Capítulo 22

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Voltar para o trabalho fez um bem enorme a Bárbara. De fato, ficou tão feliz em entrar novamente em sua agência, que teve vontade de beijar as paredes.

As semanas se passaram depressa desde então e quando se deu conta, já estava casada havia um mês.

Nesse período a convivência com Daniel foi se tornando mais suave. Tomavam o café da manhã juntos, encontrando-se novamente apenas no jantar. Estranhamente, ele havia se distanciado e agora conversava com ela o estritamente necessário. Nada de convites para almoçar, nada de ligações ou mensagens durante o dia. Bárbara tinha a sensação de ter apenas um colega de quarto.

Por mais que dissesse para si mesma que era melhor assim, no fundo ela se sentia muito solitária vivendo daquele jeito.

Depois de algum tempo, percebeu que diversas noites Daniel deixava a cama de madrugada e não voltava até o amanhecer, o que piorava a situação, já que ela sentia uma vontade imensa de perguntar se estava tudo bem. Não importava quanto mal ele tivesse lhe feito, não conseguia deixar de ser solidária com a situação. Aquele homem não descansava nunca. Pensou que talvez ele sofresse de insônia, ou fosse tão viciado em trabalho que não conseguia se desligar e dormir.

Certa noite, ela acordou quando ele se levantou e mais uma vez a curiosidade de saber aonde ia falou mais alto. Tentou segui-lo silenciosamente e viu quando ele entrou em outro quarto do mesmo andar. Pensou que certamente ele trancaria a porta, mas decidiu que não custava tentar. Para sua surpresa a porta estava aberta. Pelo visto, o infalível McCain tinha pelo menos uma falha, esquecer de trancar as portas quando visivelmente precisava de privacidade.

Ela entrou no cômodo com cuidado e encontrou-o sentado na cama, de costas para a porta, mas não teve tempo de dizer nada.

– Saia! – Daniel falou com a voz grave e imponente, mais alta do que de costume.

Bárbara levou um susto tão grande que quase gritou. Achou que era melhor sair como ele disse, mas antes que pudesse se mover, notou que os punhos dele estavam cerrados, apoiados sobre a cama e suas costas tremiam muito.

Ele não estava bem. E ela não o deixaria naquele estado.

Ignorando sua ordem, caminhou até ele e percebeu que rangia os dentes, ofegante.

– Daniel, está tudo bem? – Perguntou aproximando-se com cuidado.

Ele não a olhava e mantinha a cabeça abaixada. Com muita dificuldade, após um tempo, Daniel fitou-a com os olhos marejados.

Ao olhá-lo nos olhos e perceber o suor escorrendo em seu rosto, ela entendeu.

Por isso ele havia sido tão compreensivo com ela quando passou mal naquela praça, por isso falou com tanta familiaridade da situação, por isso parecia conhecer tão bem aquela sensação: porque de fato já tinha sentido na pele.

Ao lembrar-se da forma como a tratou naquele momento, Bárbara simplesmente não conseguiu ignorar seu sofrimento. Estendeu as mãos e tomou seu rosto entre elas, acariciando-o com delicadeza. Em seguida puxou-o para si e o abraçou.

– Calma, vai ficar tudo bem. É como uma onda gigante lembra? Parece que vai te afogar, mas na verdade se quebrará nas rochas, se transformando em um mar calmo depois. Respire, está tudo bem, estou aqui.

Aos poucos os espasmos do corpo de Daniel se acalmaram e o ritmo de sua respiração foi se normalizando. Com muito esforço, ele conseguiu abrir suas mãos e então abraçou Bárbara com muita força. Permaneceram assim durante um longo tempo até que, por fim, ele conseguiu encará-la novamente.

Ela notou que naquele momento seria inútil fazer perguntas e permaneceu em silêncio, apenas segurando as mãos dele.

– Quer conversar sobre isso? – Foi a única pergunta que conseguiu fazer após algum tempo.

O Protetor - Série case-se comigo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora