XLI - Quem matou Carlos?

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Apartamento de Carlos,
semanas antes.
Noite em que ele foi assinado.

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Depois da onda repetitiva de socos e xingamentos que Rafael lançou sobre Carlos, ele saiu do apartamento dele e o deixou sozinho e estirado no chão. Carlos estava com o rosto inchado e escorrendo  linhas grossas de sangue.
Ele se contorcia no chão, tentando desesperadamente chegar até o sofá e se levantar. Porém, antes que ele o fizesse,  alguém entrou em seu apartamento. Alguém caminhava ao seu redor. Ele pensou que poderia ser Rafael, que ele havia retornado, mas ele estava enganado. Ele se virou lentamente, sentindo algumas partes de seu corpo doerem. E apesar de seus olhos estarem inchados e  doloridos, ele conseguiureconhecer quem estava a sua frente. Aquele rosto lhe era amigavelmente familiar, ele estava acostumando a ver aquele rosto fazia anos, e ele o reconheceria mesmo que estivesse escuro.
O homem em sua frente, segurava uma arma entre as mãos -- a arma que ele próprio o havia dado de presente -- e a apontava diretamente para ele, que estranhamente não se sentiu ameaçado por aquela arma, e muito menos por quem a segurava firmimente.
-- Tarde demais, aquele infeliz já foi embora. Você pode abaixar a arma -- disse Carlos, tentando novamente se levantar apoiando-se no sofá. Ele não conseguiu.
-- Quem disse que eu saquei essa arma para ele? Não vê que ela está mirada para você?
--  Você irá me matar? Fala sério! Não me venha com bobagens, agora.  Abaixe logo essa arma, e me ajude a levantar.
-- Não! Eu já estou cansado de te ouvir. -- O homem apertou a arma entre suas mãos, e posicionou o dedo indicador no gatilho. -- Vitória está certa. Você não é meu amigo, nunca foi. E agora eu vejo isso. Você é um câncer que destrói tudo que toca. Você  se lembra? Você nos incentivou à  fazer coisas horríveis. Nós não queriamos fazer aquilo com Vitória, mas você disse que era apenas uma brincadeira, que tudo ia ficar bem. E como tolos nós  acreditamos, agora nossas vidas foram destruídas, todos nós perdemos tudo. E por quê? porque nós nos deixamos levar pela sua lábia infernal. Nós merecemos isso, e isso não é culpa de ninguém, porque nós mesmos causamos nossa destruição há oito anos atrás. Eu tenho que acabar com tudo isso, eu preciso colocar um fim nesse ciclo. E é  te matando que eu irei fazer isso.
-- Quem te mandou fazer isso? Foi Vitória?
-- Não, ninguém me mandou fazer isso, eu que quero fazer. E eu vou! Ninguém me viu entrando aqui, eu irei limpar minhas impressões digitais depois que eu te matar, e jamais descobrirão que eu te matei.  A melhor parte é que logo todos  esquecerão que você já existiu, e tudo ficará bem novamente.
Carlos soltou uma gargalhada irônica, exibindo as gengivas inchadas e os cantos da boca cortados. A cada movimento, dor se espalhava pelo seu corpo mas, mesmo assim, ele continuava a rir da cara do seu assassino. 
-- Como você é  idiota! Você é  um covarde, você jamais conseguirá me matar. Nem para ser fodido você serve, imagina para incobrir um crime. Você será preso assim que sair daqui...  Me diga, você nunca se perguntou o motivo de ter virado parte do meu grupo? Você já se perguntou por que eu virei seu amigo? -- Carlos riu novamente, rindo da covardia do homem e se divertindo com os fatos que lhe retornavam a mente. -- Por precaução. Não sei se você se lembra, mas um dia, em uma das festas feitas pelo time de futebol, eu te encontrei bêbado no banheiro. Você estava tão vulnerável, que resolvi me aproveitar de você. Você nem sequer resistiu, e foi tão fácil fazer aquilo com você. No outro dia, eu não sabia se você se lembrava, então por precaução, fiz você parte do meu grupo. Sabe? Para te manter sobre controle, caso você se lembrasse. Mas todos esses anos e nada!
-- Você está mentindo! Isso é  mentira.
-- Você sabe que não é! Que outra explicação você acha que existe para o seu medo de banheiros públicos? -- Em uma ato desesperado e rápido, Carlos se levantou, se jogando contra o homem,  que  deixou  de mirar a arma, mantendo-a em suas mãos caídas ao lado do seu quadril. 

Então eles lutaram  pela pistola. Carlos agarrou os ante-braços dele, buscando derrubar a arma de suas mão, mas ele estava cansado, e machucado demais. E o seu amigo era mais forte. Carlos tentou novamente tomar a arma dele, tentando enforca-lo com as mãos. O cordão que pendia em seu pescoço se quebrou, permanecendo entre os seus dedos ensanguentados. De repente, um tiro ecoou rapidamente pelo apartamento. E o corpo de Carlos, lentamente escorregou pelo corpo do homem e caiu no chão, onde mais tarde foi encontrado. Sem acreditar no que tinha feito, ele andou na direção de Carlos.
-- Henrique...  por favor me ajude.
-- Eu sinto muito meu amigo, mas você não pode continuar vivo.
Henrique disparou mais dois tiros, e dolorosamente, ele começou a se engasgar com seu próprio sangue, o que anulou suas chances de pedir ajuda.
Cada segundo a mais, a dificuldade de respirar almentava, cada curto batimento começava a doer. O sangue em suas veias parecia ter sido substituído por cacos de vidros. Carlos deu um último suspiro e então morreu.
Henrique olhou para arma em sua mão, e percebeu o que tinha feito. Naquele instante, ele conseguiu entender Vitória. Conseguiu perceber como a vingança podia ser deliciosa.

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