O pânico da voz de Naty deixa-me ainda mais assustada.
Nunca falamos muito, nem nas vezes que ela partilhou refeições comigo, mas a forma como ela pronunciou as palavras tornam-na mais humana. Não há sarcasmo, petulância... Existe apenas e só surpresa.
- Como? - ela murmura enquanto se aproxima da cama! - Eu ouvi bem?
Continuo sem me mover.
Tudo acontece ao mesmo tempo.
Naty permanece no quarto...imóvel...acho que está imóvel! Batem à porta... Choramingo...mas estou paralisada.
Naty move-se, a porta abre.
- Diz, Cora! - a sua voz é a mesma de sempre...fria e dura!
Tremo mais, agarro o lençol com força. Sei que estou gelada.
- Vim para levar a roupa para lavar. - a voz de Cora tem uma certa cortesia.
- Volta depois!
A porta bate, passos pelo quarto, a cama afunda. Sinto-a apanhar o aparelho de ultrassom.
- Vira-te de barriga para cima, Emily!
- Não! - murmuro.
- Preferes que chame o Turat? Ele vai virar-te e segurar-te. - ameaça.
Abro os olhos de repente. As lágrimas escorregam livremente.
Azazel...o nome surge na minha cabeça...um filme de terror é criado nela.
Turat vem...Azazel vai ser chamado...Azazel não vai rir, não vai dizer que me ama.. Azazel não vai querer "isto" que tenho no meu ventre.
Faço o que a Naty me pede...fico de barriga para cima.
Ela puxa-me a camisola e novamente o aparelho entra em contacto com a minha pele...
Tum...Tum...
Choro!
Tum... Tum...
Mais lágrimas.
-Merda! - Naty solta e eu tremo ainda mais.
- Não digas! Não digas... - suplico no meio de lágrimas. - Por favor...não digas!
- Não é por eu não dizer que vai desaparecer, Emily!
Falta-me a coragem... Não sei quando voltei a fechar os olhos.
- Ele vai matar-me... - sussurro.
- É possível que aconteça algo mau...mas não a ti ou ao bebé... - a sua voz é calma. - Abre os olhos.
Abano a cabeça.
O silêncio é apenas quebrado por aquele incessante bater cardíaco.
Abro os olhos lentamente...olho para o monitor, pequeno demais, parece um iphone...tudo nele é em pequenas dimensões...um corpo de pequenas dimensões... Não é um conjunto de células sem forma...é um corpo minúsculo, com uma cabeça e membros minúsculos.
- Eu não percebo muito de obstetrícia, mas diria que estás grávida de treze a catorze semanas. - fala calmamente.
- Não! Não quero!
Naty retira o aparelho de mim.
- Mas não é uma questão de queres ou não! A questão é que estás!
- Azazel! - falo baixo.
- Pois... Azazel... Vai ser uma grande surpresa para ele!
Sento-me rapidamente. A camisola desce e cola-se à pele, abraço os meus joelhos.
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Anjo de Pedra disponível até 31/12
Mystery / ThrillerTudo na vida começa por: Era uma vez… A minha história poderia começar assim! Era uma vez uma menina que sonhava ser médica…que sonhava casar…que sonhava ter um príncipe e um castelo com torres, com uma fada madrinha a espalhar o pó mágico da Felici...