Chosen Family

XXIX. Hayley

Eu não conseguia parar de bater o pé no chão, falhando miseravelmente em esconder o meu nervosismo. Quanto mais eu pensava, mais eu me desesperava com a ameaça dele. Eu não podia permitir que ele tomasse Anne de Henry, eu simplesmente não podia.

— Meu amor... – a voz de Henry me tirou da montanha russa torturante que eram os meus pensamentos. O carinho em sua voz eram, ao mesmo tempo, o meu calmante e a razão do meu desespero. Eu não o merecia, eu só servia pra lhe trazer problemas e confusão. Ele merecia mais que isso – Hayley, o que tá acontecendo?

— Preciso ir embora – levantei-me rapidamente, seguindo na direção do closet mas conseguindo notar seu olhar de surpresa e confusão – Agora, Henry. Eu... Eu preciso ir!

— Wow! – ele veio até mim rapidamente – Ei, que história é essa? – ele perguntou me segurando pelos ombros. Tentei abrir a boca pra falar, mas a voz estava entalada em minha garganta. Por mais que eu tentasse, eu não conseguia, o que me fez chorar, tanto de raiva quanto de frustração – Querida, o que houve? Você estava tão bem...

— Eu não posso mais ficar aqui... – falei puxando o ar com força, mas sem conseguir parar as lágrimas – Eu sou um ímã gigantesco de problemas e você merece coisa melhor do que o que eu tenho pra oferecer... Eu preciso ir!

— Não vai a lugar algum enquanto não me contar de onde isso tá vindo! – ele falou me encarando. Sua preocupação era clara, mas eu não merecia o sacrifício – E, por favor, me deixe decidir o que é melhor pra mim, Hayley! Fala comigo, por favor!

O tom de voz que ele usou, me fez chorar outra vez, mas nessa situação eu o abracei. Me agarrei a ele como se eu jamais fosse soltar.

— Estou cansada, Henry – continuei a soluçar – Muito!

— A banheira está cheia, por favor... – ele pediu acariciando minhas costas em movimentos circulares – Vamos, vem comigo. Vai ficar melhor depois de um banho. Podemos conversar quando você estiver mais calma, mas, por favor, nunca mais ouse dizer o que você acabou de dizer aqui.

Eu não conseguia parar de chorar e, se em algum momento ele desejou que eu me soltasse dele, ele não demonstrou. Continuou ali, me abraçando, cuidando de mim da maneira que podia e era inevitável que eu me sentisse pior, mas ele merecia ao menos a chance de decidir. Eu devia contar pra ele.

Aceitei que ele me guiasse até o banheiro e me ajudasse a tirar a roupa. Henry, como sempre, foi gentil, atencioso e o homem mais respeitoso que eu conheci. Ali estava eu, uma verdadeira bagunça, mas aqui estava ele cuidando de mim, mesmo depois de eu ter estragado seus planos.

— Não vai entrar? – perguntei com a voz rouca, erguendo o olhar até o dele

Henry deslizou o polegar sobre minha bochecha e limpou algumas lágrimas pelo caminho, enquanto acariciava o meu rosto. Me ofereceu um sorriso carinhoso que me fez suspirar.

— Quer que eu entre? – ele perguntou e eu suspirei, fazendo que sim com a cabeça – Então eu entro.

Ele repetiu os passos que me ajudou a realizar mais cedo, ficou nu e entrou na banheira cheia com todo o cuidado, tentando não espalhar água pelo banheiro todo. Quando ele finalmente se acomodou atrás de mim, eu me deitei sobre o seu peito, descansando a cabeça em seu ombro.

— Obrigada... – agradeci sentindo seus braços envolvendo o meu corpo sob a água – Não sei o que seria de mim, sem você...

— Eu acho que seria uma mulher incrível, corajosa e linda – ele falou tranquilamente e eu o olhei como se aquela fosse a mentira mais deslavada que ele já tinha me contado – E não adianta me olhar assim, garotinha. Sabe que estou falando a verdade.