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RAFAEL NARRANDO:
As enormes portas da igreja se abriram, e aos sons do violino ela começou a andar em minha direção. Vitória vestia um lindo vestido branco de lantejoulas, e havia um enorme véu de renda branca que se estendia dos seus cabelos loiros dourados -- presos em um coque luxuoso -- até o piso. Ela não gostava de flores, sendo assim não se deu ao trabalho de segurar um boque. Em suas mãos ela trazia uma pequena almofada, onde se encontrava as alianças. Vitória estava linda, e o melhor de tudo era que ela era minha e eu era dela; daquele dia em diante nós estaríamos para sempre juntos, estaríamos para sempre um ao lado do outro.
Minhas mãos soavam, e meu coração batia acelerado. Eu queria gritar o mais alto que eu podia, queria que todos soubessem que eu estava me casando. Toda minha vida se resumia àquele instante. Cada suspiro, cada batimento do meu coração, cada decisão tomada me levou àquele altar, e eu não podia estar mais grato, mais feliz. Eu tinha tudo que eu queria, tudo que eu precisava. Eu quis aquilo desde o primeiro momento que eu coloquei meus olhos nela.Quando Vitória finalmente chegou ao altar, ela olhou no fundo dos meus olhos, e de repente todas as nossas lembranças juntos retornaram à minha mente: o dia em que nos conhecemos; o primeiro imóvel que vendemos juntos; nosso primeiro beijo; o piquinique que fizemos no Healdsburg Plaza e a noite em que fizemos amor pela primeira vez. Tudo aquilo era como um filme que eu jamais me cansaria de assistir. Aquilo era nossa história, a história que contaríamos para nossos filhos quando eles nos perguntassem como nós nos conhecemos.
Alasca saiu do canto do altar, andando na direção de Vitória e pegou a almofada com as alianças das sua mãos. Vitória me estendeu a mão para que eu pudesse ajudá-la a subir os degraus, e aquele simples contato físico fez com que uma eletricidade percorresse o meu corpo, e uma enorme vontade de beijá-la tomasse conta de mim. Ela parecia saber o que eu estava pensando, pois o sinal de um sorriso surgiu no canto dos seus lábios, e ela colocou uma mecha imaginária de cabelo atrás da orelha. Sem nem me importar com as pessoas e o que elas pensariam, a trouxe delicadamente de encontro ao meu corpo e a beijei como se aquela fosse a primeira e última vez que nos beijamos.
Lentamente afastei os meu lábios do dela. Um delicioso formigamento se espalhou pelo interior da minha boca, e seu cheiro doce invadia os meus pulmões. Ela abriu os olhos e me encarou, enquanto isso, os convidados a nossa volta sorriam e aplaudiam, até mesmo o padre à nossa frente. Nos aproximamos ainda mais do altar, nos ajoelhando em frente a uma mesa, e então, calmamente o padre começou a dizer:
-- Estamos hoje aqui, diante de Deus e dos homens, para unir em matrimônio esse homem e essa mulher. Eles se encontraram em meio a tantos outros, se amaram e apoiaram um ao outro. Se tornaram uma única alma abitando dois corpos, dois seres que não são mais os mesmo sem o outro... -- E assim o padre continuo seu discurso, destacando como Deus nos unira e nos preparara para aquele momento. E por mais que aquele dia poderia ser o mais feliz de toda minha vida, aqueles minutos em especial foram demorados e apreensivos. Quando o padre enfim chegou na parte em que perguntava se Vitória me aceitava com seu esposo, eu já mal podia me conter ou esperar para tê-la só para mim: -- Vitória, você aceita Rafael como seu legítimo esposo?
-- Sim! -- disse ela, então olhou para mim.
-- Rafael...
-- Sim, eu a aceito como minha esposa.
-- Sendo assim, eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.
-- Clichê, não? -- perguntou Vitória, quando afastamos nossos rosto depois de nos beijar.
-- O melhor clichê de todos.
***Quando entramos no salão onde aconteceu a festa de casamento, todos os convidados já estavam dispostos aleatoriamente pelo local. Vitória estava aguarrada ao meu braço direito. Mais cedo, antes de virmos para o salão, ela trocara seu majestoso vestido de casamento por um vestido social também branco. Caminhamos até a mesa dos noivos, e nos sentamos.
Cumprimentamos centanes de pessoas antes que a valsa começasse a tocar. As pessoas abriram espaço em meio ao salão e aguardavam que o salão fosse aberto -- tradicionalmente pelos noivos que dançavam a primeira dança.Me virei para Vitória, e aguarrando sua mão e levando-a até os lábios, disse:
-- Então senhora Cardoso, me concede a honra dessa primeira dança?
Sorrindo ela confirmou com a cabeça. Andamos até o meio do salão enquanto centenas de convidados nos observavam estupefatos. Paramos um a frente do outro, nossos quadris se tocando e nossas respirações se misturando. Seus dedos tocaram meus ombros, os meus sua cintura. Então começamos a dançar, sempre mantendo o delicioso e inquebrável contato visual. Nossos corpos agiam como um, nossos pés em sintonia. Éramos um, e éramos felizes.Aos poucos as pessoas começaram a dançar assim como nós, e minutos depois o salão estava cheio de pessoas sorridentes e ofegantes. Vitória aproximou o rosto do meu ouvido e sussurrou:
-- Eu te amo.
-- Para sempre? -- indaguei, sentindo os pelos da minha nuca se arrepiarem e algo endurecer em minhas calças.
-- Para sempre -- disse ela por fim.
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Vingança Sangrenta
Mystery / ThrillerA corretora Vitória Gomes vivia sendo atormentada por lembranças de um passado terrível, e não importava o que fazia ou para onde ia, ela sempre voltava para aquela casa, naquela noite. Mudar de identidade e cidade não foi suficiente para fazer co...