IV - A nova corretora

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RAFAEL NARRANDO:

Acordei com Daniel na porta do quarto me chamando, ele estava eufórico, não deixava ninguém esquecer que eu iria trabalhar na sua empresa. Aquele sempre foi seu desejo, desde que eu me tornei corretor, e depois que ele contratou Vânya Germanni, uma lenda viva no mercado imobiliário, faziz questão de que ela trabalhasse junto comigo.

"Você irá aprender muito com ela" afirmou ele, quando me deu a notícia.

Eu não via problema nenhum em trabalhar em duplas, ainda mais se fosse com uma das melhores profissionais do ramo. Eu era um corretor em ascenção, trabalhar com alguém que já tinha experiência, seria muito proveitoso para mim. Eu poderia aprender, e conquistar um lugar de destaque na empresa do meu irmão. Desde pequeno, eu sempre soube o que eu queria ser. E no momento em que meu irmão abriu uma imobiliária, eu soube onde eu queria  trabalhar. Soube que era em sua empresa, que eu queria obter destaque. Ser um profissional de sucesso, nunca foi um sonho, mas sim uma necessidade.
Aproveitei que Daniel iria para o mesmo lugar que eu, e peguei uma carona.
Durante o caminho, Daniel estava sorridente e feliz. Claramente havia um brilho no seu olhar, coisa que não era vista há anos. Eu sabia que havia algum motivo por trás daquela alegria toda, eu só precisava encontrar uma maneira de perguntar. Eu estava feliz por ele, ele sempre foi muito fechado e carregava uma grande culpa, e eu nunca soube o que ele fez, que pudesse o deixar tão armagurado assim. Mas vê-lo feliz, me tornava feliz, e eu realmente esperava que sua felicidade dure.

--- Então, por que você está tão feliz assim? --- perguntei, virando-me para olhá-lo.

--- Você realmente me conhece, não é mesmo? --- perguntou ele, desviando rapidamente o olhar da estrada para me olhar. --- Eu conheci uma pessoa.

--- Quem? --- perguntei, intrigado.
--- Isso você terá que descobrir sozinho --- disse Daniel, sem tirar os olhos da estrada.

--- Isso é um desafio? --- brinquei, ao lembrar das nossas competições quando pequenos.

--- Talvez.

--- Você sabe que eu nunca fujo de um desafio.

--- Sim, eu sei.

--- Me fale um pouco sobre a nova corretora. Nós vamos trabalhar juntos, não é mesmo? --- pedi, ao olhar para fora pela janela do carro.

--- Ela é uma ótima profissional. Muito responsável, e consegue convencer qualquer um à comprar um imóvel. Você aprenderá  muito com ela --- disse ele, com um sorrisinho no rosto.

--- Tomara que sim.

Daniel não me respondeu, apenas riu. E eu  sabia o que ele estava pensando. 
Ele parou o carro no estacionamento da empresa, e andamos até o elevador. Ao chegar em sua sala, Daniel me pediu que eu o esperasse fora de sua sala até ele me chamar, e enquanto isso não acontecia fui até o banheiro.
Quando retornei me sentei em uma das cadeiras próximo à sua sala,  esperando ser chamado, e alguns minutos depois o vi na porta, acenando com a mão, para que eu entrasse em sua sala, e assim fiz.
Ao entrar na sala, vi uma moça de costas. Ela permaneceu assim por alguns segundos, mas logo ela se virou, me concedendo uma das melhores vistas já contempladas pelos meus olhos.

Eu me sentia conectado à ela de alguma maneira, algo nos mantinham ligados, presos em uma jaula emocional. De repente parecia que meu corpo e ser estavam totalmente dependentes do seu olhar. Uma conexão se intensificava a cada segundo que nossos olhares se cruzavam.
Minha mãe sempre me disse, que quando eu encontrasse o amor, eu saberia reconhecê-lo, mesmo que eu nunca o ouvesse sentido antes. E agora eu sabia que era verdade, pois eu estava na frente da pessoa que eu desejava mais a cada segundo que se passava.

--- Então esse é o corretor que irá trabalhar com você --- disse Daniel, pegando em meu ombro orgulhoso.

--- Prazer, Rafael Cardoso --- disse, esticando a mão em sua direção.

--- Prazer, Vânya Germanni --- disse ela, ao apertar minha mão.

Então ela era minha famosa e respeitada dupla. Sorrir por dentro ao perceber que eu passaria bastante tempo com ela, e assim lhe conheceria melhor.

--- Agora que vocês estão oficialmente apresentados, já podem ir trabalhar --- disse Daniel, retirando-me dos meus pensamentos ---, mas antes, eu gostaria de falar com Vânya, a sós.

Saí da sala e fui para minha mesa, e mesmo com os muitos relatórios que teria de ler, eu não conseguia me focar no trabalho, minha curiosidade estava me matando para saber o que eles conversavam naquela sala.
Ouvi passos se aproximarem, me virei e vi Vânya andar em direção à sua mesa, por poucos segundos ela olhou em meus olhos, e logo depois desviou o olhar com frieza. Mesmo sendo rápido, aquele olhar penetrou minha alma de uma maneira intensa e jamais vista.
Ela estava um pouco longe, mas ao mesmo tempo perto. Eu não conseguia me focar nos relatórios que lia, paracia que esse era um dos muitos efeitos que ela já tinha sobre mim.
Percebi que ela se levantou, e foi até a impressora. E resolvi tentar uma aproximação.  Me levantei, fui em sua direção, e ao estar próximo o bastante para que ela me ouvisse, comecei a dizer:
--- Então somos parceiros.

Fiquei em pé ao seu lado.

--- Parece que sim! --- exclamou Vânya, de maneira impenetrável.

--- Se vamos ser parceiros, não seria bom nos conhecermos melhor? --- perguntei, fingindo ler algo na folha que segurava. --- Que tal um café no horário de almoço?

Ela tirou rapidamente os olhos da impressora, e me olhou para logo em seguida me responder:

--- Na verdade não acho. E quanto ao seu convite, a resposta é não.

--- Está bem, queria apenas que fôssemos amigos ou quem sabe mais que isso --- disse, um pouco frustrado e tentando deixar meu interesse por ela nítido.

--- Eu só irei falar isso uma única vez, e espero que entenda. --- Ela olhou em meus olhos. --- Nós teremos apenas uma relação profissional, e eu nunca irei ser mais do que sua parceira e dupla de trabalho. --- Ela se virou e voltou a prestar atenção somente nos papéis que imprimia.

O tremendo fora que levei me frustrou, mas eu ainda tinha esperanças e muitas outras oportunidades pela frente. E eu não desistiria na primeira vez.
Voltei para minha mesa e dessa vez, me foquei na pilha de relatórios sobre a mesma. Não percebi o tempo passar e logo era o horário do almoço, fui até um restaurante em frente a empresa.
Ao passar pela enorme porta de vidro do restaurante, vi uma cena inusitada e inesperada. Vânya estava sentada em uma mesa junto com um dos funcionários da empresa, e eles riam como se fossem íntimos. Senti uma pequena onda de ciúme crescer dentro de mim. Me sentei em uma cadeira um pouco distante, e de onde eu estava podia ver eles sorrindo e conversando, enquanto eu brincava com a comida em meu prato.

Como eu poderia estar com ciúmes de uma mulher que só conheço há um dia?

O homem que estava com Vânya levantou-se e foi ao banheiro, sem nem pensar, me levantei da minha mesa e fui até a que Vânya estava, e me sentei no lugar que antes estava ocupado pelo candidato à meu rival.

--- Parece que você usa sua postura profissional apenas comigo, não é mesmo? --- perguntei, esperando uma explicação.

--- Não lhe devo satisfações! --- Ela se levantou e saiu do restaurante, e enquanto caminhava para fora, eu observava seu caminhar sedutor.

--- Para onde a Vânya foi? --- perguntou o homem que a acompanhava, se aproximando da mesa.

--- Eu não sei. Ela disse que tinha alguns problemas para resolver e saiu --- disse, ao me levantar da mesa e também sair do restaurante.

Não estava sendo fácil, mas uma hora ou outra, eu consiguiria.
Conquistá-la, já não era mais uma simples vontade, e sim um desejo primitivo. Eu desejava seus lábios mais que à qualquer outra coisa, e eu não desistiria até tê-los  para mim.

Vingança SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora