V - Traumas

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VITÓRIA NARRANDO:

--- Era só o que me faltava! --- exclamei em voz alta, ao sair do restaurante.

Se já não bastasse lidar com Daniel querendo dar uma de bom amigo, agora eu também teria que lidar com seu irmão, que deixou bem claro seu interesse por mim.

Quando Daniel pediu para falar comigo a sós, confesso que eu estranhei e fiquei bastante intrigada.
Ele me pediu apenas para que eu aconcelhasse e auxiliasse seu irmão em algumas vendas, e também disse-me que eu poderia contar com ele para qualquer coisa.
E eu pensava que isso seria a coisa mais ridícula que eu ouviria naquele dia, mas eu estava enganada, pois o pedido estúpido de Rafael superou qualquer outra coisa.
Ele me chamou para almoçar ou tomar um café na hora do almoço, e eu disse que não, mas ele não aceitou isso como resposta, e ao me ver com um amigo que trabalha na mesma empresa que nós, veio pedir explicações, como se eu devesse alguma à ele.

  Por que alguns homens não podem simplesmente levarem um fora, e deixar para lá?, pensei.

Me sentei à  minha mesa, me ajustando naquela cadeira  aconchegante e de couro falso.

--- Isso feriria seu orgulho inflável --- disse em voz alta, ao responder meu próprio pensamento.

Essa parceria mal tinha  começado, e ele já estava tirando toda a minha paciência.
Eu não sabia o que era, mas ele tinha algo que desencadeiava sentimentos que eu não queria e nem podia sentir. E o melhor que eu podia fazer quando isso acontecesse era manter ele afastado, porém eu não podia negar para mim mesma que eu o queria por perto, e que eu estava um pouco feliz por saber que talvez ele sentisse o mesmo. Eu não podia me envolver com ninguém, isso poderia complicar meus planos, ainda mais se fosse com o irmão da pessoa de quem eu queria me vingar. Tudo estava indo bem, e eu não poderia estragar aquilo por um simples capricho. Eu já havia tomado minha decisão, e eu não era daquelas que voltavam atrás.

Alhei para o lado, e vi Rafael se sentar em sua mesa. Ele me olhou, e deu um pequeno sorriso no canto da boca. Eu revirei os meus olhos, e balancei a cabeça em negação ao ver tal ato. Ele realmente não desistia, e isso já estava indo longe demais.

Horas se passaram, e eu me espantei ao olhar as horas no meu celular. Já era tarde, seria um pouco difícil conseguir um táxi aquela hora, mas eu teria que conseguir, era isso ou ir embora a pé. Peguei minha bolsa, desci de elevador até o primeiro andar, fui para frente da empresa, e  esperei um táxi passar.
Eu já estava parada ali fazia horas, e nem um táxi sequer tinha passado. Um carro se aproximou, parou em minha frente, vi lentamente o vidro da janela ser aberto revelando Rafael dentro do carro, acompanhado de seu irmão.
--- Quer uma carona? --- perguntou Rafael, com um sorriso provocador nos lábios.
--- Não, obrigada --- disse, enquanto abraçava o meu corpo. --- Não quero incomodar.
--- Você não vai! --- exclamou Rafael.
--- Verdade, agora entre --- disse Daniel.
--- Está bem! --- falei, ao tentar abrir a porta do carro.
--- Rafael vá para trás --- ordenou Daniel.
--- Por quê? --- perguntou ele.
--- Porque Vanya irá na frente. Agora vai para trás. --- Rafael saiu do carro, e entrou novamente, mas desta vez se sentou no banco de trás.
Me sentei onde Rafael estava, e fechei a porta. Logo depois, Daniel ligou o carro e começou a dirigir.
--- Então, como está sendo trabalhar para a Lar doce lar? --- perguntou Daniel, sem parar de olhar para estrada.
--- Um pouco inesperado --- respondi, ao me virar um pouco para trás e olhar Rafael.
--- Como assim? --- perguntou Daniel, se virando em minha direção.
--- Digamos que coisas inesperadas aconteceram --- disse, ao olhar para fora pela janela do carro.
--- Ela está falando de mim --- falou Rafael, enfiando a cabeça entre os dois bancos da frente.
--- Como assim? Vocês dois...? --- perguntou Daniel, se virando e olhando para mim.
--- Não, claro que não! --- exclamei, fazendo ênfase na palavra não.

--- Foi apenas uma brincadeira irmão.

Rafael sorriu ainda com a cabeça entre as poltronas, e olhou enquanto dava uma pequena me dava uma pequena piscadela.

--- Entendi --- disse Daniel, com uma expressão de alívio.

--- Esse é o endereço onde você pode me deixar --- disse, ao mostrar para Daniel um pequeno papel com meu endereço escrito.

--- É onde você mora? --- perguntou Daniel surpreso.

--- Sim, comprei a casa de uma imobiliária. Ela estava bem barata, parece que os donos morreram, e como não tinha nenhum herdeiro sem ser a filha morta, a casa ficou abandonada --- disse, olhando para estrada a minha frente.

--- Filha morta? --- perguntou Daniel, com pesar em suas palavras.

Ele estava surpreso, triste e se sentindo culpado. E Eu estava me divertindo com todas aquelas expressões de tristeza.

--- Sim, acho que foi suicídio. Eu soube muito pouco sobre ela --- respondi, virando-me para olhá-lo.

--- O que você gosta de fazer quando não está trabalhando? --- perguntou Daniel, mudando de assunto como se aquela notícia não importasse.

" Será que o suicídio da pessoa que ele ajudou a destruir ao ponto de ela querer tirar a própria vida é tão irrelevante assim?" Essa pergunta passou vagamente pela minha cabeça, e uma enorme raiva cresceu dentro de mim por ele mudar de assunto, como se aquele não importasse.

--- Nem tente saber da vida particular dela. Ela é muito profissional --- disse Rafael, com um pouco de irônia em sua voz.

--- Com quem não me interessa, sim --- disse, ao me virar para trás e olhá-lo com um pouco de deboche.

--- Vai me dizer ou não? --- perguntou Daniel, me olhando rapidamente.

--- Sim, eu vou. --- Mesmo sem olhar para trás, eu senti que alguém me fuzilava com os olhos, me virei e vi Rafael nitidamente com ciúmes. --- Eu gosto de cozinhar, e fazer comidas exóticas.

--- Quem sabe um dia você pode me mostrar os pratos que faz --- disse Daniel ao parar no semáforo, enquanto me olhava nos olhos.

--- Seria um enorme prazer.

Sorri.

Eu sabia que Rafael não estava gostando do que estava acontecendo, eu fui rude com ele durante o dia todo, e de repente estava sendo super gentil com as outras pessoas. Mas se eu quisesse que ele desistisse da ideia de que ele teria algo comigo, eu teria que ser rude e grosa com ele.

--- Eu também gostaria de experimentar sua comida --- disse Rafael.

Eu não podia e nem queria passar a ideia de que eu queria cozinhar apenas para o Daniel, se eu fosse cozinhar para alguém sem sombras de dúvidas não seria para ele. Por isso disse:
--- Claro, eu adoraria te mostrar meus dotes culinários --- percebi que um enorme sorriso cresceu nos lábios de Rafael, ele com certeza estava criando alguma ambiguidade naquela frase.

--- Então está combinado. Um jantar à três --- disse Rafael, sorrindo da vergonhosa situação.

--- Um jantar de amigos! --- exclamei.

--- Sim, um jantar de amigos --- disse Daniel, com um pouco de frustação em sua expressão.

Um silêncio constrangedor tomou conta do restante do caminho, e ele só foi quebrado por Daniel que disse:

--- Chegamos, você está entregue.

Ele parou em frente a minha casa, e me olhou uma última vez, antes que eu saísse do veículo.

--- Obrigada, e boa noite --- disse, ao estar em frente à porta da minha casa.

Daniel ligou o carro, e seguiu caminho em direção à sua casa.

Vingança SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora