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Peeta hoje vai me levar até uma floresta próxima para que eu possa usar o arco e possivelmente caçar, espero que haja caça nessa região, estou sentindo falta de sentir o frescor das árvores e o barulho das folhas voando junto dos craques de galhos velhos matinais. Andamos lado a lado por uma estrada de chão e ele não se atreve a conversar comigo, acredito que com meu rosto alegre e meus olhos relaxados ele tenha percebido a falta que um ambiente como este me faz e procura me dar espaço. Seguro o arco com meus dedos nervosos, a medida que nos aproximamos eu posso enxergar com clareza o verde que se espalha pela extensão, é lindo, harmônico e me traz um sentimento bom. Inalo, exalo o ar e ao mesmo tempo fecho os olhos, ouvindo os pássaros passarem pelas árvores e sentir o vento pulsando pelo meu corpo, ao todo não é igual ao distrito 12, aqui parece estar devastado e desgasto pelo tempo e exploração, porém ainda consigo encontrar um gostinho de casa. Lembro de meu pai imediatamente, posso ouvi-lo me contando sobre quais plantas podemos usar para fazer uma sopa, como segurar o arco da forma correta, ensinando o jeito certo de mirar a flecha...sempre no olho do animal.

- Me lembra ele.

Peeta parece juntar os pontos em sua mente para relacionar quem é a pessoa a qual estou mencionando. Conversamos muito nesses últimos dias, sinto que o conheço bem e ele deve sentir o mesmo.

- Seu pai deveria ser um ótimo homem.

- Ele era - viro o rosto em seu sentido - e iria gostar de conhecer você.

Isso é o suficiente para Peeta sorrir envergonhado.

Ando mais a fundo na floresta e começo a me deparar com os animais. Vi esquilos, porém nada de andorinhas ou perus selvagens.

- Não há animais aqui?

- A maioria é levada para a Capital.

Claro. Sempre a Capital.

Fico frustrada com esse detalhe e tiro uma flecha de minha aljava, a posiciono com cuidado e ando lento para não dar sinal de que há pessoas por aqui, porém isso não vale muito, Peeta arrasta os pés e faz um barulho imenso.

- Peeta, vá mais devagar. 

- Ah, certo, certo... - ele parece se esforçar, mas a medida que voltamos a andar ele segue espantando todos os bichos.

- Ainda está fazendo barulho.

- Me perdoe...eu...vou andar mais lento.

O baque final é ele não prestar atenção onde pisa e quebra um galho com sua bota, fazendo um barulho imenso.

- Peeta! - seguro sua mão rápido, sem paciência, e ele me observa de relance.

Trocamos palavras através dos olhares e ele assente com a cabeça, roçando os dedos que ficam cada vez mais suados, em minha palma. Parece que o ajudei, seguimos andando e mais nenhum barulho estrondoso veio.

De longe vejo uma ave parada sob um arbusto, ela não me é conhecida mas coloco o dedo na boca de Peeta, sinalizando para ficar em silêncio e ele compreende. Solto sua mão e flexiono a flecha no arco, solto minha respiração e fecho os olhos para logo abri-los e mirar o alvo, o atingindo direto. Peeta fica tão impressionado que solta um grunhido de felicidade, acariciando minha trança e tocando meu rosto com o polegar. Comemoro de volta, ainda silenciosa e me aproximo aos poucos da ave. Consegui atingir o olho do animal e agradeço por isso.

- Se eu conseguir mais desses, teremos um jantar e tanto.

- Você é tão boa! Nossa, estou até agora tentando achar palavras para descrever o quanto eu achei incrível vê-la.

Não aguento e solto uma risadinha.

- Katniss, estávamos a metros do animal! - seus olhos arregalados e as mãos nervosas me instigam, como deixei esse garoto tão impressionado com algo que me é rotineiro? Acho que nunca vi Gale ficar tão eufórico da mesma forma, e ele já me elogiou diversas vezes.

Soulmates- Katniss e Peeta.Onde histórias criam vida. Descubra agora