XXIX - Vingança é o meu novo Preto - Parte 3

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DANIEL NARRANDO:

O som da campanhia ecoou pela casa, fazendo com que eu despertasse dos meus pensamentos. Andei em direção a porta e a abri.
-- Senhor Daniel. Como o senhor está? -- perguntou Sarah.
-- Oi Sarah. Eu estou bem e você?
-- Eu estou ótima.
-- Você quer entrar, para tomar um café ou um copo com água?
-- Não, não será necessário. Eu vim apenas te entregar o seu celular. A senhorita Vitória, mandou eu lhe dizer, " muito obrigada". Ela ficou muito contente com a sua ajuda -- disse ela, me entregando o meu celular. -- Ela também me pediu para te entregar esse convite da festa que ocorrerá na empresa no sábado. Tchau.
--- Tchau, e muito obrigado.

Sarah se virou e andou até um carro estacionado na frente da minha casa. Não demorou muito tempo até que, ela ligou o carro e sumiu na estrada. Logo após fechar a porta, eu comecei a andar de volta até o sofá. Por conta da luz solar fraca que entrava na casa através das brechas das janelas, percebia-se que o sol estava se pondo, e logicamente um vento frio já se espalhava pelo ambiente.
-- Haa Vitória... o que você aprontou dessa vez? E por que você precisou do meu celular para isso? --- murmurei, enquanto me sentava no sofá.

Não saber o que Vitória poderia ter feito estava tirando todo o resquício de paz que havia me sobrado. A incerteza que se instalou em meu interior depois do nosso encontro, me assombrava todas as vezes que tentava me focar em outra coisa. Ela havia me perdoado? Eu não sabia, e isso me matava. Perdão. O que essa pequena palavra poderia significar? Redenção, talvez? Ou significaria seguir em frente? Eu poderia seguir em frente? E ela, será que ela conseguiria? Somente mais tarde, quando fui traido e tive meu coração despedaçado, foi que eu conseguir entender que, ninguém realmente perdoa outra pessoa, elas poderiam tentar seguir em frente ou esquecer. Mas o medo de ser magoada de novo sempre estaria presente, e você pensaria duas vezes antes de confiar na pessoa novamente. Essa era a verdade.

Às vezes as pessoas faziam coisas imperdoáveis somente porque outras pessoas pediam, ou porque elas se sentiam perdidas e sem rumo. Eu já me senti assim. Havia momentos em que eu não sabia o que fazer, não sabia quem eu era ou o que queria. Quando eu conheci Carlos, eu não era nada mais que um simples aluno do ensino médio, todos nós éramos, exceto Carlos. Ele era o típico aluno popular, e foi ele quem de certa forma nos tornou populares. Ele fazia com que eu me sentisse especial, compreendido e forte. Nenhum de nós conseguíamos dizer não para o que ele nos pedia. E quando ele me pediu para fazer aquilo, eu hesitei, mas acabei que por fazer o que ele queria. Todos os dias eu ainda me perguntava porque eu tinha cedido ao seu pedido, mas eu já sabia a resposta. Eu fiz porque tinha medo de perder a sua amizade, e voltar a me tornar quem um dia eu já fui. Ele fazia com que nós não conseguíssemos imaginar uma vida sem ele. Era como se eu estivesse ligado a ele através de um cordão umbilical, e eu não queria me livrar daquela ligação.

Ao desbloquear meu celular, li um curta mensagem de texto que Carlos me enviara um pouco mais cedo. Ele dizia que precisava conversar comigo, que tinha uma coisa para me contar. Eu pedi para que ele viesse na minha casa na manhã seguinte, que nós sairíamos para tomar café da manhã na cafeteria do meu condomínio e que ali poderíamos conversar em paz. Ele me respondeu apenas com um " Ok", e eu subi as escadas, indo para o meu quarto. Já deitado na cama, peguei um livro em cima do criado mudo e comecei a lê-lo, minutos depois senti minhas pálpebras pesarem, e aos poucos o livro deslisou da minha mão, e eu adormeci.

***

-- Antes que você me fale o que você disse que me contaria, eu preciso saber se você recebeu o convite de Vitória -- disse, enquanto retirava o sachê de chá de hortelã de dentro da minha xícara.
Carlos lançou o corpo para trás se ajustando na cadeira, e esbanjando um enorme sorriso enquanto pegava um cooke na bandeja, ele disse:
-- Sim, eu recebi.
-- E você vai? -- questionei.
-- Mas é claro que eu vou.
-- Legal... Agora me diga, o que você quer me contar?
-- A Vitória tentou fazer com que Arthur me pegasse na cama com sua noiva, porém ela não conseguiu. Ela havia colocado um detetive para me seguir, mas eu o subornei e o tornei meu aliado. Então, quando ela tentou armar para mim, eu a enganei e a humilhei.
-- Você o quê?
-- Isso que você acabou de ouvir. -- Carlos se inclinou para frente, escorando os antebraço na mesa. --- E eu não vou parar até que ela pague pelo que ela nos fez. Se ela é vingativa, eu posso ser ainda mais.
-- E você realmente tem um caso com Sofia, a noiva de Arthur?
-- Não, claro que não. -- Carlos desviou o olhar na direção oposta à mim. Ele estava mentindo, e sabia que se olhasse em meus olhos, eu descobriria. -- Eu jamais faria isso. você me conhece, sabe que eu posso ser um cafajeste, mas que eu jamais trairia o Arthur dessa maneira.
-- Entendi -- murmurei, enquanto colocava a xícara de chá dentro do pires. -- Mas me diga  como Vitória reagiu ao saber que foi enganada?
-- Você precisava ver a cara dela! -- Seus olhos brilharam, sua boca se arqueou em um sorriso maléfico, e então ele disse: -- Ela ficou sem reação. Dava pra ver em seu olhar, que ela estava frustrada e com raiva. Ela ainda tentou convencer Arthur sobre sua história e tudo mais, mas ela não conseguiu. Foi fantástico. Ela teve o que mereceu.
-- Como você pode dizer isso?! -- esbravejei entre dentes. Carlos imediatamente fechou seu enorme sorriso, e me olhou um pouco assustado enquanto semicerrava a sobrancelhas. -- Nós destruímos a vida dela. Ela não merecia nada do que lhe aconteceu, nós somos os vilões aqui, não ela. Nós não tínhamos o direito de fazer o que fizemos. Ela tem toda a razão em querer vingança, e se eu estivesse no lugar dela não faria diferente. Nós merecemos tudo o que está acontecendo, ela não.

Me levantei da cadeira furioso, e saí da cafeteria. Enquanto andava em direção a porta de saída da cafeteria, eu conseguia escutar, ao longe, a voz de Carlos me perguntando o que tinha acontecido. Ele pedia para que eu voltasse, para que eu me sentasse novamente e que nós conversássemos. Porém eu não voltei. Quando eu passei pela aquela porta de vidro, eu finalmente me senti livre de Carlos, senti que pela primeira vez em muitos anos, o cordão umbilical que me prendia a ele, havia sido cortado. Eu não estava mais preso à ele, e suas vontades. Eu estava livre.

Vingança SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora