Capítulo 31

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Cap 31

Vingança?

De quê?

Não sei!

Até sei…

Medo…medo de admitir…

Quis vingar-me por o querer, por o meu corpo acordar só com o som da sua respiração, por ele me ter destruído a pouca e medíocre esperança depositada no Jeremy.

Vingança por ele me deixar neste quarto, por ameaçar a minha mãe…por me fazer pensar em acabar com a vida de outro ser humano…por me fazer sentir segura e de uma forma doente, mórbida…amada.

É suposto a vingança acalmar, trazer aquela sensação de preenchimento de um dever cumprido…é mentira!

Não me trouxe nada!

A vingança dói ainda mais.

Sei que sofro por mim, mas também sofro por ele!

Talvez até mais por ele, do que por mim. É um sentimento estranho…não vi a sua expressão quando gritei o nome do Jeremy, mas consigo ver a sua cara, os seus olhos ganharem uma vida de sofrimento. Os seus ombros descaídos numas costas perfeitas marcadas pelas cicatrizes…sei que lhe dei mais uma…a cicatriz mais recente é minha, tem o meu nome escrito.

Ainda não tomei banho, ele continua comigo, dentro de mim…o seu cheiro…a sua voz continua no meu ouvido…os seus pedidos ainda cá estão…

Vou à porta de Lou, mexo na maçaneta…tento abri-la, puxá-la…

No desespero, bato na porta, bato com força… Retiro o braço da imobilização, nem sei como ele ainda se mantém, esqueço a dor e bato com toda a força que a dor e a raiva me permitem, sei que choro, que não vejo nada além de água, mas bato…grito por ele…chamo-o com toda a força que a minha pouca voz permite…bato e choro…não tenho mais nada para fazer além disso…não me sobra mais nada…

Só o nome dele…

Só a força para continuar a castigar aquele pedaço de madeira.

A porta abre de repente…

Limpo as lágrimas com as costas das mãos…um pedaço de felicidade atinge-me, para morrer logo de seguida…

- Turat… - mumuro.

- Estás doida? – a sua voz é dura.

Dou dois passos para trás.

- Azazel… - consigo dizer.

Turat entra no quarto, as lágrimas continuam a cair, sinto-me cansada…a minha respiração diz-me que estou cansada.

- O que é que queres, Emily?

Não o consigo ver bem…respiro fundo para que consiga falar.

- Eu preciso de falar com ele…por favor. – as lágrimas não me deixam controlar a voz.

- Ele não está…saiu!

Abro demasiado os olhos para ver Turat…

Não acredito nele…Turat mente-me…Azazel mentiu.

- Ele está…eu sei que está…por favor! Eu só quero pedir-lhe desculpas…vai ter com ele e diz-lhe que quero pedir desculpas…eu não queria dizer aquilo…eu não queria…

- Calma!

Assusto-me com o seu tom de voz, saio do meu torpor.

- Tu não estás a perceber, Turat. Eu fiz merda…eu sei que fiz merda…não é o frasco…por favor…chama-o….por favor… - aproximo-me dele. – diz-lhe… - respiro fundo. – diz-lhe que eu sou má, que eu só o quis magoar…mas não quero…não quero magoá-lo…

Anjo de Pedra disponível até 31/12Onde histórias criam vida. Descubra agora