XL - Descoberta

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VITÓRIA NARRANDO:

-- Essas são todas as imagens?
-- Sim! Essas foram as únicas que me enviaram.  E são todas as que foram tiradas na cena do crime -- respondeu Daniel.
-- Bem, elas irão servir. -- Me sentei de frente para mesa, procurando entre os papéis algo que pudesse me ajudar. -- Vamos começar? Você fica com as imagens e eu fico com as anotações.
-- Ham...  Tudo bem, mas antes eu preciso beber um copo d'água.
-- Claro, fique a vontade. Acho que também tem  suco na geladeira, se você quiser.
-- A água é suficiente, por enquanto.
-- Se o que você diz. 

Daniel e eu passamos horas analisando aquelas imagens e anotações; Mesmo não vendo nitidamente as imagens, sempre que Daniel as pegava ou as colocava novamente sobre a mesa,  eu as via de relance. Em uma delas Carlos estava caído no chão, uma enorme poça de sangue o cercava, os olhos  erregalados, e os pequenos buracos em sua camiseta. Em outra havia vasos quebrados, manchas de sangue nas paredes,  e alguns pedaços de algodão umidecidos por álcool -- eles provavelmente deviam ter sido usados para fazer algum curativo. Aquelas imagens me causaram um certo incômodo, uma sensação ruim e inojável. Eu não me sentia bem fazendo aquilo. Não me sentia confortável em ficar vendo e lendo os detalhes mórbidos da morte dele,  porém, eu devia isso à Rafael. Eu o havia envolvido naquilo, e agora era meu dever livrá-lo das consequências.
Assim como as imagens, as anotações não revelavam muita coisa. Elas faziam um breve resumo da noite do crime. Destacavam entre linhas, como ele foi espancado antes de morrer, e que o DNA de Rafael foi encontrado em baixo de suas unhas. " A vítima foi morta por volta das 23 horas. Recebeu três tiros a queima roupa, um no peito e os outros dois no Basso", repeti em voz baixa, ao ler o que estava escrito no canto da folha. Levei meu olhar ao início do pedaço de papel solto, e novamente com a voz baixa, comecei a ler. " O suspeito( Rafael Cardoso) foi visto saindo da casa da vítima, logo antes de seu corpo ser encontrado. Suas digitais foram encontradas em algumas partes da casa, e infelizmente a arma do crime ainda não foi encontrada. Segundo o detetive Rodrigo, que está ajudando no caso, o suspeito tinha motivos para executar o crime. Ele conseguiu nos provar que o suspeito estava envolvido com Vitória Gomes, que anos atrás foi estuprada pela vítima. Quando ficou sabendo disso, Rafael Cardoso foi até a casa da vítima e a matou".  Eles sabem sobre o estupro, pensei, enquanto sentia algumas partes do meu corpo tensionarem. Logo, eu também serei considerada suspeita. Fui brutalmente retirada dos meus pensamentos por Daniel, que perguntou:
-- Vitória? Descobriu algo? Você parece surpresa.
-- Hum... sim, descobri. -- Permiti que a folha caísse sobre a mesa, se misturando as outras. -- Eles sabem sobre o que aconteceu anos atrás.

Daniel me olhou assustado, desejando secretamente para que aquilo não fosse verdade, para que ele não enfrentasse um processo. Ele já tinha sobrevivido a minha vingança, e não queria ter que sobreviver à lei.

-- Fique tranquilo, eles não sabem que você é seus outros amigos ajudaram.
Ele respirou aliviado, e tentando não parecer feliz, disse:
-- Entendi.

Voltamos a procurar pistas entre os vários papéis. Ele analisava novas imagens, e eu lia novas e tediantes anotações. Horas se  passaram, e nada, nem uma pista sequer. Eu já havia relido as anotações duas vezes, e mesmo assim não encontrava nada de intrigante. Daniel no entanto, continuava com aquela mesma determinação de horas atrás. Olhava fixamente para as imagens, procurando algo novo. E Não importava quantas vezes ele olhava, sempre era a mesa coisa: nada.

Largando uma pequena pilha de anotações sobre a mesa, eu me levantei. Lancei um olhar curioso em direção a Daniel e disse:
-- Eu irei fazer algo para nós comermos.
Daniel me olhou, deu de ombros e voltou a se concentrar nas imagens.

Enquanto passava pasta de amendoim em alguns pães, eu comecei a pensar em Rafael. Em como ele poderia estar se sentindo sozinho e abandonado naquela cela escura. Nas diversas maneiras como aquilo afetaria o seu psicológico, e, consequentemente o marcaria para sempre. Um tsunami de lembranças me atingiu, trazendo uma leve sensação de formigamente em meus lábios, ao me lembrar dos seus beijos. Minha respiração se tornou ofegante ao recordar de suas mãos me apertando contra seu corpo. Tudo que eu queria era beijá-lo. Tudo que eu queria era sentir o calor do seu corpo. Apertei levemente minhas coxas, notando a leve umidade em minha calcinha se expandir. Coloquei os sanduíches em um prato ao lado de dois copos de leite e andei de volta para a mesa.

-- Descobri! Eu finalmente descobri! -- disse Daniel, antes que eu levasse os sanduíches até ele.
-- O quê? Você descobriu quem o matou? -- perguntei, largando o prato sobre o balcão, e andando exasperada em direção a mesa.

Depois da curta comemoração, Daniel ficou em silêncio. Apesar de ter descoberto quem realmente era o asssino de Carlos, ele parecia não estar contente. Ele certamente estava chocado com o que descobriu, e quando ele voltou a falar, com a voz embargada de dúvida, eu percebi que talvez eu também não gostasse da resposta que aquela investigação de principiantes traria.
-- Vitória, qual foi a arma usada para matar Carlos?
-- Espere um minuto, deixa eu procurar -- disse, me curvandoem direção a pilha de papel que estava sobre a mesa.
Esparramei alguns papéis corriqueiros e indesejados  para longe, e finalmente encontrei a página certa. Sim, ali estava. Aquele era o nome da a arma que fora usada para matar Carlos.
-- A arma usada no crime foi uma pistola automag III.
-- O que você fez? -- disse ele, dirigindo-se a alguém que notavelmente não estava ali.
-- O quê? Eu não estou entendendo.
-- Você está vendo esse colar nessa foto? -- Ele me mostrou uma das imagens, onde em um canto intocável pelo policiais havia um cordão de prata. Aquele cordão não estava entre os objetos encontrados pela perícia, o que me fazia perceber que eles não o havia encontrado. Balancei a cabeça confirmando que havia visto o cordão, e então ele prosseguiu: -- Eu conheço esse cordão. Eu mesmo o escolhi em uma joalheria. E a arma, eu sei a quem ela pertence.
-- O que você está querendo dizer? O que tudo isso significa?
-- Significa que eu sei quem matou Carlos. Vem, vamos libertar meu irmão.
-- Para onde?
-- Você irá ver, mas vamos rápido. Não temos muito tempo.

Vingança SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora