Capítulo 19

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Cora, desapareceu da minha vida, da casa…há uma semana e meia que Azazel tinha viajado. Desde o meu “acidente” não tinha ouvido mais a sua voz e eu…contra a minha vontade, senti falta!

Percebi que com os seus telefonemas, eu podia libertar a minha frustração, a minha mágoa. Exercitava a minha mente. Aquele jogo de palavras, mesmo com o medo de perder a minha língua, fazia-me sentir que lutava.

O frasco continuava no mesmo local. Ainda não tinha conseguido qualquer abertura para coloca-lo no local.

Acabei o meu pequeno – almoço rapidamente. O meu estômago ressentia-se do paracetamol que andava a tomar para as dores na mão. Turat não estava presente, tinha desaparecido a meio da refeição e Tami andava à volta com a limpeza dos armários.

-Tami – chamo-a. – vou para o quarto da Lou.

- Queres ajuda? – fala sem parar de trabalhar.

- Não! Eu é que já te venho ajudar.

- O Jumbe disse para te dizer – começa a rir. – que tu não vais fazer nada até ele chegar e que se continuares a insistir…

- Quando é que ele vem? – pergunto a medo.

Ela encolhe os ombros.

- Todos os dias o Jimmy me pergunta o mesmo.

- O Jimmy? – franzo a testa.

- Sim! O Jumbe cada vez que viaja, traz-lhe sempre um presente, desta vez prometeu-lhe uma bicicleta.

Bufo.

- Tami – inspiro. – não quero ouvir mais…esse homem não faz coisas dessas. – viro-lhe as costas e saio.

Havia um exercício que que fazia quando estudava. Cada vez que a mente viajava para algum assunto que nada tinha a ver com a matéria de estudo, eu debitava toda a constituição de uma célula. Ia debitando até não ficar mais nada na minha mente, que não fosse a porra da célula.

Foi isso que fiz!

Pensar na bendita célula era mais fácil, do que pensar num homem que me fazia ajoelhar, mas que prometia bicicletas a meninos de três anos.

Um monstro é um monstro.

Um monstro nem uns lápis de cera compra, quanto mais a merda de uma bicicleta.

Acabei de limpar a Lou, virei-a com alguma dificuldade, entrei no meu quarto, observei o embrulho em cima da cama, quase sem surpresa ou curiosidade.

Corri para a minha cama, não quis saber se alguém escondido no meio do quarto ou mesmo no tecto.

Abri o embrulho, recordei que nenhum dos outros vinha embrulhado.

O primeiro pormenor que me chamou a atenção…o nome da autora: Jane Austen….a seguir o titulo: Persuasão… fiquei com uma bola na garganta. No mundo real existiam coincidências, mas não no meu neste novo universo.

A nota de sempre não existia num papel solto, a letra estava impressa na primeira folha do livro.

 

“ Persuasão…

… Queria ter esse poder…

… Persuadir-te….

…Desfruta!

T. “

 

Não fui ver o livro de Azazel, sabia que ele lá estava, nunca tinha sido mexido…nunca tinha e este já era o terceiro presente.

Passei a mão pela letra. Irritava-me o facto de a letra não me dar nada. Não tinha aquele ar masculino, nem o redondo tão presente nas letras das mulheres…

Anjo de Pedra disponível até 31/12Onde histórias criam vida. Descubra agora