XXXII - Amor não correspondido

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DANIEL NARRANDO:

   Quando Vitória me falou que amava Rafael, eu perdi o chão. Eu não conseguia assimilar outra frase, pois a voz dela ecoava repetidas vezes pela minha mente. " Eu amo o Rafael",  era o que a voz dizia. Meu coração foi violentamente esmagado pela desilusão, e a sensação de solidão se instalou em meu ser. Eu previa que eu jamais iria ser amado, que alguém jamais me olharia  com outros olhos que não fossem os de um amigo. O medo de ficar só, de não saber como era ser correspondido, me dominava e me deixava desesperado. Todas minhas esperanças se foram, e eu não podia mais me enganar ou auto me iludir. Aquela era a verdade. Vitória amava Rafael e não a mim, ela queria ele e não eu.
   Eu tinha dado tudo de mim, e mesmo  assim, não havia sido suficiente. Naquele momento eu entendi que,  ela jamais me amou, e que ela jamais iria amar. Porém, eu também  entendia  que, mesmo que  eu nunca fosse amado por ela, eu sempre a teria em meu coração. Ela sempre seria parte de mim; a melhor parte de mim.
   Eu nunca tive chances contra meu irmão, eu sempre estive à sua sombra, assim como a lua sempre esteve e  provavelmente sempre estara à sombra do sol.  Ela jamais olhou para mim como ela olhava para ele, e eu descobri da pior forma possível que ela jamais me escolheria, e que essa culpa era somente minha.
Eu sentia que já estava na hora de eu aceitar isso, estava na hora de aceitar que eu jamais teria seu amor, que ela jamais sentiria por mim o que ela sentia por ele. Eu queria poder me iludir com a ideia de que algum dia ela poderia se apaixonar por mim, mas eu compreendia que isso nunca aconteceria. 
   Ouvir ela dizer que amava à ele, foi e sempre seria a coisa mais dolorosa que já me aconteceu. Às vezes eu me perguntava o porquê de dentro 7, 5 bilhões de pessoas, eu ter me apaixonar logo pela que não me queria. Mas como não me apaixonar por ela? Como não desejar beijar seus lábios todas as vezes, que eu os via? Como não me curvar para ela, como um súdito se curva para sua rainha? 
   Mesmo que eu estivesse com outra pessoa, no fundo eu sempre preferiria  estar com ela, se pudesse, eu sempre a escolheria.  Mas como dizia a minha mãe:
"As vezes quem amamos, não nos ama de volta."
 Talvez não ser correspondido pela pessoa que eu mais amava era minha penitência à ser paga, meu castigo à ser cumprido. 
   As luzes do salão foram apagadas, a música foi desligada, mas eu continuava  dançando sozinho, sem ninguém em que eu pudesse depositar o meu amor. Eu lutava, me esforçava e dava o máximo de mim, porém, não era eu quem a estava levando para casa. E aquilo me deixou devastado, fez com que eu perdesse a vontade de sorrir.
   As últimas luzes do salão foram apagadas, e logo  suas portas se fechariam. Sem poder mais adiar a minha partida, eu fui para casa.
   Assim que entrei em casa, fechei a porta, e enquando subia as escadas, escutei alguém bater desesperadamente na porta. Aquilo me assustou um pouco. Quem bateria na minha porta àquele horário? Desci as escadas, e andei até a porta abrindo-a em seguida.
-- Era tudo verdade -- disse Arthur, ao passar por mim e entrar na casa. Ele estava furioso e triste. Os cabelos desgrenhados e a gravata frouxa.
-- O que é verdade? -- perguntei, fechando a porta e caminhando atrás dele.
-- O que Vitória disse.  -- Mesmo estando longe, senti um cheiro forte de bebida no hálito de Arthur. -- Sofia e Carlos tinham um caso. Eles me traíram. Riram de mim pela minhas costas.
-- Como assim? Carlos jamais faria isso. Ele nos conhece há anos. Nós somos amigos, ele vai ser o seu padrinho de casamento -- afirmei, descrente.
-- Eu vi eles dois juntos. Eles estavam se beijando nas escadas da empresa. Droga! Por quê? Por que eles fizeram isso comigo? Eu a amava! Ele era meu amigo! --- Arthur estava começando a se descontrolar, e eu não queria que isso acontecesse, não na minha casa.
-- Arthur se acalme! Esse estresse não te faz bem. Você precisa respirar. Você pode dormir aqui em casa se você quiser, e amanhã, quando você estiver calmo e com a mente sem os efeitos do álcool, você irá resolver essa situação. -- Ele respirou fundo, e uma pequena lágrima pareceu descer pelos cantos de seus olhos. -- Se for verdade isso que você está dizendo, nós daremos um jeito, juntos.
-- Está bem --- disse ele por fim, e então acrescentou: -- Eu ficarei aqui. --Passei uma de suas mãos por cima do meu pescoço, e pegando na lateral do seu corpo com a minha outra mão, o levantei e o ajudei a chegar até o quarto de hóspedes.
   Quando fui para o meu quarto e me deitei, eu não consegui dormir. Algo tirava meu sono, e eu não sabia se o que havia me causado aquela insônia tinha sido descobrir sobre Vitória e Rafael, ou, sobre Carlos e Sofia, que ironicamente eu já suspeitava, mas não tinha certeza. Entrelacei os dedos por baixo da cabeça, e fiquei olhando para o telhado. Naquela maldita noite, eu busquei uma saída para tudo que eu passava e sentia. Tentava desesperadamente encontrar motivos para continuar esperançoso, mas eu não conseguia pensar em nada tão feliz.  Nada podia salvar aquela noite. De longe, ela era uma das piores noites de toda minha vida, que perdia somente para a noite em que minha mãe morreu. Não pude impedir que uma lágrima escorregasse pelos cantos dos meus olhos, e aquela pequena lágrima carregava todos os sentimentos que estavam presos  dentro de mim. Aquela lágrima inexplicavelmente, me deu uma sensação de alívio, ela parecia ter me anestesiado e me libertado de um pouco da dor. Claro, ainda doía, mas não como antes. 
   O crepúsculo surgiu no horizonte, e ele aparentava me avisar de que, aquele dia seria mais um dia em que eu não saberia o que era ser amado. Me levantei da minha cama, e caminhei até o quarto de hóspedes onde Arthur estava. Ao abrir a porta não o vi na cama, me aproximei olhando em direção ao banheiro para ver se ele estava lá, mas foi em vão. Sobre a cama tinha um bilhete, e nele estava escrito:

" Eu agradeço muito pela sua ajuda, mas eu preciso resolver isso sozinho. Te mando notícias.
-- Arthur."

  

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