Chosen Family

XXXIII. Henry & Hayley

A audiência tinha sido marcada e, ao mesmo tempo que estavam confiantes, Henry e Hayley estavam apavorados. Anne não fazia ideia do que estava prestes a acontecer, mas todos os adultos cientes da situação sentiam o mesmo que o casal.

— Vai ficar tudo bem. Ela é nossa, não há razão para temer – Hayley repetiu o que vinha falando há horas, enquanto dava o nó na gravata de Henry

— Ainda estou nervoso... – ele falou abotoando as mangas de sua camisa social. Hayley terminou o nó e sorriu para ele, segurando delicadamente o seu rosto e colando seus lábios nos de Henry.

Henry colocou as mãos na cintura de Hayley e correspondeu ao beijo com calma, mas com desejo. Não pensou duas vezes em abraçá-la e trazê-la pra si, aprofundando mais o beijo. Hayley separou seus lábios e sorriu, salpicando a boca e o rosto de Henry com beijinhos delicados que o fizeram rir.

— Amo você! – ela falou sorrindo – E a sua filha.

— Nossa... – Henry corrigiu em um sussurro, deslizando o nariz no de Hayley, que riu com o toque

— Nossa. – ela concordou – E hoje vai ser um dia bom, maravilhoso! – a ruiva prometeu

— Quando foi que você se tornou a otimista de nós dois? – ele perguntou e Hayley riu outra vez

— Você desperta o melhor em mim – Hayley respondeu sorrindo e recebendo outro beijo apaixonado de Henry.

Não queriam sair dali, daquele momento, daquele abraço, da realidade onde eram a família perfeita que tanto sonharam por tantos anos.

— Temos mesmo que ir? – Henry perguntou colando a testa na testa de Hayley e suspirando.

— Sim – ela confirmou tocando a bochecha dele e lhe dando um último selinho – Vamos. Vamos pegar a nossa garotinha.

Anne estava com Marianne, enquanto Hayley e Henry seguiam até o fórum. Não seria um momento longo, o juíz leria as considerações da nova assistente social, e da psicóloga infantil, e finalizaria o caso decretando se Anne permanecia com Henry ou se deveria voltar ao abrigo.

Henry sentou-se ao lado de seu advogado, alguns metros afastado da assistente social e de Dra. Pierce. Os quatro trocaram um cumprimento cordial e voltaram a se sentar em seus lugares. Hayley sentou nas cadeiras onde ficavam as pessoas que estavam ali só para assistir. Ela queria estar ao lado de Henry, mas, legalmente falando, ela ainda não era responsável por Anne.

O juíz chegou minutos depois, os quatro se levantaram, foram apresentados e voltaram a se sentar. O juíz leu a avaliação da assistente social, bem como a avaliação da psicóloga e nenhum dos dois, apesar de otimistas, poderia ter esperado resultado melhor.

— De fato, a assistente social Hayley Eloise Brooks, falhou em apresentar suas conexões prévias com o Sr. Henry William Dalgliesh Cavill – o juíz começou a falar, deixando Henry um pouco mais apreensivo, mas Hayley já conhecia o procedimento e sabia que ele precisava relembrar esse pequeno detalhe – Mas após investigação minuciosa e estudo apurado do cotidiano e rotina da menor Anne Louise Cavill, realizados por uma nova assistente social e por uma médica psicóloga infantil, foi possível constatar que a menor está bem inserida e que há, em seu lar atual, ferramentas disponíveis para que ela tenha o melhor desenvolvimento possível, bem como responsáveis dispostos a lhe oferecer um lar estável onde ela poderá se desenvolver plenamente. – o juíz continuou. Henry absorvia cada palavra, entendendo o que o juíz queria dizer, mas com medo de ter alguma reação imediata e ser punido pela euforia que ameaçava tomar conta de si. Hayley, no entanto, sorria abertamente diante da certeza de que a garotinha deles não iria a lugar algum – Tendo avaliado todas as declarações, tanto de parte da assistente social e da psicóloga infantil, eu declaro que a guarda da menor Anne Louise Cavill, permanece com o pai, o senhor Henry William Dalgliesh Cavill. – o juíz decretou batendo o seu martelinho, declarando o fim da sessão logo em seguida.

Henry só teve o tempo de cumprimentar o próprio advogado, antes de ser engolido pelo abraço de Hayley, que não pensou duas vezes antes de ir até ele assim que a sessão chegou ao fim.

— Eu não falei? – ela sorriu triunfante – Não havia o que temer, você é incrível. Um pai maravilhoso... – ela declarou e Henry sorriu. Estava prestes a beijá-la quando viu as duas moças se aproximando atrás da ruiva.

— Parabéns, sr. Cavill – Dra. Pierce cumprimentou com um sorriso – Continue desempenhando bem a sua função de pai, depois da conversa com Anne, não tivemos dúvidas de que o senhor está saindo muito bem.

— Eu tenho um tremendo sistema de apoio – Henry declarou com um sorriso, apertando a mão das duas, uma de cada vez – Eu jamais conseguiria sozinho. – ele  falou sorrindo para Hayley e passando seu braço por trás da cintura da ruiva, que o abraçou de volta sorrindo amplamente – Obrigado.

Terminaram de falar com as duas moças e voltaram a comemorar entre si. Não eram capazes de explicar a emoção que sentiam, muito menos dimensionar a alegria que preenchia o peito dos dois.

— Vamos pra casa. Anne vai poder comer quantos picolés ela quiser, hoje! – Hayley falou arrancando uma risada de Henry.

Foram para casa renovados, se sentiam mais fortes, mais unidos e, se possível, mais apaixonados um pelo outro e pela família que formavam juntos. Quando pensavam em tudo o que passaram no último ano, ficavam surpresos com tudo o que aconteceu em um espaço de tempo tão curto, mas não gostariam que fosse de outra forma.

Comemoraram com a família a permanência de Anne e, agora que tudo estava tranquilo e brilhante, começaram a planeja o futuro em todos os aspectos. Henry precisaria voltar a filmar o quanto antes para evitar atrasos na programação e Hayley definitivamente começaria a procurar outro emprego, já que sua intenção em se demitir jamais foi ficar dependendo de Henry. Ele não via necessidade disso, mas sempre apoiaria as decisões de Hayley, então não questionou o seu plano.

Os dois decidiram que não havia sentido continuarem vivendo em casas separadas, já que estavam juntos diariamente. Anne ficou exultante em saber que Hayley finalmente moraria junto dela e de seu pai. Isso, por si só, já fazia a decisão valer a pena.

O aniversário de Anne foi maravilhoso, a menina completou seu quarto ano de vida na companhia dos tios, primos, avós - o que agora incluía mais uma vovó - e Henry e Hayley. Até mesmo Kal fez parte da festa, com uma belíssima juba de leão que Henry comprou para deixar o companheiro no clima da festa. O akita quase roubou a cena com aquela juba, mas Anne estava mais do que satisfeita em dividir os holofotes com o irmão de quatro patas.

— Está pronta, querida? – Henry perguntou enquanto Charlie filmava a menina, de pé sobre um banco, preparando-se para assoprar as quatro velinhas diante de si. Hayley estava de pé do outro lado da menina, sorrindo na expectativa de qual seria o pedido de Anne.

— Um, dois, três e... – Hayley contou e Anne assoprou suas velas a final da contagem, fechando os olhos com força enquanto fazia o seu pedido secreto.

Depois de alguns segundos...

— Pronto! – ela declarou e todos comemoraram rindo

— O que você pediu? – Henry perguntou e Hayley empurrou seu ombro de leve.

— É segredo! – ela falou rapidamente e Anne riu – Você sabe disso.

— Talvez eu tenha pedido sorvete... – Anne sugeriu com uma careta e Henry riu da forma com que a garota reverteu a conversa para o próprio interesse, sem revelar o que realmente tinha pedido – Muito, muito sorvete.

O restante da festa passou tranquilo, sem nenhuma situação caótica e com Anne tendo praticamente uma overdose de sorvete. No fim da noite, Henry e Hayley já lhe colocavam para dormir quando ela pediu uma história.

— Certo... – Henry concordou sorrindo – Tem alguma preferência?

— Esse aqui? – Anne perguntou com uma careta, não tinham lido aquele ainda e Henry se pôs a ler imediatamente, depois de Anne ter se acomodado ao lado de Hayley.

Eram dias agitados, mas felizes. Nenhum dos dois seria capaz de mudar nada na vida que construíam juntos. Existiam dificuldades como na vida de qualquer outra pessoa, mas não abriam mão daquilo. Estavam felizes e completos exatamente daquela forma e continuariam, enquanto estivessem juntos.