A corretora Vitória Gomes vivia sendo atormentada por lembranças de um passado terrível, e não importava o que fazia ou para onde ia, ela sempre voltava para aquela casa, naquela noite. Mudar de identidade e cidade não foi suficiente para fazer co...
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VITÓRIA NARRANDO:
Mesmo sentada do outro lado da sala, escutei alguém bater impacientemente na porta, eu conseguia escutar a pessoa andando de um lado para o outro em frente a minha sala. Fechei a pasta de relatórios que eu lia, e gritei:
--- Entre, por favor.
A porta foi aberta, revelando um Rodrigo agitado. Ele andou até a cadeira e se sentou, ficando do outro lado da mesa de frente para mim.
--- Boa tarde! --- exclamei, ao lançar o meu corpo para trás. --- Boa tarde --- disse ele, ao entrelaçar os dedos em cima do colo. --- Onde estão as chaves? --- perguntei, impaciente e curiosa. --- Estão aqui --- ele deslizou a mão pela mesa, e largou as chaves ao meu alcance. --- Tem certeza que eles estarão lá hoje? --- perguntei, apertando as chaves entre meus dedos. --- Sim! Eu confirmei com a recepcionista do motel, eles reservaram o quarto de sempre, para hoje à noite --- disse ele, ao olhar em volta da sala. --- Tem como me conseguir uma xícara de café? --- Ótimo! E quanto a sua xícara, eu irei pedir para que Sarah traga.
Peguei o interfone e liguei para Sarah, que não atendeu. Liguei mais uma vez para ela, que novamente não me atendeu. Me levantei da minha cadeira, passei levemente a mão no meu vestido na intenção de desamassar o tecido, e me virei para Rodrigo dizendo:
--- Me espere aqui, irei providenciar o seu café.
Saí de dentro da minha sala, deixando Rodrigo sentado na cadeira à minha espera. Andei até a mesa de Sarah, no fim do corredor, e a vi sentada, enquanto um homem mechia em seu interfone. Me aproximei, encarando aquela cena, tentado entender o que acontecia.
--- Tivemos um problema com o interfone, mas já estamos resolvendo --- disse ela, ao me ver perto à sua mesa. --- Você poderia providenciar duas xicaras de café e levá-las a minha mesa? --- perguntei. --- Claro! Levarei agora mesmo! --- exclamou ela.
Andei de volta até a minha sala, e ao chegar na mesma, me sentei em minha cadeira, enquanto ouvia Rodrigo perguntar:
--- Eu posso perguntar por que você se esforça tanto para prejuficá-los? --- Eles destruíram a minha vida. Me fizeram um mal, que eu jamais esquecerei --- disse, colocando a minha bolsa no chão, ao lado da minha mesa. --- Que mal foi esse? --- Eu não posso te dizer o que foi que eles me fizeram, mas saiba que realmente foi algo horrível --- falei, ao pegar o interfone, e ligar novamente para Sarah. --- A minha secretaria vai depositar o seu pagamento ---- ele assentiu com a cabeça.
Não demorou muito, até que Sarah entrou em minha sala, segurando uma bandeja com duas xícaras de café. Ela andou até a minha mesa, e nos serviu, entregando uma xícara para mim e a outra para Rodrigo. Ela andou de volta até a porta, e voltou para sua mesa. Rodrigo levou a xícara até à boca, tomando um pequeno gole de café e em seguida a colocou novamente em cima do pires.
