✝ Lola ✝

165 18 1
                                    

"A amigável enfermeira me disse que sentia minha dor
Mas não conseguiu encontrar um único vestígio do meu cérebro
Oops I Did It Again começou a tocar
Esqueça meu cérebro, lembre da minha dor"

E nove meses haviam se passado, nove meses naquele internato, nove meses sem nem ter uma consulta, nove meses sem nem saber o sexo do bebê, mas sejamos sinceros? Lola já não estava ligando.

Estavam então todos do internato na missa matinal como todos os dias, Lola nunca prestava atenção nessas missas, ela não sabia a última vez que tinha tido um momento realmente bom.

Ela estava com os pensamentos aéreos quando começou a sentir uma dor imensa, o que a fez se contorcer e todos olharem para ela, que logo viu uma água escorrer.

— A bolsa estourou! — Uma noviça gritava e corria até ela — Vamos para o hospital Lola. — Ela disse pegando na mão de Lola a ajudando a sair daquele lugar.

O padre até tentou retomar a missa de onde estava, mas ninguém mais estava prestando atenção, e sim olhando para a porta esperando alguém aparecer e dar alguma notícia.

No carro Lola estava se acabando de dor, mas ela não iria chorar, ela nunca chorava....

— Eu...não tenho nada... — Lola disse com dificuldade

— Como assim? — A noviça disse com a voz calma dela

— Um berço? Roupas pro bebê...roupas pra mim? — Ela tentava dizer mas sua dor a impedia

— Eu sei querida...eu sei...vai dar tudo certo. — A noviça realmente estava preocupada.

Diferente das outras freiras, noviças e estudantes que tratavam Lola mal, essa em especial (Irmã Carly) era a única que fazia e dizia coisas boas á Lola. Lola não sabia o porquê disso, mas sabia que ela não podia fazer nada para mudar a situação, ou o tratamento que ela sofria ali, por mais que quisesse.

Chegando no hospital, os médicos já levaram Lola para sala de parto, mas Irmã Carly não podia acompanha-lá por não ser da família, então ligou rapidamente para o pai de Lola, que chegou junto de Mariê rapidamente.

Depois de um longo tempo de aflição, pela a gravidez de Lola ser de risco, eles ouviram um cheiro fininho vindo de longe, eles olharam um para o outro sorrindo.

Uma enfermeira foi até a recepção falar com eles, e disse que daqui a pouco cada uma iria poder falar com Lola individualmente, mas primeiramente ela mesma iria verifica-la

A enfermeira entrou no quarto e Lola parecia estável.

— Você está bem? cansada? Você é muito forte sabia?

— Eu não quero essa bebê... — Lola diz

— Você pode dar para adoção. — A enfermeira senta em um banco perto da cama de Lola.

— Não, não posso. — Ela nega com a cabeça. — Eu tenho que arcar com as consequências, chegou a hora de... amadurecer. — Uma lágrima cai de seu rosto

— Existem formas melhores de amadurecer.. — A enfermeira da um sorriso. — Você não precisa carregar esse peso sozinha. — Ela encosta sua mão na de Lola.

— Eu sei..mas eu já carreguei essa coisa — Lola diz como se fosse um objeto. — nove meses, por quê eu deixaria ela agora? — Ela diz rindo e fazendo a enfermeira rir também. — Eu só... — Ela suspira. — Se eu vou ficar com essa criança, eu deveria pelo menos cuidar direito dela sabe? Ela não tem nem roupas...

— Ah! A sua irmã trouxe um monte de roupinhas unissex para a sua bebê!

— Mas...pera aí... — Lola analisa. — Irmã?

— É, uma garota chamada Mariê que trouxe, ela disse que era sua irmã.

— Ela realmente disse isso? Que era a minha.. irmã? — Ela pergunta e a enfermeira assente.

Logo em seguida alguém bate na porta e a enfermeira permite a entrada, era Mariê.

— Eu não acredito nisso! — Lola disse com um grande sorriso e uma voz de choro.

Mariê não diz nada e apenas vai abraça-la.

"The nice nurse told me said she felt my pain
But couldn't find a single trace of my brain
Oops I Did It Again started playing
Forget my brain, remember my pain"

euphoria ✝ skinsOnde histórias criam vida. Descubra agora