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VITÓRIA NARRANDO:
As semanas passaram devagar. E durante todos aqueles dias, não houve uma só hora em que eu não senti falta de Rafael. Eu queria voltar, mas sentia que não podia. Eu já havia causado estrago demais em sua vida, não queria feri-lo mais do que já tinha ferido. Ele merecia alguém melhor que eu, ele era bom demais para mim. Ele era gentil, meigo, divertido, e não merecia passar por tudo que o fiz passar. Às vezes eu queria ligar para ele, queria ouvir sua voz, e que ele me fizesse rir. Porém, eu sempre deixava para lá.
Mesmo estando ali apenas a poucas semanas, eu já estava menos traumatizada. Eu conseguia falar sobre o que aconteceu, e as lembranças não me afetavam mais. Aquilo tudo parecia ter acontecido com outra pessoa, e não comigo. Não existia mais ódio, nem vingança, e muito menos algo a superar. Havia apenas eu, uma pessoa que estava apavorada, com medo de encarar o homem que amava, pensando que talvez ele não me amasse mais. E que, ele finalmente tinha percebido que eu não era boa o suficiente para ele, que ele merecia alguém melhor. E talvez naquelas ultimas semanas ele tinha conhecido alguém, e já era tarde demais para mim fazer algo.
Alasca entrou no quarto, segurando um envelope nas mãos. Ela andou até os pés da cama, e se sentou, me entregando a envelope em seguida.
-- Isso chegou para você.
Peguei o envelope e o abri, desdobrando uma folha de papel coberta por letras.
Minha Querida,
VitóriaQuando você ama verdadeiramente alguém, não importa quanto tempo se passe ou o que aconteça. Aquele sentimento, sempre estará presente em você. Você pode não gostar, ou tentar escondê-lo, mas você sempre amará essa pessoa. E não é preciso que eu te diga o quanto eu te amo, pois você mesma sabe disso.
Eu me sinto um idiota por estar escrevendo essa carta, mas se ela pode te fazer voltar, então vale a pena ser um idiota. Por você Vitória, vale a pena ser qualquer coisa.
Você se lembra da nossa promessa? De quando nós prometemos que nada e nem ninguém nos separaria?
Bem, parece que nós não a cumprimos, pois estamos separados. Estamos distantes um do outro, e não sabemos se voltaremos a nos ver algum dia. Quando eu li sua carta, eu não conseguir acreditar que você tinha ido embora, isso até não te ver mais na empresa e em nenhum outro lugar.
Desde que você partiu, meus dias já não são mais os mesmos. As coisa tem sido mais difíceis e triste sem você aqui por perto. Eu sinto sua falta todos os dias, que se se sucederam depois da sua partida.
Eu pensei em te ligar várias vezes, mas eu não queria te sufocar com todas minhas ligações. Sei que você está tentando superar os seus traumas e medos, mas eu queria tanto ter você aqui. Queria tanto sentir sua pele sendo envolvida pela minha, sentir seus lábios colados ao meu.
Eu não conhecia o sentido da vida, até você chegar. E sem você, não consigo ver nenhum sentido em continuar vivendo. As pessoas dizem para mim ser otimista, mas elas não imaginam o quanto isso é difícil. Elas dizem que eu amarei novamente, mas eu não quero amar alguém que não seja você. Eu te amo, Vitória. te amo com cada átomo do meu corpo, e quando eu morrer, e eles se desentregarem no ar -- ou no solo --, eu contiarei te amando. E meu amor por você será eternizado nos seres vivos que respeitarem o ar, e até mesmo nas plantas que nascerão no solo.
Eu só quero que saiba que, preciso de você, que eu te quero mais que qualquer outra coisa, por isso, peço-lhe que volte para mim, que volte para os meus braços.Com muito amor e saudade,
RAFAEL.
Meus olhos estavam cobertos de lágrimas. Ele ainda me amava, e sempre me amou, assim como eu sempre o amei. Suas letras estavam ali, a prova viva de que ele não me culpava, de que ele sentia minha falta e me queria ao seu lado, tanto quanto eu o queria. Meu coração pulava dentro do meu peito, meu sangue fervia em minhas veias, e em minha pele, eu sentia do seu toque.
-- O que diz aí? Quem enviou essa carta? Foi Rafael?
-- Sim, foi ele. Mas o mais impresionante é: como ele coseguiu meu endereço?
-- Sabe, talvez eu tenha te visto tristes pelos cantos e resolvi ligar para ele.
-- Talvez?!
-- Ah, não seja medrosa Vitória. Você o ama, e ele te ama. Você sabe o quanto é difícil encontrar um sentimento assim? -- Ela pegou em minha mão, atraindo ainda mais minha atenção para si. -- Não fique aqui se martirizado por tudo que aconteceu! Vá encontrar ele, vá viver. Você me dizia que um dia queria encontrarar alguém que, você olharia nos olhos, e se apaixonara perdidamente. Você queria ser amada com todas as forças do universo. Você sempre falava, " não é sobre se completar, mas sim sobre entregar-se um ao outro, e amar até mesmo os seus defeitos". E agora que você encontrou tudo que procurava, você fica aqui perdendo tempo. Não seja tola, não o perca. Porque se isso acontecer a culpa será somente sua.Ela se levantou e saiu de dentro do quarto, me deixando ali sozinha, encarando a folha coberta pelas letras de Rafael. Eu reli a carta várias e várias vezes, e ela sempre me causava a mesma sensação. Alasca estava certa, eu não podia perder Rafael também. Eu merecia ser Feliz.
Busquei uma folha de papel e uma caneta na gaveta da pentiadeira, e desesperadamente comecei a escrever.
Querido,
Rafael.Eu recebi sua carta, e eu também estou morrendo de saudades.
Eu gostaria muito de te dizer que, eu encontrei o enorme túnel que eu tenho que atravessar, e eu espero que você seja a luz no final desse túnel. Eu quero que você seja a luz que vai iluminar a minha vida, a luz que me mostrará o caminho em meio a escuridão. Todo essas semanas em que eu fiquei longe eu pude perceber várias coisas, e uma delas foi que eu não consigo viver sem você, Rafael. Você é o meu lar, o meu oxigênio. E Eu preciso de você. Eu quero estar com você. Por isso eu tomei uma decisão: Eu estou voltando para Healdsburg; para os seus braços; para onde eu nunca devia ter saído; Eu espero te encontrar no aeroporto, às 17 horas no dia 20 de Novembro, até lá, um enorme abraço.Com muito carinho,
Sua Vitória.
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Vingança Sangrenta
Mystery / ThrillerA corretora Vitória Gomes vivia sendo atormentada por lembranças de um passado terrível, e não importava o que fazia ou para onde ia, ela sempre voltava para aquela casa, naquela noite. Mudar de identidade e cidade não foi suficiente para fazer co...