1. Gabi

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- Oi, Sam. - atendi o celular enquanto saía do check-in.

A voz da minha amiga e companheira de apartamento estava diferente, eufórica eu diria.

- Chris me pediu em casamento. - o grito que se seguiu fez com que eu tirasse o telefone do ouvido. - Estou tão feliz, Gabi. Queria que você estivesse aqui comigo pra te contar tudinho e comemorarmos juntas.

- Estou chegando, Sam.

Eu não estava feliz com aquela notícia. Não por inveja ou porque eu perderia minha colega de apartamento que dividia comigo as despesas, mas porque Christian não era o cara legal que minha amiga pensava e porque eu tinha certeza que ele não faria Sam feliz.

- Estou entrando no avião. - digo pra que ela pare de tagarelar sobre o pedido. - Quando chegar você me conta tudo, ok?

- Você tomou o remédio? - ouço preocupação em sua voz.

Sorrio.

- Ainda não, mas vou tomar assim que me sentar.

- Certo. Tenha calma e venha pra sua amiga que te ama.

- Tá. - sorrio. - Beijo, Sam.

- Beijo, Gabi.

Desligo o celular e aperto o cinto de segurança do avião. Olho o celular para conferir a hora. São dezesseis e quarenta e cinco. Em aproximadamente três horas estaria em casa. Respiro fundo e abro minha bolsa pra pegar o calmante. Eu simplesmente tenho pavor de andar de avião. O desespero começa a me tomar quando percebo que ele simplesmente não está ali. Reviro a bolsa e não o encontro de forma alguma. Tenho vontade de chorar, mas me contenho .

Por que você não pode ser mais organizada, Gabrielle Durand?

Sou incapaz de lidar com a ansiedade que revira meu estômago. Dessa vez pelo menos meu medo habitual de voar estava sendo eclipsado por outra coisa: Samantha. E eu nem sequer podia me aproveitar desse fato. Tudo que via na mente era o quanto minha amiga estava feliz por casar com aquele idiota.

Apertei os lábios com os dentes, nervosa, e pensava num jeito de ajudar a minha amiga.

- Seu lugar, senhor.

- Obrigado.

Meus pensamentos se dispersaram ao ouvir a conversa sobre minha cabeça e, ao olhar para cima, vi um homem. Lindo. Eu pisquei. E tornei a piscar. Ele era muito alto e forte. O quadril esguio estava no nível do meu olhar. Ele tirava o sobretudo para dobrá-lo e guardá-lo no compartimento de bagagens, revelando um corpo definido e musculoso sob a camisa e o fino paletó. A comissária de bordo o encarava com atenção e tentava ajudá-lo, desnecessariamente devo dizer.

– Obrigado, pode deixar. - disse educado.

A comissária ficou comicamente desapontada e virou-se. O homem começou então a retirar o paletó, percebi que estava encarando-o tanto quanto a comissária de bordo, de queixo caído. Rapidamente desviei o olhar e olhei pela janela, encarando o cinzento céu de fim de outono. A equipe preparava o avião antes da decolagem.

A imagem daquele homem fixara-se a ferro e fogo em meu cérebro. Não ajudou nem um pouco quando o senti sentar-se ao meu lado e de repente todo o ar do avião parecia ter desaparecido. A situação ficou ainda pior quando o perfume dele veio brincar com minhas narinas: almiscarado e viril.

Preconceitos (em ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora