C15H11I4NO4 [11]

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Aquilo só podia ser um pesadelo. Afinal, eu cochilo mais cedo, não foi?. Talvez eu esteja ainda dormindo, sentado naquele colchão enquanto as crianças estão bem e tranquilas ao lado. 

Mas não funciona pensar e torcer para que seja isso estivesse acontecendo. 

Meu ouvido estava acostumado com o som de disparos, mas eu sinto um zumbido os atingir, tão forte quanto uma TV sem sinal no último volume, me fazendo levar as mãos até eles numa tentativa inútil de aliviar, enquanto a garota cai com um buraco na testa. Jimin me olha, e parece dizer algo, que eu não faço a menor ideia do que seja. 

Não o ouço. Não ouço nada além desse zumbido desgraçado. Eu tento me manter calmo, porque, como alguém como eu consegue se abalar tanto em situações assim? Eu sou completamente fraco, não sou sou soldado por querer, não é algo que eu ame, se quer tenho apreço a não ser por salvar vidas. Uma névoa toma conta da minha visão, e aumenta cada vez mais, fazendo tudo à minha frente se tornar um grande vazio de escuridão.

ㅡ Ele tá bem?

ㅡ Tá sim... agora temos que nos preocupar com você, moleque. Você também foi mordido?

ㅡ Ah, não! Eu juro! Olha! Olha meus braços e pernas e...

ㅡ Não precisa tirar a roupa... eu tô vendo que não tem sangue em você.

ㅡ  A culpa foi minha... eu não a protegi como deveria. ㅡ Eu podia ouvir a voz de Jimin e o garoto enquanto eu ainda recobrava aos poucos minha consciência, ou parte dela. 

ㅡ Não... você fez tudo, inclusive pôs a própria vida em risco pra protegê-la. Não se culpe. 

ㅡ Olha! Ele tá acordando!

Eu sentia como se um caminhão tivesse me atropelado e minha cabeça esmagada pelas rodas, e mesmo que eu esfregasse minhas palmas em minha nuca, a dor só aumentava.

ㅡ Hey apressadinho... fica sentadinho aí ㅡ Jimin se aproximava de mim, com uma garrafa d'água. ㅡ bebe, vai te fazer bem. Você é mesmo um coração mole, não é mesmo? ㅡ Ele diz enquanto mexe em sua bolsa, encontrando algumas barrinhas de chocolate que empurra pra mim. ㅡ Não se culpe... mas se acontecer de novo, não hesite em puxar o gatilho. Seria ela, ou nós três.

ㅡ Eu sei... ㅡ Eu odiava ter que admitir, mas ele tinha razão. ㅡ é que ela era só uma criança e...

ㅡ Eu costumava ser assim... no início foi difícil. Muito. Mas uma pessoa me ensinou tudo que sei, e outra parte aprendi sozinho. 

Então ele nem sempre foi sozinho nisso tudo? Eu quero perguntar, mas não o faço, não queria parecer insensível ainda estando de luto pela garotinha. 

ㅡ Ele tá bem? ㅡ Aponto para o garoto.

Vejo que estamos em outro lugar, aparentemente nos fundos do mercado. Jimin deve ter me carregado até aqui, e provavelmente tirado o moleque de perto do corpo da irmã. 

— Bom... você, bela adormecida, dormiu por três horas, e ele, só se acalmou há uns vinte minutos. Eu o tirei de lá. Achei melhor não ficar naquele lugar, afinal, ele viu tudo, mas tenho certeza de que ele já viu coisa pior. Achei que iria perder ele também porque ele tava surtando e completamente desesperado pela irmã. ㅡ Sussurrou a última parte, enquanto o garoto estava ou pouco mais afastado, sentado no chão, tendo os olhos curiosos e inchados sobre nós dois.

Que deprimente. Eu jamais me acostumaria com a dor alheia. Porque por mais que não fosse minha, parecia ser, mesmo que minimamente. E nisso tudo, uma parte de mim se sentia completamente comovida com Jimin, com a forma que ele parece estar preocupado comigo e com o garoto. Que suporte emocional ele recebia sendo sozinho, para dar a nós?

Galaxy Eyes - Book I《jjk+pjm》- (Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora