Capítulo 53

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Olho para ele e percebo que não é suficiente apenas ouvi-lo e vê-lo, preciso toca-lo, mas não posso, por que ele está morto. Inevitavelmente as lágrimas começam a descer, não consigo controlar, ver o menino de cabelos pretos igual ao do pai e olhos vermelho com azul parte o meu coração. Ele deveria estar aqui, quem eles deveriam ter pegado era a mim, preferia mil vezes que ele estivesse vivo agora em vez de mim, mas, não posso mudar o passado, porém, posso mudar o futuro.

- Luka? - Jake pergunta, eles também estão vendo, todos estão vendo.

- Consegue vê-lo? - Pergunto, como se não fosse óbvio. Ele afirma com a cabeça que sim.

- Papai. - Como ele pode chama-lo de pai? Ele praticamente o matou!

- Oi filho. - Jake se ajoelha ao meu lado, com os olhos cheios de lágrimas.

- Eu nunca te culpei, quero que saiba disso. - Diz carinhosamente, por ele ser sobrenatural seus sentidos são muito mais desenvolvidos e com 3 anos de idade sua fala já é perfeita.

- Precisava ouvir isso. - Jake deve ter se sentido culpado, e deveria, por que foi culpa dele, a culpa é toda dele.

- Não brigue com o papai mãezinha, ele fez o que era certo, isso doeu nele, mas um bom líder toma decisões difíceis e sacrifica coisas e pessoas pelo bem do seu povo, eu morri para que o resto pudesse viver. - Meus olhos estavam fixos no chão enquanto ele falava, mas ao ouvir essas palavras olho para ele pasmada.

- Sempre esteve aqui? - Pergunta e ele afirma que sim.

- E sempre estarei, mesmo que você não me veja. - Ele se aproxima de mim, mas antes que possa falar mais alguma coisa, sua imagem se apaga.

- NÃO, eu preciso de você. - Desabo no chão. Jake tenta tocar em meu ombro:

- Não encosta em mim! - Digo o empurrando para longe, corro para o meu quarto, preciso chorar mais, muito mais, não consegui mantê-lo aqui por muito tempo, talvez não esteja preparada para ressuscita - lo. Ouço 3 batidas na porta.

- Deixa eu aliviar a sua dor. - É Jake.

- Não quero a sua ajuda. - Digo, mas não é só isso. Não quero que ele sinta o que estou sentindo, somado a dor dele, Jake pode ser forte, mas não irá suportar.

- Tudo bem, irei embora. - Então ele sai. Algumas horas depois a fome começa a aparecer, muito embora, não esteja com a mínima vontade de comer, sentir o cheiro vindo da cozinha me faz abrir a porta do meu quarto e ser atraída até ela.

- Como você está? - Jonathan pergunta ao se sentar ao lado da minha cadeira na bancada da cozinha.

- Horrível. - Digo a verdade.

- Sinto muito por tudo isso, não me imagino no seu lugar, deve estar sendo difícil, muito difícil.

- É. - Digo e então ele pega dois pratos e coloca sopa de mandioca para mim.

- Obrigada. - Digo olhando para ele.

- Esse é o mínimo que posso fazer por você, depois de tudo que está fazendo pela gente. - Diz ele e rio baixinho.

- Eu coloquei vocês nisso, não tente se fazer de agradecido pela pessoa que é culpada de estarem nessa situação. - Ele morde o lábio tentando pensar em algo a dizer.

- Escolhemos estar aqui, eu escolhi ajudar você, então não, a culpa não é sua.

- A culpa sendo ou não minha, me sentirei culpada sempre. - Essa é a verdade, não consigo não me sentir culpada.

- Ei. - Diz colocando sua mão por cima da minha. - Existe algo que eu possa fazer para mudar isso?

- Não, acho que não. - Então gentilmente tiro a minha mão e começo a comer a sopa a minha frente. Seguimos o resto da refeição em silêncio, apenas escutando a conversa dos outros um pouco mais distantes, para falar a verdade, nem prestei atenção no que estavam dizendo, estava perdida em meus próprios pensamentos.

- Terminei. - Digo, levo meu prato até a pia e sigo para a área de treinamento, a essas horas acredito estar vazia. Jonathan vem atrás de mim.

- Por que insiste em ter algo comigo? - Paro e pergunto para ele. - O que acha que vai acontecer? Sou imortal r não envelheço, você se tornará um velho de 80 anos que é casado com uma mulher que aparenta ter 18. - Essa é a verdade, acho que ele nunca tinha parado para pensar nisso, até agora, eu também não.

- E se eu não me importar com isso? E se eu quiser isso?

- Não dará certo. - Digo a pura, simples e dura verdade.

- Desistirá antes mesmo de tentar? Essa não é você Lorayne. - Olho para baixo tentando refletir nisso.

- Eu não sou mais a garota pela qual você se apaixonou. - Digo.

- Tem razão, você não é mais aquela garoto, da mesma maneira que eu não sou mais aquele garoto. Mudamos, mas nem tudo foi para pior. - Foi sim, eu me tornei um monstro, uma assassina.

- Você é apaixonado pela garota de 1 mês atrás, não pela garota de agora. - Retruco. Sei que estou o afastando, mas todas as pessoas que se aproximam de mim ou me machucam, ou eu machuco elas ou elas morrem. Nada disso é bom, gosto de Jonathan ao ponto de namorar com ele, gosto dele aqui ponto de afasta-lo para que fique bem.

- Eu sou apaixonado pelas duas. - Meu coração dispara, ele só está falando isso para me deixar feliz, ele não pode amar quem sou agora. Ele se aproxima de mim e segura a minha mão.

- Desde a primeira vez que te vi, soube que havia algo diferente em você, primeiramente achei que fosse seus olhos e seu cabelo, mas não me convenci que era isso, agora, eu sei o que meu coração viu e meus olhos não.

- O que seu coração viu? - Pergunto.

- Ele viu a garota determinada, corajosa, capaz de fazer tudo pelas pessoas que ama, a garota em chamas que não desiste fácil de nada e sempre alcança seus objetivos.

- Me amar é uma condenação. - Digo. Meus olhos estão cheios de lágrimas, estou ficando fraca emocionalmente.

- Não, lhe amar é um presente. - Como me amar pode ser um presente?

- E eu tenho uma solução para podermos ficar juntos eternamente?

- Qual seria? - Pergunto curiosa e esperançosa.

- Posso me tornar um Vampiro e viver a eternidade ao seu lado. - Arregalo meus olhos, Vampiros também existem. Bruxos, feiticeiros, Vampiros, provavelmente lobisomens, deuses. O que mais existe? Meu sorriso é grande, mas se desfaz, não posso condena-lo a viver como um Vampiro. Jamais permitirei isso.

A Deusa da Chama: A Dona da Vida e da Morte (EDITANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora