Capítulo 14

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Nota: capítulo não revisado!

- Doutora! - senti-me a ser abanada. - Emily...tens de acordar.

Abri os olhos, mas vejo-me obrigada a fechá-los novamente...a voz de Tami continua doce.

Pareceu-me justo ele enviar Tami. Deu-me um pequeno conforto...ver a bondade pela última vez.

- Emily! É urgente.

- Sim...deve ser. - murmuro.

- A Lou... a Lou não está bem.

Sento-me na cama.

- O quê? - esfrego os olhos.

- A Lou está com febre. O Jumbe já lhe deu o remédio, mas não baixou  a Dra. Naty não pode vir.

Um juramento...um juramento e uma promessa mudam vidas.

Parte de mim recusou-se a levantar da cama, como se a Lou fosse a culpada de todo o meu sofrimento. Ela sofria e ele por inerência também.

Mas Hipócrates, essa figura nascida há milénios, fez-me recordar um trecho do juramento que lhe tinha feito: " Em todas as casas que entrar, fá-lo-ei apenas para benefício dos  doentes..."

Levanto-me da cama, prendo o meu cabelo.

- Dá-me cinco minutos! Preciso de cinco minutos.

Coloco a minha capa de médica...aquela capa que era acordada durante a noite para uma cirurgia manhosa, em que o sono tinha de ficar longe e os pensamentos sobre a vida mais longe ainda.

Entro no quarto da Lou e sei que devo ter gasto apenas três minutos, dos cinco que pedi. Três minutos em que apenas pensei nos cuidados básicos de higiene.

Não esperava vê-lo tão cedo...esperava que ele também não quisesse ver a minha cara e que me evitaria. Esperava só ver Turat naquele dia, nos meus planos durante a noite iria ser Turat que me levaria e que me executaria...eu de joelhos, ele com o cano apontado à minha cabeça...eu a rezar pela ultima vez e a imaginar os olhos doces do meu pai.

Azazel estava ao lado dela. A sua mão colada à dela.

Levantou os olhos para mim, fiz de conta que não vi. Dirigi-me à gavetas, tirei os meus instrumentos, o meu pequeno diário.

Parei ao lado da Lou, olhei para ele e o filho da mãe percebeu o que lhe pedia...afastou-se.

Olhei para Lou, peguei no estetoscópio...um pequeno ruído de fundo distraiu-me...um pequeno tic, seguido de um tac. Procurei em volta e fui encontrá-lo ao pé do rmário dos medicamentos.

Sorri...7h34m.

Há quanto tempo não via um...sei que demorei um minuto a olhar para o relógio...um minuto... 7h35m, voltei Lou.

Examinei-a com atenção redobrada, sob o olhar atento dele, que não se moveu um centímetro de onde estava.

Fui escrevendo tudo o que achava diferente. Comparei os meus registos anteriores. Parei e olhei para ela, por momentos esqueci que ele estava li...toquei-lhe no que restava do seu cabelo.

- És uma má amiga, Lou! Tinhas de ficar doente logo hoje!

Ele tossiu para me lembrar que existia.

- Então? - falou finalmente, com pouca urgência.

Olho para ele.

- Então o quê? - sei o que ele quer, mas quero que ele sofra, quero ver o Azazel da noite anterior.

Anjo de Pedra disponível até 31/12Onde histórias criam vida. Descubra agora