A minha prisão está diferente!
Não sei se para melhor, ou para pior...está tudo tão igual, que torna tudo diferente.
Sei que a culpa deste meu desconforto, desta minha insatisfação não é do Azazel! É minha...somente minha!
Há cinco dias aconteceu a nossa noite!
Chamo-lhe "nossa", embora todas as outras tenham sido "nossas"...
O que mudou naquela noite?
Talvez a minha forma de nos ver...continuo a considerar-me doente, racionalmente a dizer que tudo o que se passa é loucura e quando deixo o coração falar, sorrio...quando o coração fala quase consigo saborear a felicidade.
Azazel mudou pessoalmente as fechaduras dos nossos quartos. Foi logo no dia seguinte. Deixou-me dormir umas horas e apareceu com o Turat, trazia nas mãos uma daquelas malas dos "faz-tudo" e manuseou uma chave de fendas como um profissional...acho que foi isso que me derrotou, que me atirou para a tristeza.
Trocamos apenas um olhar, uma pequena ruga no canto do seu lábio, que entendi como um sorriso.
Deixou-me com a imagem dele a consertar qualquer coisa no futuro, num futuro onde não estivéssemos de estar escondidos, que não houvessem tiros, pessoas vivas, feridas...a chave de fendas que estava na sua mão abriu um portal onde eu nos vi no futuro, mas que era impossível.
A chave foi-me dada poucas horas depois, quando a imagem do futuro ainda não me tinha abandonado.
Entrou no meu quarto, colocou-me a chave na mão, pediu-me que não fosse ao seu quarto durante a tarde, que estava a fazer umas alterações na piscina e no quarto, para eu ficar segura durante o dia.
A noite chegou no primeiro dia. A porta do meu quarto foi aberta, a dele também. A luz do seu quarto foi acesa, criando um caminho de luz no quarto da Lou, a luz que eu deveria seguir.
Mas eu não fui!
Fiquei deitada a vê-lo andar de um lado para o outro, parar à porta...de tronco nu, no seu corpo perfeito, com a medida certa do meu...vi-o coçar a testa, esfregar as têmporas ...vi-o desistir! A luz a ser encerrada e o caminho desaparecer.
Não fui ter com ele por que o queria magoar, castigar ou por qualquer razão sádica...fi-lo porque o meu cansaço, a minha falta de visão no futuro não me permitiu mover um músculo.
O cansaço extremo, doentio nem me permitiu gritar por ele.
Doeu-me não poder estender apenas um braço, gritar e dizer que ele me podia levar...
No segundo dia, acordei com a porta a ser aberta e foi com surpresa que constatei que tinha dormido.
Senti o cheiro dele, esbocei um sorriso, levantei a cabeça com dificuldade, mas não o vi, ouvi apenas a sua voz rouca, mais cansada que a minha a ordenar a Tami que fosse rápida e que batesse à porta quando terminasse.
Deixei a minha cabeça cair novamente na almofada quando a vi pousar o tabuleiro ao meu lado. Não me mexi quando ela limpou o meu quarto, consegui perceber o seu ar cansado, triste e alguns sons que associei a lágrimas contidas. Nunca olhou directamente para mim, mas a única vez que vi os seus olhos, não vi nada da minha Tami.
Durante o dia foi colocado no meu quarto pelo Turat, um pequeno frigorífico, daqueles que existem em hotéis e um micro-ondas, o frigorífico foi atestado com caixas.
Não me movi para comer, a curiosidade não ganhou ao meu corpo...dormi quase o dia todo, acordando apenas quando sonhava com algum som ou cheiro no meu quarto.
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Anjo de Pedra disponível até 31/12
Mystery / ThrillerTudo na vida começa por: Era uma vez… A minha história poderia começar assim! Era uma vez uma menina que sonhava ser médica…que sonhava casar…que sonhava ter um príncipe e um castelo com torres, com uma fada madrinha a espalhar o pó mágico da Felici...