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Eu fiquei mais um tempo lá deitada, até que Saby entrou no quarto e se sentou ao meu lado.

── Vc tá bem?

── Tô. Por que não estaria?

── Sei lá, achei estranho vc do nada falar que vai vir dormir porque tá com sono, sendo que dormiu três horas de tarde. ── explicou. ── Vem, vamos madrugar lá na sala, vai ser legal. ── pega no meu braço e vai me puxando para que eu me levante da cama.

── Não, Saby. ── neguei, e ela me olhou confusa.

── Por que? O que tá acontecendo com vc?

Fiquei calada. Nem eu sei o que tá acontecendo comigo.

── Vc é minha melhor amiga, então...eu tô meio que confusa sobre umas coisas, sabe?

── Pode desabafar comigo. ── assenti.

── Bom, quando o Bailey entrou lá no guarda roupa, ele...pegou na minha cintura, lembra? ── assentiu. ── e...sei lá, eu odiava ele a dias atrás, mas quando ele pegou em mim, eu...eu...

── Ficou paralisada? Como se ele tivesse algum efeito sobre vc? ── tirou as palavras da minha boca.

── Sim! Isso mesmo. E quando ele pegou no meu rosto, eu...a primeira coisa que eu pensei foi...beijar ele.

Disse super envergonhada, talvez até com minhas bochechas vermelhas, não costumo falar muito isso pras meninas. Sabina apenas sorri.

── Então tá me dizendo que vc quis beijar o Bailey? O garoto que vc odiava?

── É...mas bom, eu não sei se foi pelo momento, porque as vezes, a gente pode sentir aquele sentimento só pelo momento e tals, mas mesmo assim, achei estranho.

── Own... ── fez uma carinha fofa. ── Talvez vc esteja gostando dele.

── Não, eu não tô, disso eu tenho certeza.

── Ok, mas...vc falou isso pra mim! Vc nunca fala dessas coisas. ── disse feliz.

── Mas por favor, Sabina, por favor, promete que não falar as meninas. É que eu meio que to insegura com isso. Eu senti um sentimento pelo Bailey, sabe? E isso não é legal. Eu sei como ele é.

── Olha, não se preocupa. ── pegou na minha mão. ── Esse é o nosso segredo.

── O nosso segredo. ── repeti, e fiz um toque com ela. ── Valeu, Saby.

── Por nada. Amigas são pra isso mesmo. ── assenti. ── Agora vamos madrugar lá na sala?

── Pode ser, mas...e se eu sentir alguma coisa por ele de novo? E se eu acabar me apaixonar por ele? E se...

── S/n, s/n, calma.

── Eu tô calma.

── Ok, então vamos. ── pegou minha mão e descemos as escadas.

Lá eu me sentei no chão, ao lado de Sabina e do outro lado Bailey. E por algum motivo, foi bom ter desabafado com a Saby, me senti melhor.

── Que filme vcs tão vendo? ── perguntei, pegando um pouco de pipoca na tigela da mexicana.

── Ei, minha pipoca! ── reclamou, como se fosse uma criancinha.

── É de terror. E eu esqueci o nome.

── Como sempre, né, Noah.

── Cala a boca, Josh. Vamos ver o filme.

Voltei a assistir com mais atenção, mas não adiantava. Ninguém ali parava de falar durante o filme, parecia até que algum de nós era surdo, porque eles narravam absolutamente tudo que acontecia.

── Ai meu Deus. ── Shiv disse, concentrada na televisão.

── Não entra aí não, cara...ai, que merda! É bom que morra agora! ── Joalin se estressou.

── Gente, da pra vcs assistirem em silêncio?

── Não. ── Bailey me respondeu.

── Ah, muito engraçado, Bailey.

── Uhum. Demais. ── debochou de mim.

Empurro ele de leve, acabamos rindo.

── Pombinhos, aqui não é filme romântico não. ── Noah avisou, querendo nos irritar.

── Eles até que são fofos, mas o Bailey não gosta de ninguém mesmo, então...

── Cala a boca, Joshua!

── Que é? Tô mentindo?

Fiquei desconfortável com a situação.

── Da pra vcs calarem a boca? ── Sabina percebeu que eu já estava irritada, e falou. ── Idiotas.

Todos se calaram, e o resto do filme foi mais silêncioso. Dei um jeito de agradecer a Saby também, e alguns foram dormir, quando dei conta só estava eu, Shiv, Saby e Bailey na sala.

Shivani e Sabina subiram para o sofá e dividiram um cobertor, e depois acabaram pegando no sono.

Bailey estava concentrado no filme, pelo visto ele deve gostar mesmo de filmes de terror. Fiquei olhando pra ele um bom tempo, apenas admirando aquele garoto, até que ele me olhou também.

── Que foi? ── perguntou.

── Nada. E fala baixo, as meninas tão dormindo aqui. ── aponto para o sofá.

── É, eu tô vendo, foi mau. ── respondeu, e continuo me olhando. ── Tá com sono?

── Nem um pouco. Por que?

── Nada..

Bailey disse apenas isso, e voltou a olhar para a televisão. Aquele filme de terror não estava dando nem um pouco de medo, mas estava sendo legal assisti-lo.

Depois de uns minutos, meus olhos foram se fechando, o meu sono havia chegado. Abri a boca com o sono que estava, e encostei minha cabeça no sofá, ainda sentada no chão.

Vi um pano aparecer em cima do meu corpo, e quando abri meus olhos, era Bailey colocando o lençol, para que eu não ficasse com tanto frio.

── Obrigada. ── falei baixinho.

Ele sorriu.

E que sorriso.

Estão gostando?

𝐀 𝐕𝐈𝐀𝐆𝐄𝐌 - 𝐁.𝐌 Onde histórias criam vida. Descubra agora