Capitulo 27

7.3K 620 205
                                    

Luke segue-me, conhece-me bem para saber que a conversa terminou…por agora. Quase consigo ver as engrenagens da sua cabeça a trabalharem…

As minhas também se mexem, mas nem quero saber se ele as vê ou não.

Preciso de estratégias, tacticas.

Gustaff está metido ao barulho.

O filho da puta de Gustaff, que não faz nada além de receber o dinheiro que pagam pelo trabalho que eu faço, não suja as mãos, nunca viu sangue na vida…quer que eu entregue a Emily!

Fodasse!

Já o devia ter deixado há anos! Fui eu que ampliei o negócio, o filho da puta era apenas um traficante de armas, com um exército de cem homens. Fui eu que trouxe as armas dele para aqui, que arranjei os contactos para que a merda da polícia estatal e exercito nos deixem operar em paz, fui eu que criei os campos de treino, desde a merda da Somália, passando pelo cu de Judas e até ao Ruanda.

Hoje damos treino paramilitar, ao melhor estilo das operações especiais de qualquer exército do mundo. Os nossos instrutores vão desde homens que estiveram na Legião Estrangeira, Rangers, Navy Seal´s, Shayetet 13 ou ainda do MARSOC…a nata da nata. Se o Estado Islâmico quer dar treino básico usa os seus campos, mas se pretende treino específico, é à nossa organização que solicita, ou melhor é solicitado a mim, que encaminho para um dos campos que temos perdidos por esse globo fora. Os nossos clientes vão desde organizações terroristas, até ao filho do magnata Russo que quer uma experiência militar à melhor moda do Rambo…raramente aguentam…são fracos…não sabem o que é fome, privação de sono, pensam que vêm para um resort ou para um campo de férias viver a merda de um sonho.

Sei que apesar da raiva que sinto e da frustração, a culpa não é do Gustaff…se pensar com a razão, sei à partida que ele não tem qualquer interesse nela, nem um desejo secreto de me foder.

A primeira coisa que tenho de fazer é descobrir que merda se passa.

A última conversa que tive com ele, a Emily não foi assunto…eu disse que era um assunto pessoal e ele desligou do assunto.

Não posso confiar em ninguém!

Conheci-o através de Luke, foram eles que me deram a mão, quando eu dormia no carro, ou no hospital, não havia dinheiro para uma casa, merda! Nem havia dinheiro para a gasolina, para colocar o carro a funcionar. Tudo o que existia era para pagar contas do hospital. Só comia quando ia a casa dos meus pais, ou das minhas irmãs. Foram dias apenas a beber café da máquina suja de um corredor de hospital, ou a roubar comida de tabuleiros que os doentes mandavam para trás.

Evitava ir visitar a minha família, evitava visitar a família da Lou. Os meus pais esvaziaram os magros cofres que tinham, os pais da Lou venderam tudo para ajudar a pagar. Todos eram honestos mas pobres, e a honestidade deles de nada serviu ao hospital quando eles disseram que a Lou não poderia continuar lá…eu não tinha voto na matéria, uma vez que me classificaram como um desequilibrado.

A culpa da partida de Gabriel e da “morte” da Lou era minha…iria enterrar a Lou duas vezes, uma no dia da explosão, do atentado e a outra quando ela fosse fazer companhia ao nosso anjo…ao anjo Gabriel.

Quem me ensinou a matar por um bem maior, virou-me as costas quando eu mais precisei…aqueles que eu matava e combatia, estenderam-me a mão.

Azazel nasceu no dia da explosão e tal como uma criança demorou um ano a formar-se…dei os primeiros passos, disse as primeiras palavras num mundo de crime…passado apenas seis meses, eu era a merda de um prodígio…

Durante treze anos consegui esquecer que antes de Azazel, eu já tinha sido alguém com outro nome, com uma família, com sonhos, planos…Emily veio apenas lembrar-me que em outro tempo, já tinha sido outra pessoa…

Anjo de Pedra disponível até 31/12Onde histórias criam vida. Descubra agora