A corretora Vitória Gomes vivia sendo atormentada por lembranças de um passado terrível, e não importava o que fazia ou para onde ia, ela sempre voltava para aquela casa, naquela noite. Mudar de identidade e cidade não foi suficiente para fazer co...
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VITÓRIA NARRANDO:
Já haviam se passado três dias, e o detetive Rodrigo ainda não tinha me ligado para me falar se descobriu alguma coisa, e aquilo me desanimou um pouco. Eu precisa de algo que eu pudesse usar contra Arthur, algo que pudesse causar um belo estrago em sua vida. Eu o faria se arrepender amargamente pelo que me fez, faria com que ele implorasse pelo meu perdão, o que ele jamais teria. Quando eu inicie meu plano de vingança, antes mesmo de voltar à Healdsburg, eu pensava que me sentiria ótima e feliz, mas eu estava errada. A verdade era que eu me sentia sufocada, como se eu tivesse boiando em um oceano de sentimentos, que não me pareciam meus. Eu estava presa em meu próprio corpo, e quando essa prisão se dissipava, eu flutuava para fora do meu corpo enquanto o observava, e eu lembrava daquele maldito momento em que toda minha vida foi destruída, o momento em que, toda minha dor e sofrimento nasceram. Eu me odiava por ter deixado isso acontecer comigo, eu me odiava por ter acreditado no Daniel, mas eu odiava ainda mais as quatro pessoas que foram responsáveis por todo meu sofrimento. Eles se lembrariam das consequências do que eles fizeram pelo resto de suas vidas, essa seria a retribuição pelo mal que eles um dia me fizeram.
Eu estava sentada no sofá da sala da minha casa, bebendo uma taça de vinho, quando meu celular tocou. Busquei-o em minha bolsa e o atendi: --- Alô? --- perguntei, ao colocar a taça que segurava sobre a pequena e redonda mesa de centro. --- Boa noite, aqui quem fala é o detetive Rodrigo. Eu liguei, porque precisamos conversar. Eu descobri algo que vai te interessar. Podemos nos encontrar amanhã? --- Ok, me fale o local e a hora, que eu estarei lá! --- Me encontre no mesmo restaurante em que conversamos aquele dia, às 12:30. Não se atrase! --- Ok, tchau. Nos vemos amanhã!
Me levantei do sofá, e subi as escadas em direção ao meu quarto. Enquanto isso senti uma ansiedade e curiosidade se intensificar pelo meu corpo, e uma pergunta martelava frequentemente pelo meu cérebro: "O que ele descobriu?"
Ao chegar no meu quarto me deitei sobre a cama, sentindo uma curiosidade sagaz se disolver em minhas veias. Apoiei minha cabeça em uma dos travesseiros que estavam sobre a cama, e fiquei observando o telhado, enquanto tentava imaginar o que Rodrigo havia descobrido. Eu tentava pegar no sono, mas não conseguia. Era impossível conseguir dormir depois do telefonema de Rodrigo. Eu não conseguia acreditar que finalmente tudo estava dando certo. Minha vingança estava quase concluída, eu e Rafael estávamos finalmente nos entendendo e, o melhor de tudo era que eu não precisava escolher entre ele e minha vingança.
Estar com Rafael era simplesmente maravilhoso, e eu me apaixonava ainda mais por ele à cada dia. Beijá-lo era como chocolate quente durante uma tempestade, seu toque era como uma risada em momentos tristes. Eu me sentia privilegiada por dentre bilhões de pessoas, ele ter se apaixonado por mim. E apesar que eu me sentia um pouco desconfortável, eu gostava da sensação de não conseguir respirar quando o via. Gostava de sentir meu peito arder quando estava próximo à ele, daquela sensação de naturalidade quando falava com ele. Gostava da maneira como nossos olhares sempre se encontravam, mesmo estando dentre uma multidão de pessoas. E mesmo que nossas vidas seguisse por caminhos diferentes, ele estaria para sempre marcado em meu coração como o primeiro homem que me fez amar novamente.
***
O som alarmante do despertador ressoou pelo meu quarto, abri os olhos e olhei em direção ao despertador. Eu desejava mais que qualquer outra coisa voltar a dormir, entretanto, eu não podia. Eu não tinha conseguido dormir bem, isso graças a minha enorme curiosidade. Me levantei da cama, e me direcionei até o box do banheiro, onde tomei um banho rápido. logo em seguida abri o meu closet a procura de algo apropriado para mim vestir naquele dia. Por fim, acabei que por vestir um dos meus vestidos mais casuais. Desci as escadas em passos largos e rapidos, e não me dei ao trabalho de tomar café. Ao chegar na empresa, imediatamente fui para minha sala.
Mesmo com a pilha de relatórios que eu tinha que ler e assinar, eu não conseguia me concentrar em outra coisa que não fosse o meu relógio. Tudo que eu tinha que fazer era ler, e assinar alguns documentos, coisas que eu fazia facilmente todas as manhãs. Eu costumava fazer essas tarefas enquanto ouvia músicas nos meus fones de ouvido, ou enquanto bebia uma xícara de chá. Porém, naquela manhã aquelas tarefas tão cotidianas, me pareciam impossível de serem realizadas.
Involuntariamente me lembrei de Rafael.
"Será que ele ainda está trabalhando aqui?" --- pensei.
Eu queria que ele continuasse trabalhando na empresa, acho que eu temia que se ele não trabalhasse mais na empresa, nós nos afastaríamos. E eu não queria que isso acontecesse, pelo contrário, eu queria que nós nos aparoximassemos cada vez mais. Peguei o interfone e liguei para Sarah, que rapidamente o atendeu:
--- Bom dia senhora, posso ajudá-la de alguma forma? --- Eu só tenho uma pergunta à fazer: Rafael está trabalhando hoje? --- Sim. Ele está mostrando um imóvel para um casal recém casados, por quê? --- Por nada, apenas curiosidade. Obrigada Sarah. --- De nada, qualquer coisa me ligue!
Ao que tudo indicava, Rafael tinha decidido permanecer na empresa, e foi esse o motivo que fez com que um sorriso bobo desabrochasse dos meus lábios.
Direcionei meu olhar ao canto da tela do computador, e percebi que já estava quase na hora do almoço. peguei minha bolsa, e fui para o restaurante onde tinha marcado com Rodrigo. Durante o percurso minha curiosidade sagaz retornou, desta vez muito mais forte do que antes. Por ser horário de almoço, o trânsito estava um meio que parado, e isso fez com que aquele BR larga, se tornasse uma zona de ódio e chingamentos. Consequentemente, eu fiquei estressada, pois ter que ficar ali, ouvindo aquelas pessoas gritando e ofendendo umas as outras, quando eu tinha um lugar à ir, definitivamente não era o que eu queria.
Finalmente cheguei no restaurante, e depois que estacionei no estacionamento, entrei o mais rápido que pude no mesmo. Rodrigo estava sentado em uma mesa mais afastada das demais, andei até ele, que ao me ver sentando na mesa disse:
--- Você está atrasada! --- Me desculpe, o trânsito estava péssimo. --- Entendo! --- Então, o que você descobriu?
Rodrigo me olhou, se inclinou em direção ao chão onde estava uma maleta, pegou uma pasta e me entregou, ao se ajustar na cadeira.
--- Isso foi o que conseguir descobrir. --- Abri o envelope, e fiquei sem palavras com o que eu via. Dentro do envelope havia fotografias de Sofia e Carlos juntos, se beijando e quase nus em um motel de luxo.
Com os olhos arregalados e o queixo caído, perguntei:
--- Eles são amantes? --- Sim! --- Desde quando? --- Não sei ao certo, mas ao que parece, há muito tempo. --- Rodrigo bebeu um pouco do vinho em sua tarça, e logo em seguida a colocou novamente sobre a mesa, enquanto me olhava e perguntava: --- se você quiser, posso tentar descobrir mais coisas. --- Não! Isso já é necessário. --- Tem mais um coisa! --- exclamou ele, de maneira divertida e misteriosa. --- E o que é? --- Eles se encontram todas as segundas, no mesmo motel e no mesmo quarto. Às vezes eles também se vêem nos finais de semana, mas não é sempre. --- Qual nome do motel? --- Good nigth. Ele fica situado próximo à saída da cidade. --- Eu estou bastante surpresa. Eu confesso que esperava qualquer coisa, menos isso. Você consegue uma cópia da chave do quarto em que eles se vêem? --- Eu posso tentar! --- Ótimo! Seu pagamento será depositado em sua conta, e quanto a chave, eu te darei um extra por ela. Obrigado por seus serviços. --- Ok. E quanto as chave te ligo assim que tiver com ela. --- Me levantei da cadeira, andei até o estacionamento, entrei no meu carro e comecei a dirigir de volta para empresa.
Durante o percusso até a empresa, eu não podia reclamar do trânsito, e muito menos do meu estresse, afinal, em minha mãos continha uma bomba, que não destruiria a vida deles, mas causaria um enorme impacto. E eu já sabia o momento certo de soltá-la.
