Capitulo 24

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Acordo com a mão dele na minha boca. Está tapada. Não sou capaz de falar. Os seus lábios estão no ouvido. Consigo ouvir um pequeno “Chiu” da parte dele. Afasta-se de mim sem barulho.

Um pequeno “clic” no ar…Azazel move-se rapidamente agora…não percebo o que se passa.

- Mais um passo e vais fazer alimentar os meus cães. – fala normalmente.

Não sei com quem ele fala… acho que sonha. Mexo-me.

- Emily, acende a luz! Estás a mexer-te!

Não sei se fala comigo ou para o vazio. Tenho a certeza que está a ter um pesadelo.

- Emily, acende a merda da luz!

Faço tudo em camara lenta, ainda adormecida. Acendo a luz e semicerro os olhos…viro-me na sua direcção!

Azazel está sentado com uma arma na mão, engulo o grito que quero dar. Sigo o seu braço até à ponta da arma, ergo os meus olhos para o homem que está parado no meio do quarto, com um sorriso de divertimento nos lábios.

Sento-me rapidamente na cama. Cubro-me com o lençol, como se este fosse um colete à prova de balas.

- Estás cansado da vida boa que tens? – fala calmamente.

A sua voz contrasta com o tremor do meu corpo.

O homem parado no meio do quarto ri.

- Tu tens a pontaria de um míope com claridade, imagina no escuro!

Um novo “clic” surge no ar… foi qualquer coisa na arma. Pousa-a, mas não se mexe.

- Invadires o quarto de um homem, mesmo que ele seja míope é um desejo de morte! Ou então um desejo de ficar sem pau…

O desconhecido não tira o sorriso da cara.

- Olha a boa educação, Azazel! Está uma senhora bastante assustada na tua cama.

Ele olha para mim. A sua mão aperta a minha, sorri.

- Está tudo bem!

Apenas aceno com a cabeça. Não sou capaz de me mexer.

- Passa aí as minhas calças. – fala para o homem.

- Tens medo que eu me ria do tamanho do teu pau! – olha para mim. – Peço desculpa! Mas o Azazel liberta em mim, uma necessidade estranha de fazer piadas de mau gosto. – atira as calças a Azazel que as apanha com uma mão.

Também tenho o estranho desejo de me cobrir da cabeça aos pés! Ele sabe quem eu sou! Eu adivinho quem ele seja, ele é o homem que me quer levar!

Eu acho que já não quero ir, não quero ir com um estranho! Quero ficar…quero ficar até o Jeremy conseguir chegar a mim.

Parece-me descontraído, mais descontraído que Azazel que tem sempre um peso sobre os seus ombros. É tão alto quanto o Azazel, talvez até seja mais. Ruivo, não tem o ar cansado dele. Olhos azuis…há vida neles! Devem ter a mesma idade, ou talvez um pouco mais velho. Só os vendo juntos é que compreendo o quão triste é o homem que dorme comigo…

Azazel levanta-se ainda de sorriso na face. Ele nunca ri, todas as vezes que pensei vê-lo sorrir, não era um sorriso, era apenas um rascunho.

Dá dois passos para o desconhecido e caiem num abraço com aquelas palmadas típicas e másculas nas costas.

- Fodasse! Estás com um bom ar. – diz o desconhecido. – Menos atormentado.

Azazel fica com as mãos nos ombros do estranho.

Anjo de Pedra disponível até 31/12Onde histórias criam vida. Descubra agora