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VITÓRIA NARRANDO:
Sentada atrás da minha mesa, eu escutava uma correria no corredor. O som oco de um salto tocando o chão ecoava frequentemente trás daquelas paredes, e Sarah esbravejava:
-- Ei, você não pode entra aí. Eu vou chamar os segurancas.
Os apelos de Sarah eram seguidos por uma resposta áspera e raivosa:
-- Faça o que você bem entender. Eu entrarei nessa sala de qualquer maneira.
A porta da minha sala foi aberta, mostrando um Rodrigo furioso. Sarah se mostrava logo atrás dele. Ela estava com medo, certamente ela achava que eu iria demiti-la depois daquele inconveniente. Ela passou por ele, caminhando até o meio da sala.
-- Senhora Vitória, eu sinto muito. Eu tentei não deixá-lo entrar, mas ele não me ouviu.
-- Não tem nada com o que se preocupar Sarah. Você pode voltar ao seus afazeres, eu irei lidar com esse senhor.
-- Está bem -- disse Sarah, virando-se e saindo da sala.Rodrigo atravessou a pequena distância que me separava dele, e se sentou na cadeira em frente minha mesa. Sua ira transendia sua expressão e me causava um leve desconforto. Ele não falava uma única palavra, apenas continuava me olhando fixamente. Seus olhos negros como pedacos de carvão me causaram um certo temor. Por que era tão difícil olhar em seus olhos?
-- Foi você? Por que você fez isso? -- disse ele finalmente.
-- Isso o quê? -- indaguei, fingindo não saber ao que ele se referia.
-- Você sabe do que eu estou falando! -- exclamou ele, elevando a voz.
-- Não, eu não sei do que você está falando. E se você gritar comigo outra vez eu chamarei o seguranças. Não se esqueça que essa empresa é minha e que, você não tem nem autoridade e muito menos direito de falar comigo dessa maneira -- disse, levantando-me da cadeira e batendo as mãos na mesa, enquanto me incilnava para frente e acrescentava: -- Quem você pensa que é?
-- Me desculpe. É só que... Uma matéria foi publicada, nela diz que eu sou corrupto e um detetive charlatão e desonesto. Eu pensei que você a tivesse publicado, ou que mandou alguém publicar. Eu perdi meu emprego, estou sendo investigado e não consigo mais nenhum cliente. Eu não sei o que fazer.
-- Seu pensamento está certo. Eu mandei publicar aquela matéria. -- Ele me olhou assustado.
-- Por quê?
-- Porque é verdade. E também, porque você estragou meu plano, você deixou que eu fosse humilhada. Há alguns anos eu jurei que qualquer um que ficasse entre mim e minha vingança seria destruído, e foi isso que você fez. Você ficou no meu caminho, atrapalhou meus planos. E é isso que acontece com que fica no meu caminho. Você escolheu o lado errado Rodrigo, e isso não é minha culpa. Eu sou apenas uma mulher que se defende, e quem tentar me impedir de fazer isso, será destruído.
-- Você é louca! Eu não tive nada a ver com o que aconteceu com você. Eu não sei do que você está falando.
-- Você tem certeza? Não foi você quem contou meu plano para Carlos? E também não foi você quem roubou as fotos dele e Sofia juntos? -- Ele se calou e engoliu em seco.
-- Quem te disse?
-- Não importa. O que importa é que eu confiei em você, e você me traiu. Agora, arque com as consequências. -- Voltei a me sentar na cadeira, que se movimentou levemente para a direta e logo depois para esquerda.
-- Por favor, tire aquela matéria da Internet. Fale que tudo é Fake News, que eu não sou assim. Você é a única pessoa que tem esse poder. Eu te imploro. -- Ele realmente implorou. Eu ri com satisfação.
-- Por mais que eu goste muito de te ver implorar, eu não posso. Não mais. -- Por favor...
-- Por que eu deveria? O que eu ganharia em troca? -- falei, e ele ficou pensativo.
-- Eu posso tentar desenterrar o passado de Carlos. Posso fazer o que você quiser. Mas por favor, apague aquela matéria.
-- Você já me traiu uma vez, o que garante que não o fará de novo?
-- Eu juro que jamais irei fazer aquilo novamente. Você tem a minha palavra...
-- O que não vale muito, acredito -- o enterrompi.
-- Dessa vez, vale.
-- Eu prefiro não arriscar. Você me traiu uma vez, e não deixarei que você faça novamente. -- Ele engoliu em seco, seu corpo pareceu estremesser. -- Eu não irei tirar a matéria do ar. E se eu fosse você, começaria a procurar outro emprego. -- Você ainda irá se arrepender disso. Você ainda precisará de mim.
-- É o que vamos ver.Irado, Rodrigo se levantou da cadeira e saiu da minha sala. Lancei meu corpo para trás, relaxando minha postura, enquanto suspirava aliviada. Eu não sabia ao certo o que eu sentia, mas era um misto de decepção, culpa e realização. Confiar em alguém às vezes era difícil para mim, mas era algo que eu precisava fazer. Uma rainha nunca ganha uma guerra sozinha, mas de vez em quando é necessário sacrificar alguns peões. Eu poderia vencer aquela guerra sozinha, mas vez ou outra, eu presisaria de uma ajuda, ajuda essa que eu pediria à quem eu confiava. E eu esperava que eu não fosse traída. Eu confiei em Rodrigo pois, em algum momento ele se mostrou um amigo, e depois de sua traição, algo ficou claro: eu não podia confiar em mais ninguém que não fosse Alasca e Rafael. Qualquer pessoa poderia me trair, e aquela altura, eu não suportaria outra traição. Lá no fundo, mas bem lá no fundo mesmo, eu estava triste.
Peguei o interfone, ligando para Sarah, que estranhamente me atendeu mais rápido que o comum.
-- senhora Vitoria! Algum problema? A senhora precisa de minha ajuda para algo? -- Sua voz soou um pouco preocupada.
-- Na verdade sim! -- respondi, pensando no que diria à ela. -- Eu preciso que você notifique os seguranças de que, esse homem que saiu agora pouco da minha sala, não deve entrar mais na empresa. Eu quero ele bem longe daqui. Você poderia me fazer esse favor?
-- Claro. Os avisarei agora mesmo.
-- Muito obrigada, Sarah.
Assim que desliguei o interfone, o som de notificação do meu celular chamou minha atenção. O busquei em cima da mesa, levando-o até a altura dos olhos e li pela Barra de notificação a mensagem que Rafael havia enviado." Nós veremos amanhã na festa da empresa? Sei que você estará linda, e mal posso esperar para te ver.
P.s: Como agiremos em público? Ah-a me lembrei. "
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Vingança Sangrenta
Mystery / ThrillerA corretora Vitória Gomes vivia sendo atormentada por lembranças de um passado terrível, e não importava o que fazia ou para onde ia, ela sempre voltava para aquela casa, naquela noite. Mudar de identidade e cidade não foi suficiente para fazer co...