Capítulo 11

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Não estive desmaiada muito tempo. Acordei antes mesmo de chegar ao quarto. Azazel transportava-me ao seu colo.

- Asali, o que é que andaste a fazer? – murmurou contra o meu cabelo, senti a sua voz vibrar pelo meu corpo. – Turat, vou deitá-la. Quero a Tami ao pé de mim em um minuto e traz-me o telemóvel, está no escritório. – disparou as ordens num tom baixo e demasiado calmo.

Fui deitada na minha cama com cuidado. Uma mão desviou-me o cabelo da face e senti uns lábios quentes pousarem na minha testa.

Quase abri os olhos para ver quem era o dono daquele toque meigo. Sabia que era dele, mas o meu cérebro não conseguia processar que a sua frieza, crueldade fosse capaz de um acto tão mundano, um acto de alguma humanidade.

A porta abriu e o meu sentido principal passou a ser naquele momento a audição. Como se estivesse a ouvir uma radionovela.

- Jumbe… - Tami falou com uma voz sumida. O meu coração apertou.

- Turat, o telemóvel….contigo já falo! – a crueldade tinha voltado.

Silêncio.

- Oi Naty!

Novo silêncio.

Passos.

- A médica desmaiou… - reconheci preocupação na voz, inspirou e esperou. – Sei lá porque o raio da mulher desmaiou. – calou-se para continuar segundos depois. – Estava a realizar umas das suas tarefas… - silêncio. – Livrar-me dela neste momento não é uma opção. – gelei. – O que é que achas que pode ser? E mais importante o que é que eu faço
?

O quarto não emitia nenhum som, nem as respirações eu ouvia, era como se todos os presentes estivessem congelados, suspensos num vácuo. Mas novamente, ele cortou a calma.

- Ok Naty! Tens a certeza que só podem ser essas as causas? – inspirou. – Sim…falamos depois…beijos.

Os passos ecoaram e ficaram mais próximos de mim.

- Turat, vai buscar um copo de água com açúcar.

Novos passos, porta a bater.

- Tami, ela tem comido? – a sua calma era enganadora.

- Não muito. – ela respondeu.

- Não te ocorreu avisares-me? Tinhas uma simples tarefa. Dar-lhe de comer e dar-lhe conversa. A tua sorte é que neste momento, temos a merda da segurança reforçada e ninguém sai. Devia pôr-te na rua, com o teu bastardo.

Ela chorou. Ela não tinha culpa…decidi fingir com o fingimento.

- Ela não tem culpa… - murmurei. – não é ela que me mantém presa.

Tentei sentar-me, mas as tonturas ainda estavam presentes.

- Senta-te com calma, Emily. Queres ajuda? – perguntou com num tom amistoso.

- Não! De ti só quero que vás à merda e que morras. – cuspi.

- Tami, vai buscar a Cora. – Azazel olhou para mim. – Visto que segundo a Dra. Sou o responsável…vamos resolver a situação de uma forma simpática.

A entrada de Turat, interrompeu o seu monólogo. Entregou-me o copo, provei! Torci o nariz…água com açúcar. Dei dois golos e pousei o copo ao meu lado, no chão.

- Bebe o resto devagar.

- Não quero. – desafiei-o.

- Vais beber essa merda toda, nem que eu te tenha de enfiar goela abaixo, e seu fizer isso, acredita que até a merda do copo vais comer.

Anjo de Pedra disponível até 31/12Onde histórias criam vida. Descubra agora