Não estive desmaiada muito tempo. Acordei antes mesmo de chegar ao quarto. Azazel transportava-me ao seu colo.
- Asali, o que é que andaste a fazer? – murmurou contra o meu cabelo, senti a sua voz vibrar pelo meu corpo. – Turat, vou deitá-la. Quero a Tami ao pé de mim em um minuto e traz-me o telemóvel, está no escritório. – disparou as ordens num tom baixo e demasiado calmo.
Fui deitada na minha cama com cuidado. Uma mão desviou-me o cabelo da face e senti uns lábios quentes pousarem na minha testa.
Quase abri os olhos para ver quem era o dono daquele toque meigo. Sabia que era dele, mas o meu cérebro não conseguia processar que a sua frieza, crueldade fosse capaz de um acto tão mundano, um acto de alguma humanidade.
A porta abriu e o meu sentido principal passou a ser naquele momento a audição. Como se estivesse a ouvir uma radionovela.
- Jumbe… - Tami falou com uma voz sumida. O meu coração apertou.
- Turat, o telemóvel….contigo já falo! – a crueldade tinha voltado.
Silêncio.
- Oi Naty!
Novo silêncio.
Passos.
- A médica desmaiou… - reconheci preocupação na voz, inspirou e esperou. – Sei lá porque o raio da mulher desmaiou. – calou-se para continuar segundos depois. – Estava a realizar umas das suas tarefas… - silêncio. – Livrar-me dela neste momento não é uma opção. – gelei. – O que é que achas que pode ser? E mais importante o que é que eu faço
?O quarto não emitia nenhum som, nem as respirações eu ouvia, era como se todos os presentes estivessem congelados, suspensos num vácuo. Mas novamente, ele cortou a calma.
- Ok Naty! Tens a certeza que só podem ser essas as causas? – inspirou. – Sim…falamos depois…beijos.
Os passos ecoaram e ficaram mais próximos de mim.
- Turat, vai buscar um copo de água com açúcar.
Novos passos, porta a bater.
- Tami, ela tem comido? – a sua calma era enganadora.
- Não muito. – ela respondeu.
- Não te ocorreu avisares-me? Tinhas uma simples tarefa. Dar-lhe de comer e dar-lhe conversa. A tua sorte é que neste momento, temos a merda da segurança reforçada e ninguém sai. Devia pôr-te na rua, com o teu bastardo.
Ela chorou. Ela não tinha culpa…decidi fingir com o fingimento.
- Ela não tem culpa… - murmurei. – não é ela que me mantém presa.
Tentei sentar-me, mas as tonturas ainda estavam presentes.
- Senta-te com calma, Emily. Queres ajuda? – perguntou com num tom amistoso.
- Não! De ti só quero que vás à merda e que morras. – cuspi.
- Tami, vai buscar a Cora. – Azazel olhou para mim. – Visto que segundo a Dra. Sou o responsável…vamos resolver a situação de uma forma simpática.
A entrada de Turat, interrompeu o seu monólogo. Entregou-me o copo, provei! Torci o nariz…água com açúcar. Dei dois golos e pousei o copo ao meu lado, no chão.
- Bebe o resto devagar.
- Não quero. – desafiei-o.
- Vais beber essa merda toda, nem que eu te tenha de enfiar goela abaixo, e seu fizer isso, acredita que até a merda do copo vais comer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Anjo de Pedra disponível até 31/12
Mystery / ThrillerTudo na vida começa por: Era uma vez… A minha história poderia começar assim! Era uma vez uma menina que sonhava ser médica…que sonhava casar…que sonhava ter um príncipe e um castelo com torres, com uma fada madrinha a espalhar o pó mágico da Felici...