Capítulo trinta e três

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26 de agosto de 1992:

Abro meus olhos e vejo um céu escuro alaranjado, sem estrelas brilhantes e sem o canto das cigarras. Apenas nada, apenas uma quietude que fazia as entranhas se revirarem no meu corpo.
Claro que eu podia escutar o vento frio passando por mim, fazendo aquele barulho estranho como se fosse uma casa mal-assombrada.

Não demorou muito para perceber que estou deitada em algo duro e desconfortável. Faço que minhas mãos tateiem onde estou deitada e elas sentem um terreno áspero com pequenas pedrinhas que rolavam pelos meus dedos.

Sentei-me olhando em volta e percebo que estava naquele lugar onde tinha milhares de flores amarelas, mas agora não tinha flores amarelas ou pétalas voando com a brisa quente. Ou um céu tão azul que era impossível de ver nuvens fofas que lembravam algodão-doce, ou uma grama verde que era gostosa de se sentar. Apenas estava vazio, tudo estava tenebroso como se a vida que havia ali, tivesse sumido devido a uma batalha.
As flores estavam murchas, o céu escuro, o canto dos pássaros não era possível de escutar e aquilo era desagradável, até mesmo a grama fofa tinha virado apenas terra batida.

_ O que aconteceu por aqui? - Digo percebendo a mulher que se parecia comigo, ela ainda estava deitada no chão de terra e apenas olhava para o céu escuro.

_ Você sabia que flores amarelas representa satisfação e alegria? Quando você veio pela primeira vez aqui, as flores amarelas eram abundantes, mas agora... - Olhou-me de esguelha e continuou deitada. _ Agora tudo que vejo é caos e destruição, eles realmente conseguiram o que eles queriam, te destruir.

_ Naquele dia não estava feliz, tinha acabado de conhecer você, estava tentando estabelecer dentro de mim que Thomas era Voldemort e havia acontecido tantas coisas. Eu não me sentia feliz.

_ Mas tinha amigos para te animar, você tinha pessoas que te amavam em sua volta, mas agora. - Suspirou descontente. _ Eles pensam que você morreu e nunca mais irão te procurar, você está sozinha e não adianta reclamar, você realmente não tem ninguém. Seu elfo te traiu, seu diretor te odeia e o professor que você sempre respeitou, nem mesmo gostou de você, e seus amigos...

_ Eu... - Respiro com dificuldade e aperto minha mão tentando sufocar a raiva.

_ Você? Você o quê? Seus amigos na primeira carta informando sua morte nem mesmo verificaram se era verdade, tem certeza de que eles gostavam de você? Ou apenas te suportavam?

_ Cala boca! CALA A BOCA! - Gritei, fazendo todo meu corpo tremer. _ Cala a maldita de sua boa!

_ Se não? Você vai chorar? Não consegue ouvir algumas verdades? - Riu se levantando e vindo em minha direção, ela se ajoelhou e ficou entre as minhas pernas, me olhando com um sorriso largo nos lábios. _ Não seja uma pirralha insolente. - Colocou uma de suas mãos em meu rosto e fincou suas unhas no meu rosto. _ O que você está olhando? Está sentindo raiva?

_ Cala a boca. - Digo tentando controlar a minha respiração, mas era impossível com o ódio crescendo dentro de mim. _ Por favor, cala a boca.

_ Nunca. - Riu ainda mais, sabia que ela estava gostando das minhas reações, mas não queria aquilo. _ Vai ficar quieta? Tão chato. - Tirou sua mão do meu rosto e no mesmo segundo me deu um tapa, aquilo me deixou atordoada.

_ O quê? - Olhei para ela e tudo virou um filme em câmera lenta.

A empurrei para trás e subi em sua cintura, a enforcando com as minhas mãos, não sabia mais o que era certo e o que era errado, apenas queria calá-la.

_ Vou sair da cabana e tentar reencontrar os meus amigos... Sim, vou fazer isso e vou ser feliz de novo. - Digo rindo das minhas palavras. _ Eu... - Lágrimas saiam em abundância dos meus olhos. _ Por que você não morre?

A Segunda Chance ~Tom Riddle~Onde histórias criam vida. Descubra agora