XVIII. Hayley

1.1K 101 94
                                    

Eu confesso que estava furiosa com toda aquela situação. Odiei ver Erica se intrometendo em tudo, surgindo sem ser convidada e ainda com aquele ar de menina inocente. Argh! Eu não queria vê-la nem se ela estivesse pintada de ouro!

Desapareci em um canto do hospital, bem longe de onde eu havia deixado os dois. Eu só esperaria que Anne saísse da cirurgia pra poder ir embora. Não ia me prestar ao papel ridículo de ficar disputando a atenção de ninguém. Eu nem sabia o porquê dela estar agindo assim, Henry e eu éramos amigos. Sempre deixamos isso muito claro.

"Se a pessoa é insegura, não posso fazer nada. Ainda vem querer botar a culpa dele ser distante em mim, é mole?", pensei irritada, lembrando do que ela me disse no banheiro do restaurante.

Felizmente, a cirurgia de Anne ocorreu sem nenhuma eventualidade, sendo bem rápida. Pedi notícias a Marianne, após Henry entrar com Erica pra ver a menina.

— Entre, Hayley... Sei que quer ver Anne – Marianne sorriu tocando meu braço

— Quero, mas acho que já tem gente o suficiente com ela. Mesmo inconsciente, pode ser estressante, ela acabou de passar por uma cirurgia. Prefiro deixar que ela descanse – falei com um sorriso fraco – Dê notícias, por favor?

— É claro, não se preocupe! – Marianne sorriu pra mim – Descanse, viu? Anne está muito bem! – ela me tranquilizou com um abraço – Quer que eu chame o Henry?

— Não, não... – falei com um suspiro – Falo com ele uma outra hora.

Não me prolonguei mais ali. Fui pra casa, ainda incomodada com a forma que tudo aconteceu, repassando aquele momento na minha cabeça e me odiando por isso todas as vezes. Como mulher, eu me censurava por desejar cacetar Erica e mandá-la pra longe. Como amiga, me sentia muito pior, porque talvez eu estivesse realmente exagerando e Erica poderia mesmo estar querendo apenas ajudar.

De qualquer forma, a vontade de agredi-la era muito maior que a minha tentativa de ser compreensiva.

Minha mãe ficou comigo por um tempo, querendo saber de Anne e estranhando ao descobrir que eu não sabia tanto quanto ela imaginava.

— Achei que tivesse esperado ela sair da cirurgia – minha mãe parecia surpresa e eu bufei, deitando na cama – O que houve?

— Erica apareceu no hospital e não largou do pescoço dele – dei de ombros e minha mãe deu uma risadinha – Preferi vir embora.

— Minha filha... – ela parecia lutar pra não rir outra vez – Henry é um homem, vocês são adultos. Não esperava mesmo que pudesse espantar as mulheres da vida dele pra sempre, né? – ela perguntou e eu a olhei sem entender

— Eu não espantei ninguém! – falei e ela riu – Nunca fiz isso!

— Hayley, o grande motivo pra Marianne e eu acharmos que vocês ficariam juntos, não era porque cresceram grudados, e sim porque você fazia a vida de todas as garotas um verdadeiro inferno, sem nem ao menos tentar! – ela riu nostálgica – Ninguém nunca era bom o suficiente pro Henry, diante dos seus olhos. O pior, ou melhor, era que ele sempre ia na sua corda.

— Me faz soar manipuladora. Nunca obriguei Henry a nada! – me defendi irritada

— Não, você não era manipuladora – minha mãe concordou – O que você era, e ainda é, é muito ciumenta.

— Eu não estou com ciúmes! – afirmei e ela riu – Mãe!

— Hayley... – ela fez uma careta – Você está morrendo de ciúmes! Se não for dele, da Anne.

— Não é nada disso! Eu só me senti incomodada com a forma que ela falou, nada mais. – expliquei e ela ergueu as sobrancelhas, me olhando como se não acreditasse em nada daquilo – Ela saiu se metendo, falando como se fosse um anjo e eu a louca!

Chosen FamilyOnde histórias criam vida. Descubra agora