21. Aaron

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- Gabi, o que foi? -falo, preocupado sem entender o motivo das lágrimas. -Sou eu, não é? Você não consegue me perdoar pelo que eu disse, pelo que fiz? Eu entendo e você está certa, minha linda. Eu fui um idiota, um crápula, mas a verdade é que eu não quis dizer naquele dia que você era uma boa foda. -desando a falar. - Sim, é verdade que foder você é maravilhoso. Ai, meu Deus, desculpa, desculpa. Não é só isso, amor. -ela olha pra mim com aqueles olhos lindos banhados em lágrimas. - É amor. Eu quero muito foder você, mas também quero fazer amor. Quero tudo. Quero transar forte, mas também calmo. - eu sei que estou me embananando todo, pois ela a acaba sorrindo em meio ao choro.

- Não é isso. Me desculpe. Eu...- ela limpa o rosto com as mãos. -Eu só me senti... -ela dá um suspiro pesado. -Deixa pra lá. -abaixa seu olhar.

Ela está envergonhada. Pego o seu queixo e levanto para que seus olhos alcancem de novo os meus.

- Você pode me falar qualquer coisa.

Ela não tira os olhos dos meus, mas inspira e expira várias vezes antes de voltar a falar.

- Consegui o trabalho que sempre sonhei. Estamos juntos e nos amamos. E isso tudo me faz tão feliz que me sinto como se estivesse traindo... -ela para de falar quando sua voz fica embargada.

Eu aguardo, mas a verdade é que quero perguntar quem. Quem ela sente que está traindo?

Gabrielle senta na cama e eu faço o mesmo. Ela puxa o lençol e cobre sua nudez, parcialmente.

- Eu tive um noivo, Aaron. -meu coração comprime no peito.

Será que ela ainda sente algo por ele? Não. Não pode ser. Ela é minha.

- Nós estávamos tão felizes. -os seus olhos se tornam distante, como se estivesse lembrando de algo.

Isso a fez sorrir levemente. Então ela me olha como se tivesse voltado ao momento presente.

-Ele te deixou há três anos? - não aguento e acabo perguntando. -Por isso sua mãe mencionou que foi em mim que você confiou depois de três anos?

Ela assente.

- Então por que traindo, Gabi, se foi ele que te deixou? Se ele fez isso, ele que não te merece? - acabo me exaltando.

-Ele não me deixou dessa forma que você tá pensando. -ela fala suavemente. -Ele morreu, Aaron.

Por essa eu não esperava.

- O nome dele era Ian. Ele me pediu em casamento em junho. Nós iríamos casar em setembro, mas sua mãe teve um problema de saúde e tivemos que adiar. Eu estava na casa dos meus pais desde o dia de ação de gracas. Ele não pôde ir l, então me fez uma surpresa e apareceu no dia primeiro de dezembro. Foram dias felizes até o dia quatro. Eu, ele e meus irmãos resolvemos ir pra Nova York. Um motorista bêbado bateu no nosso carro. O Ian morreu. Meu irmão Michel ficou paraplégico. Meu irmão Jean se sente culpado até hoje porque estava dirigindo. Eu nem pude ir ao enterro dele. - ela volta a chorar. - Eu estava em coma induzido e só acordei cinco dias depois. Desculpa. -ela enxuga seu rosto com o lençol. - Eu não devia estar falando isso pra você, mas...

Ela desvia seus olhos dos meus, visivelmente envergonhada.

- Você fez bem. Assim a gente acaba se conhecendo.

Preconceitos (em ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora