XV. Henry

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Precisei de algumas semanas pra entrar um ritmo mais tranquilo. Anne estava mais adaptada a rotina e eu finalmente estava conseguindo conciliar tudo sem parecer que entraria em curto.

Foi pensando nisso que, quando tivemos uma pausa nas filmagens, eu achei melhor continuar na Hungria.

— Então, vocês não vêm mais? – Hayley perguntou com a expressão neutra, mas a sua voz denunciava uma certa decepção

— Acho que é exigir demais de Anne – falei com um suspiro – Ela finalmente está lidando bem com a rotina que temos aqui. Tenho medo que ela regrida nessa evolução, se formos para Jersey agora.

— Você não está errado... – ela suspirou apoiando a bochecha na palma da mão, mas apesar da frustração, ela sorriu – Que bom que vocês encontraram o ritmo de vocês, sério.

— Isso é bom mesmo – concordei e nós rimos – Mas eu queria voltar, acredito que Anne também.

— Logo estaremos juntos – ela falou sorrindo

— Você pode vir nos visitar – reforcei e ela balançou a cabeça, rindo

— Não quero desviar o seu foco... – ela justificou e eu rolei os olhos fazendo com que ela risse – Nem atrapalhar Anne.

— Eu duvido que isso seja possível – ri com ela

Todos os dias nós nos falávamos por vídeo, pelo menos umas três vezes. Nos dias mais corridos, era certo nos falarmos no fim do dia, quando Anne estava sendo posta pra dormir, já que ela insistia em ver Hayley.

Eu sempre mencionava a possibilidade dela vir nos visitar, mas ela sempre desviava o assunto ou se fazia de desentendida. Então comecei a deixá-la mais sossegada com isso e parei de insistir. Eu sabia que ela mesma tocaria no assunto, quando achasse necessário.

Ao longo dos meses, Hayley e Anne se falavam o tempo todo. Hayley falava mais com Anne do que comigo, o que também não era pouca coisa. Anne adorava ver as novidades da horta e como as plantinhas brotavam, Hayley continuava a sua maratona de curiosidades sobre cada coisinha que plantamos e eu achava o máximo que o relacionamento delas estivesse se consolidando cada vez mais.

Desde a infância, eu não me imaginava passando por essa fase da minha vida sem Hayley. É engraçado pensar que, mesmo diante de tudo o que aconteceu, eu não estava errado. Ela não só é parte da minha vida novamente, mas se tornou uma das pessoas mais importantes pra minha filha. Nada me deixava mais feliz.

— Papai, vamos voltar pra casa no natal? – Anne perguntou enquanto rabiscava uma folha de papel, deitada de bruços no chão

Eram apenas alguns dias, é verdade, e quando eu era só eu, não me incomodava em passar as festas longe de casa. A questão é que agora não tinha só eu pra pensar, já tínhamos passado o dia de ações de graça sozinhos. Tirar de Anne a chance de passar um natal em família, era demais.

— Quer ir pra casa? – perguntei deitando-me ao lado dela

— Quero ver a tia Hayley – ela falou sem desviar os olhos do desenho e eu ri

— Se a sua avó sonhar que você tá mais preocupada com a Hayley do que com ela... – ri imaginando e Anne sorriu

— Eu amo a vovó – ela declarou sorrindo – Mas eu quero ver a tia Hayley. – ela encolheu os ombros e eu a olhei com um sorriso.

Como ela conseguia ser tão linda?

— O que você tá fazendo aí? – perguntei me deitando sobre a minha barriga, ficando de bruços como ela estava

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