Chosen Family

VII. Hayley

Henry e eu nos aproximamos bastante enquanto eu o preparava pra ganhar a guarda de Anne. Bom, eu não deveria estar fazendo isso, mas decidi que eu ajudaria como eu pudesse.

Passamos muito tempo entre visitas ao orfanato e, quando não estávamos lá, estávamos em sua casa pensando em como abriríamos espaço em sua vida, pra ela, enquanto ele estivesse trabalhando.

— É claro que eu consigo – ele falou convicto – Eu faço isso pelo Kal... – ele mencionou o akita americano, que era nossa companhia diária.

— Ok, Henry... – eu ri balançando a cabeça – Desde que você entenda que ela demande mais atenção do que o cachorro.

Sim, era muito tempo que passávamos juntos, mas era algo exclusivamente direcionado ao trabalho. Apesar de uma vez ou outra brincarmos entre nós, não era um hábito.

Não era como antes.

E, mesmo assim, eu não me sentia mais tão desconfortável ao lado dele, especialmente quando Anne estava conosco.

Anne e eu tínhamos nos aproximado nesses meses, o que não era de se esperar, já que eu não costumava permitir essa minha aproximação com as crianças, mas ela era basicamente irresistível!

Todos os dias brincávamos no jardim do orfanato e todos os dias, sem exceção, nós duas formávamos time contra o Henry.

— Precisam de duas de vocês pra me vencer? – ele ironizava toda vez, mas nós não ligávamos.

E nós sempre vencíamos, pelo menos no pique esconde. Henry até procurava bem, mas eu e Anne éramos muito criativas e nunca nos escondíamos nos mesmos lugares.

— Ah! Achei vocês! – ele gritou, nos assustando, ao nos encontrar em um dos melhores esconderijos que já havíamos encontrado.

— Corre, Anne! Corre! – gritei vendo-a disparar diante de nós e indo atrás dela.

— Ah, não! Não vão fugir assim! – ele nos seguiu e, por pouco não me pegou, mas eu sempre fui boa em me esquivar.

Anne já estava salva, Henry agora tentava me pegar. A poucos metros de distância do ponto onde eu deveria bater pra me salvar, eu tropecei e caí rolando, sendo esmagada por Henry, que tentou ao máximo não colocar peso sobre mim, mas isso só adiantou um pouco.

Estávamos os dois ofegantes e exaustos de tanto correr. Eu estava estirada na grama, esperando a minha morte, enquanto ele ria.

— Um, dois, três, Hayley! – bati, esgotada, no ponto onde eu deveria me salvar – Viu? Ganhamos... – ri satisfeita enquanto ele ria deitado na grama.

Anne se atirou entre nós dois, também cansada de tanto correr.

— Eu queria muito um picolé! – ela falou com tranquilidade, fazendo com que Henry e eu ríssemos mais

E apesar de tudo, eu estava gostando de tê-lo por perto. Ele foi meu melhor amigo por boa parte da minha vida, e não era sem motivo.

Três meses depois

O juiz finalmente decidiu por dar, a Henry, a guarda de Anne. Ele era oficialmente o responsável legal da menina. No coração, ele claramente já era pai há muito tempo!

Eu não estava preocupada, ele estava pronto. Ele teria os cuidados necessários e, bom, ele sempre foi superprotetor, Anne estava em boas mãos.

Quando chegamos na vizinhança dos nossos pais, me preparei pra sair do carro, quando ele me chamou mais uma vez.

— Hayley... – ele chamou e eu me virei pra olhar em sua direção – Minha mãe vai fazer um jantar, pra comemorar a chegada oficial de Anne. Significaria muito se você fosse...