XXXVII - O detetive

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VITÓRIA NARRANDO:

Após a morte de Carlos, as coisas  já não eram mais as mesma,  eram totalmente diferente do que eu já estava acostumada. As últimas semanas estavam sendo exaustivas e traumatizantes, pois sempre havia algum detetive ou jornalista me seguindo, o que fazia com que eu precisasse ser bastante cuidadosa. Em uma das tardes que eu tirei de folga, um detetive bateu à minha porta para fazer algumas perguntas, e cuidadosamente eu respondi a todas elas. Até então, não tinha sido divulgado mais nenhuma informação da investigação, o que me deixava preocupada. Será que eles desconfiam de Rafael? Eu me perguntava isso a todo instante. Porém, esse pensamento logo sumia entre os outros. Depois de alguns dias, e depois que a perícia examinou o corpo de Carlos, ele foi liberado e entregue para a família, que fez um funeral e somente os mais próximos da vítima foram chamados.

Esquecer a morte de Carlos não era uma opção, pois todos os dias os noticiarios prestavam seus sentimentos e "tristeza". Sempre que as pessoas estavam começando a esquecer da sua fatídica morte, os jornais relambravam à  todos sobre os detalhes misteriosos da investigação -- que não era muitos, mas mesmo assim eles sempre separavam  um pedaço da folha  do jornal somente para atualizar as pessoas --, e eu já estava cansada de tudo aquilo.  Algumas revistas também fizeram um mrtuário, onde eles destacavam como Carlos era um homem bom, gentil e humilde. Aquilo me fez querer vomitar, desencadeou uma raiva que há dias eu não sentia. Tadas aquelas homegens  me mostrou que não importava o mal que a pessoa pudesse fazer, se ela fosse rica ou famosa o suficiente, tudo era esquecido, perdoado. E a vítima que sofria e ficava traumatizada, muitas das vezes era julgada, declarada culpada, e ninguém se preocupava em buscar justiça por ela. Tudo isso era uma prova viva  de que nosso sistema era falho. Um sistema corrupto que privatizava as pessoas famosas, ricas, e se esquecia das demais. E o que me mais me espantava era que esse siclo  se repetia inúmeras vezes e ninguém fazia nada para impedir aquilo. As pessoas já estavam acostumadas com as injustiças, com o racismo e a homofobia, porém elas não deviam.
Às vezes minha única vontade era fugir de tudo aquilo,  esquecer tudo, e focar somente em mim e Rafael. Porém, eu sabia que não era o momento certo para isso.
Rafael e eu decidimos que era melhor ficar sem nos ver por um tempo. Não queríamos levantar suspeita, não enquanto a poeira não baixasse. Apesar da saudade que sentíamos um do outro, concordamos que era melhor assim. Nós não conversávamos mais e nem nos víamos com frequência, e quando nos encontrávamos por acaso, nossa única forma de comunicação era um simples gesto. Sempre que Rafael me olhava, eu colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha, e ele romanticamente respondia sorrindo e pegando na nuca. Era difícil ficar sem os beijos de Rafael, sem sua voz sexy, sem seus olhares paralizantes e seu sorriso deliciosamente torto, mas naquele momento era preciso. Se ficar separados era necessário para que Rafael tivesse um futuro, então assim seria.

Desci do carro, e enquanto me virava para trancá-lo, ouvi uma voz totalmente indesejada ecoar pelo estacionamento. A voz vinha de trás de mim, e proferia uma frase que me assustava;  uma frase que eu queria evitar a todo custo.
-- Eu sei o seu segredo! E logo todos saberão -- disse Rodrigo enquanto eu me virava. Em passos curtos, ele andava em minha direção.
-- Do que você está falando? Eu não tenho nenhum segredo -- ironizei, enquanto guardava a chave do carro em minha bolsa.
-- Eu sei onde ele esteve, e o que ele fez. Você também sabe, mas você o protege. No entanto, isso logo acabará. Todos saberão o que  vocês dois fizeram -- Em seus olhos continha um brilho diferente. Eu conhecia aquele olhar, o olhar de uma pessoa que buscava vingança.
-- Ele quem?! Do que você está falando? Você só pode estar louco!
-- Rafael!  Eu estou falando de Rafael ter matado Carlos. Eu sei que ele esteve na casa de Carlos na noite em que ele foi asssinado, no entantoeu ainda não tenho nenhuma prova disso e nem que ele matou Carlos. Porém, nós dois sabemos o que ele fez -- disse ele, olhando em volta como se alguém pudesse nos ouvir. -- E eu não descansarei até provar que vocês dois tem algo a ver com esse crime. Você sabe que eu sou um ótimo detetive quando quero, e graças a você eu tenho bastante tempo livre agora. Eu me concentrarei o máximo do meu tempo nisso, é  melhor você se preparar para a enorme tempestade que vem chegando.
-- Você realmente acha que me sinto ameaçada por você. Eu já te destruí uma vez, eu posso muito bem te destruir outra. Não se esqueça de que eu sou a própria vingança. Não se esqueça de tudo que eu sou capaz de fazer quando alguém entra no meu caminho. Lembre-se de que, quando  um animal é atacado, ele ataca  de volta. -- disse, enquanto Rodrigo me olhava vidrado. No fundo eu sabia que ele estava com medo e ele também sabia.
-- Se você acha que eu vou parar somente por causa das suas ameaças, você está enganada.  Você não me conhece, não sabe do que eu sou capaz -- dizia Rodrigo, tentando parecer forte e sem medo, mas nós  dois sabíamos que ele temia o que eu poderei fazer.
-- Eu te conheço muito bem.  Eu não travaria uma batalha com você se não soubesse quem você é. Mas você não me conhece, você conhece somente a Vitória que eu permiti que você conhecesse. Se você acha que eu sou uma pessoa ruim, saiba que eu posso ser muito pior. -- Eu sentia um pouco de medo das ameaças de Rodrigo. Medo de que ele descobrisse a verdade, mas eu não deixei esse medo transparecesse, e isso me dava uma vantagem. Andando em sua direção, acrescentei: -- Quando algo ou alguém, ameaça as pessoas que amo, eu não me importo com mais nada, que não seja a segurança dessas pessoas. Eu sou capaz de fazer qualquer coisa por elas, inclusive destruir alguém. Me diga Rodrigo, você quer ser destruído, novamente?
-- Você é  boa com ameaças, mas,  vamos ver se você também é  boa com guerras. Isso pode parecer o fim para você, mas saiba que é  apenas o início. -- Ele se virou, e sumiu entre os vários carros espalhados pelo estacionamento. Eu no entanto, andei em direção ao elevador e me coloquei a caminho da minha sala.

Depois que saí de dentro do elevador, eu passei por onde ficava as mesas dos corretores. Rafael estava lá, debruçado sobre sua mesa lendo alguns relatórios. Ao notar minha presença, ele ergueu a cabeça e me olhou. Uma olhar reconfortante e cheio de saudade. Aquele olhar penetrou a minha alma de maneira intensa, naquele momento eu queria beijá-lo, queria que ele me puxasse  contra seu corpo e me fizesse sua. Minha pele implorava pelo seu toque, meu corpo queria sentir o seu calor. Porém, com muita dificuldade eu desviei o meu olhar, olhando para frente, para o corredor onde ficava minha sala. Caminhei, em passos curtos e infirmes  em direção a minha sala, e enquanto andava senti seu olhar me seguir. Resistir à  Tudo aquilo estava sendo difícil, mas eu sabia que era preciso. Eu não podia arriscar tudo. Eu precisava ficar longe de Rafael.

Vingança SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora