Capítulo 7

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- Onde está meu pai? Eu preciso falar com ele imediatamente. - Me levanto tão brutalmente, que acabo assustando a todos.

- Seu pai ele... - Começa Phelipe. Olho para ele esperando uma resposta, por um breve período de tempo, penso que o pior pode ter acontecido.

- Ele viajou por uns dias a trabalho. - Diz minha mãe. Suspiro de alívio, está tudo bem com ele.

- Queria tanto vê-lo... Meu pai sabe quem estava atrás de mim, sabe quem era aquele amigo e sabe onde eu estava, ele tem todas as respostas que preciso. Ele sabe o que aconteceu comigo. - Digo quase atropelando as palavras. Estou desesperada por respostas e farei de tudo para consegui-las.

- Ei, vai ficar tudo bem. - Diz Phelipe ao me abraçar, ele acaricia os meus cabelos como sempre fez, meu coração se aquece repleto de saudade, Phelipe sempre teve o poder de me acalmar, só ele consegue fazer isso, porém, bem mais rápido do que eu gostaria e do que Phelipe queria, nossos corpos se separam. Eu perdi Phelipe, perdi minha melhor amiga, provavelmente não verei meu pai por um tempo, pessoas estão atrás de mim, minha vida está em perigo, eu perdi muita coisa e nem sei o por que... Sinto que fui incapaz, não tive o controle que deveria em minha vida, não escolhi meu destino, quem eu seria, preciso saber o que aconteceu comigo, preciso entender tudo isso para assim saber se sou culpada ou não e se sou capaz de perdoar a mim mesma por ter destruído minha própria vida.

- Melhor irmos dormir, são 18:00 horas agora e temos que sair daqui na madrugada de não quisermos ser pegos. - Digo ao olhar o horário no relógio de minha mãe. Não faço idéia para onde vamos, mas temos que nos esconder.

- Mas aqui no chão? Vou amanhecer toda dolorida e meu filho? Não posso deixa-lo dormir assim, que tipo de mãe eu seria? - Larissa diz. Então eu vou abrindo as caixas até achar meus cobertores, achei um de inverno, um fino e o outro de edredom, começo a desfazer as caixas e Phelipe me ajuda, as coloco desmontadas no chão, faço travesseiros improvisados com minhas roupas, não irei mais usá-las, de certa forma parece que nada do que tem aqui já pertenceu a mim, seja lá o que aconteceu comigo, me mudou, me transformou e por mais que eu não lembre, meu estilo não é mais o mesmo, meus gostos também não, tenho que me redescobrir, talvez assim eu possa entender quem eu fui nesses últimos 10 anos.

- Pronto, não cabe todos no papelão, então dorme a Larissa, Nando e minha mãe neles. A minha mãe é a mais idosa daqui, com todo o respeito é claro, o Nando o mais novo e a Larissa... Só para não termos que ouvir para o resto da vida o quão foi péssimo dormir na terra. - A garota me fusila com o olhar. Ligo? Obviamente não. Finjo que nada aconteceu. - Dividam uma coberta entre vocês, eu, Phelipe, Jhonatan, Mariana e Rogério dormimos no chão.

- E como vai formar essa divisão entre vocês? - Pergunta Larissa morrendo de ciúmes, como ela consegue colocar esse sentimento à cima de tudo? O que ela acha que vou fazer? Está todo mundo aqui, me poupe. Desde quando ela virou tão ridícula assim?

- Bom, Mariana e Rogério em um, eu e os meninos no outro cobertor, algum problema? - É claro que para ela tem problema, mas não pretendo dormir ao lado de Phelipe, isso só me faria sofrer mais do que já estou sofrendo. Podíamos dormir sem cobertor, mas está frio, mesmo embaixo da terra. Deixamos a parte de entrada aberta para ventilar ar, o espaço é pequeno demais para tanta gente, o ar logo faltaria.

- Não. - Diz a jovem fingindo que não há, mas Rogerio é gordinho, então não cabe mais duas pessoas com ele e não posso separa-lo de sua esposa. Então sem mais enrolação nos deitamos, eu iria deitar no canto, Jhonatan
no meio, mas Phelipe se enfiou lá, percebo o olhar repreensivo de Larissa para seu marido e um "que merda você está fazendo?" De seu irmão, eu ignoro e então me deito ao lado de Phelipe e Jonathan do outro lado dele. Não tive escolha. O espaço é pequeno e sinto Phelipe grudado em mim e o mesmo se aproximando cada vez mais propositalmente. Por que ele está fazendo isso? Não percebe que dói ainda mais em mim?

- O que pensa que está fazendo? - Pergunto bem baixinho.

- Isso. - Diz ele me abraçando delicadamente.

- Isso não está certo. - Mas não consigo rejeitar seu abraço e assim ficamos até adormecermos.

Acordo com o cheiro de fumaça impregnado em meu nariz, me levanto tirando os braços de Phelipe de cima do meu corpo e subo as escadas, então avisto fumaça e fogo, desço rapidamente para acordar os outros.

- Acorda! Fogo, a igreja está pegando fogo. - Grito.

- Me deixa dormir Lorayne. - Resmunga Larissa.

- Eu não estou brincando, FOGOOO. - Então todos se levantam desesperados, subimos as escadas, quando olho a situação percebo que o fogo se espalhou muito rápido e agora, a nossa saída está em chamas. Não podemos sair pela porta.

- O que faremos agora? - Pergunta Mariana desesperada e todos começam a tossir, menos eu.  Tento pensar, se eu fiz uma granada de fogo, é possível apagar o fogo também? Minha mãe deve saber disso, ela tem que saber, ou talvez aquilo tenha sido alucinação da minha cabeça e a parede tenha explodido por outro motivo. Fecho meus olhos e tento fazer com que o fogo apague, mas não funciona.

- Quebrem as janelas. - Digo. Phelipe tenta pegar um pedaço de madeira para quebrar a janela, mas o solta rapidamente.

- Está muito quente. - Então vou até lá e o pego para averiguar.

- Isso aqui não esta quente. - Digo e então quebro a janela com o pedaço de madeira. Todas as janelas estão quebradas, mas ainda há alguns vidros que impedem a passagem de qualquer pessoa. Tiramos primeiro o Nando, depois a Larissa, então o Rogerio, Minha mãe, Mariana e Jhonatan.

- Vai primeiro. - Phelipe diz. Mas então começa a tossir sem parar.

- Está brincando? Olha a sua situação. - Empurro ele da janela, sei que não vai me ouvir, é teimoso igual eu. Então eu saio também.

- Vamos. O fogo aumentou muito rapidamente. - Minha mãe diz. Começamos a correr e então tudo explode.

- Vocês estão bem? - Pergunto ainda um pouco eufórica com o ocorrido.


- Acho que sim. - Diz Jhonatan após uma rápida averiguada em todos com uma das lanternas, percebo que Rogerio tosse mais do que todos, ele deve ter ingerido mais fumaça que nós.

- Nando? Nando meu filho, me responda, Nandooo! ELE NÃO ESTÁ RESPIRANDO. - Grita Larissa desesperada.

- O quê? - Diz Phelipe indo até o filho, ele pega o celular e ilumina o rosto do garotinho.

- Ele ingeriu muita fumaça. - Diz o avô da criança que aliás, é médico. - Se afastem. - Pede o mesmo e todos obedecem. O médico começa a fazer respiração boca a boca, mas não funciona, então ele começa a fazer massagem cardíaca, porém, também não parece haver resultados e começo a me desesperar com o fato, Phelipe não suportaria a morte de seu filho, e Larissa... Apesar de tudo, não merece isso.

- Ele vai ficar bem? - Pergunta Larissa chorando, nem imagino como é estar no lugar dela e muito menos o que ela está passando no momento.

"você sabe como é"  Uma voz diz em minha cabeça, mas eu a ignoro. Nunca tive filho nenhum e muito menos perdi um para saber como é essa dor.

- Farei o possível para que sim. - Rapidamente Rogetio continua a fazer a massagem cardíaca. - Vamos lá, reaja garoto. - Diz em um sussurro, então ele para.

- Por que parou? - Pergunta Larissa com medo da resposta.

A Deusa da Chama: A Dona da Vida e da Morte (EDITANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora