Capítulo 43

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Após uma noite incrível, Bárbara e Daniel decidiram permanecer na casa por mais uma semana, em uma pequena lua-de-mel.

Nesse período, aproveitaram muito um ao outro, passearam pela propriedade e tiveram longas conversas à beira do lago, completamente desconectados do resto do mundo.

Ela o convenceu de que se quisessem construir um novo futuro, precisariam aparar algumas arestas do passado que afetavam diretamente suas vidas.

– Eu realmente não sei se quero fazer isso. – Daniel protestou.

– Eu entendo que seja difícil meu amor, mas não há nada pior do que uma história mal resolvida. É como se uma parte de nossa vida permanecesse atracada por uma âncora em algum lugar de nosso passado e por mais que tentemos ir em frente não conseguimos porque isso nos impede.

Seu marido suspirou profundamente.

– Não basta que eu saiba que jamais o machucaria? O que ele pensa sobre isso não é um problema meu. – Argumentou.

– Querido, a verdade é o que realmente importa. Você gostaria de ficar às cegas interpretando uma situação, enquanto uma simples explicação poderia libertá-lo desse fardo e fazê-lo entender todos os fatores envolvidos?

– Claro que não, mas eu tentei explicar, tentei dizer que não fiz por mal, que não era minha intenção, mas ele não quis me ouvir. Após todos esses anos ainda acha que eu seria capaz de agredir meu próprio pai sem piedade e que não dou a mínima para minha família.

– Mas você já disse que o ama? Disse isso aos seus irmãos?

Aquela pergunta o fez pensar. Quando tinha sido a última vez que disse para seu pai que o amava? Quando havia dito o mesmo aos seus irmãos? Não conseguia se lembrar.

Sabia que já havia falado isso para sua mãe quando era pequeno, mas fazia tanto tempo.

Seu pai sempre fora fechado demais, sisudo demais. Não era culpa dele se não tinha qualquer abertura para lhe demonstrar algum sentimento. E quanto aos irmãos, bom... Ora! Eram todos homens e homens não tem esse costume de dizer que se amam o tempo todo.

– Não, eu nunca disse isso pra eles.

– Imaginei. Sabe meu amor, não importa o quão alto voemos em nossas vidas ou o quão longe consigamos chegar, jamais estaremos em paz se abandonarmos nossas raízes. Quando você veio ao mundo, como um pequeno bebê indefeso, seus pais o acolheram e cuidaram de você, seu tão esperado primogênito. Claro que eles não acertaram em tudo, mas quem acerta? Tenho certeza que eles tentaram fazer o melhor. Agora, se seu pai e seus irmãos não demonstraram o amor que você esperava, deixa isso ser o erro deles, não o seu. Faça as pazes com a sua consciência e com a sua família. Se eles reagirem bem, ótimo. Se não fizerem isso, tudo bem também, porque você tentou. Quero muito que nossos filhos um dia tenham seus tios e avós ao redor para celebrar sua vida, mas isso não vai acontecer se esses laços estiverem rompidos. Você faz ideia do que eu daria para ter irmãos? Vai mesmo desperdiçar o que tem?

Daniel não queria decepcioná-la, mas conhecia bem sua família e o orgulho que era capaz de nutrir. As coisas nunca eram simples assim para os McCain. Uma discussão não era facilmente esquecida, uma briga não era espontaneamente superada e perdão era uma palavra que com certeza não existia no vocabulário familiar.

– Meu amor, sinto que talvez não seja tão simples.

Bárbara assentiu, compreendendo que talvez somente o tempo mostraria uma forma de mudar aquela situação. Aquilo a desanimou e ela desviou o olhar para o lago, enquanto pensamentos conflitantes rodavam em sua mente.

O Protetor - Série case-se comigo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora