhora Bárbara, que prazer em ouvi-la novamente!
– Eu também Ian, eu também! Preciso de sua ajuda, meu querido! Tenho que encontrar meu marido e só você pode me ajudar!
– Eu gostaria muito, senhora. Mas infelizmente, nada sei sobre seu paradeiro.
– Sim, Jeremy me disse. Mas eu acredito que sei onde ele está. Ou melhor, sei quem sabe.
– E quem seria?
– O avô de Daniel. Conheço meu marido, Ian. Ele estava confuso e deve ter procurado a única pessoa que lhe poderia ser amigável e familiar naquele momento. Alguém que proporcionasse algum conforto emocional. Preciso ver o avô de Daniel, tenho que descobrir para onde ele foi.
– Sim, senhora, eu pensei nisso também, mas infelizmente, quando entrei em contato com o Sr. Josh, o avô do Sr. McCain, ele se recusou a atender o telefone e falar comigo ou com o Sr. Jeremy.
– Isso é estranho... Você chegou a mencionar para quem atendeu do que se tratava?
– Sim, mas mesmo assim ele não quis atender.
– Pelo que você me disse sobre a relação de Daniel com o avô, ele jamais ignoraria uma ligação dizendo que seu neto desapareceu. Isso só pode significar uma coisa: ele sabe de algo. Por favor, me passe o telefone da clínica de repouso, vou conseguir o endereço e ir para lá imediatamente!
***
Bárbara aproximou-se lentamente do idoso sentado em um banco do gramado florido.
Mesmo de longe pôde notar os traços do rosto do homem, e ficou fascinada. Ele era a cópia perfeita de seu marido. Ou melhor, Daniel era sua cópia perfeita.
Apesar da idade visivelmente avançada, sua postura ereta o destacava em relação aos outros moradores da casa de repouso, e o livro em suas mãos chamou a atenção de Bárbara, que achou lindo o fato de ele ainda se empenhar em ler.
– Com licença... – Sussurrou.
Os olhos de Josh se voltaram para ela, que sentiu um sobressalto pela semelhança com o olhar de seu marido.
– Desculpe interromper sua leitura, senhor McCain, mas eu...
– Não tem problema. – ele respondeu com uma voz gentil – Venha, sente-se aqui minha neta.
Bárbara olhou-o confusa.
– Estou errado em pensar que você é Bárbara, esposa de meu neto McCain, e consequentemente minha neta também?
– Não senhor, mas co-co-mo sabe? – Bárbara gaguejou.
– Bem... – o homem disse empurrando os óculos para cima para ajeitá-los – Na verdade por dois motivos: o primeiro é que Daniel me disse que sua esposa era uma linda loira de olhos verdes, de beleza inigualável... – sorriu docemente para ela –... O segundo é porque ele me contou tudo o que fez para você e como sempre me falava de seu bom coração e altruísmo, eu sabia que mais dia, menos dia, você viria me procurar.
Lágrimas brotaram dos olhos de Bárbara, em uma quantidade impossível de conter, rolando como cachoeiras por sua face.
– Me desculpe... – ela disse soluçando e abaixando-se para sentar junto a ele –... Eu estou desesperada...
– Eu imagino, minha querida. Mas acalme-se, tudo vai ficar bem. Tome esse lenço. – disse estendendo um lenço tão branco como ela jamais havia visto igual – Lhe garanto que não usei esse lenço nem uma vez.
Bárbara sorriu em meio às lágrimas.
– Obrigada. – Sussurrou.
– Imagine. Essa é uma das vantagens de ser velho. Sempre temos um lenço conosco.
– Ora, mas o senhor está muito bem.
– Obrigado. Eu tento manter-me em sanidade e atividade. Tem dado certo. Mas, você não veio aqui para falar de mim não é mesmo? Quer encontrar meu neto, com certeza.
– Sim, por favor, eu gostaria muito.
– É claro que gostaria. E fique tranquila, você vai.
– Então o senhor sabe onde ele está?
– Sim, é claro. Ai daquele menino se não me mantivesse informado sobre isso. Eu lhe daria um belo puxão de orelha.
Era fácil sorrir perto de Josh McCain.
– Meu neto está em minha casa, não muito longe daqui. Só não comuniquei antes ao Ian e ao assistente dele onde ele estava porque ele me proibiu veementemente de contar para qualquer pessoa. Mas você não é qualquer pessoa e merece saber.
– O senhor ainda tem uma casa, apesar de viver aqui?
– Sim. Quer dizer, por mim já teria vendido, mas Daniel, aquele cabeça dura, se recusa a se dispor dela. Diz que os melhores momentos de sua vida foram naqueles cômodos. É uma manteiga derretida esse meu neto. Eu o amo muito.
– Manteiga derretida? Daniel? – ela o olhou surpresa – Será que estamos falando da mesma pessoa? – Acrescentou com um sorriso.
– Mas é claro que sim. Olha, não acredite em toda aquela pose de durão. Meu neto é uma pessoa dócil e gentil. Ele apenas criou uma armadura para resistir e alcançar os seus objetivos, mas lhe garanto que por dentro, ele é uma pessoa admirável. Ele nunca me abandonou, sempre me tratou com respeito e me enche tanto com aquele papo de ir morar com ele, que já não aguento mais. Acontece que gosto daqui. Tenho amigos, diversão e até uma namorada. Não preciso de mais nada.
– Seria realmente um prazer se o senhor viesse morar conosco. – Bárbara disse com toda a sinceridade, olhando-o nos olhos.
– Eu agradeço minha filha, mas estou bem aqui. Confesso que vê-la usar a palavra "conosco", já me enche de felicidade. Isso é sinal que você pretende voltar a viver com meu neto.
– Sim. É claro que sob algumas condições, senhor Josh, mas Daniel é o amor da minha vida. Nos conhecemos de um jeito torto, é verdade. Mas agora que o conheço intimamente, o quero só para mim.
– Ah, não precisa acrescentar mais nada! – Josh sorriu – Sei do poder que nós McCain temos sobre as mulheres – Acrescentou com uma piscadinha.
Bárbara também sorriu e garantiu a si mesma que visitaria sempre aquele homem tão gentil e engraçado, seu avô por acaso e por sorte.
– Mas, chega de conversa fiada. Vou te passar meu antigo endereço. Vá encontrar meu neto e devolver-lhe sua alegria e paz, minha querida. Porque você é a razão de tudo para ele.
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O Protetor - Série case-se comigo - Livro 1
RomansaEle: Daniel McCain, um empresário de sucesso que comanda uma corporação gigantesca fundada e construída com cada gota de seu suor. Controlador, frio e extremamente estrategista Ela: Bárbara McNamara, uma publicitária bem sucedida, criada por uma fam...