- Apenas me deixe compensá-la levando você para jantar.Ela resfolegou com deselegância. Um som nada feminino.
- Você não precisa compensar nada, afinal, por mais poderoso que você seja, não acho que controlar o tempo esteja entre suas habilidades. E... - ela olhou ao redor, depois aqueles lindos olhos se voltaram pra mim com um brilho bem humorado. – Não estou vendo você oferecer um jantar a mais ninguém neste avião para compensar esse inconveniente.
Porra! Ela estava certa. Mas eu não estava disposta a me separar dela tão cedo.
– Provavelmente porque eu não quero levá-los para jantar. Entretanto, eu gostaria de levar você. Por favor.
Caralho! Eu estava praticamente implorando aquela desconhecida pra sair comigo. Nunca na vida cheguei nem perto.
- Sou uma péssima companhia para jantar. Sou do tipo que se suja toda. E sou vegetariana. Vegana, na verdade.
Aquilo com certeza era mentira. Gabrielle tremeu levemente a voz quando falou. Acabei sorrindo.
– Tenho certeza de que você é uma companhia perfeita para um jantar. E conheço um restaurante vegetariano fabuloso. Eles oferecem toda a berinjela que você conseguir comer.
Há muito tempo eu não brincava assim. O bom humor estava presente mesmo eu tendo uma reunião cancelada por causa do mau tempo. Aquilo significava dinheiro perdido, mas eu estava me lixando. Eu só queria estar com ela.
Ela fez uma careta adorável. Meus olhos estudaram o corpo dela, para então voltarem para o rosto. Um sorriso brotou sem eu ao menos perceber ao pensar que um jantar e um bom papo não eram tudo que eu tinha em mente. Mas eu tinha certeza que aquela vibração que existia entre nós era algo que jamais sentira antes.
Ela me encarou, atônita, então começou a procurar algo na bolsa. Retirou o maldito suéter e se pôs a vesti-lo de novo.
– Essa coisa deveria ser queimada.
Gabrielle arfou, parecendo afrontada.
– Mas é meu suéter favorito!
– É um crime esconder seu corpo sob essa coisa sem forma.
Então seus olhos arregalaram mediante ao solavanco. Instantaneamente segurei suas mãos entre as minhas e tentei falar de maneira suave:
– Acabamos de pousar, foi só isso.
Senti pela sua pulsação que seu coração de estava acelerado. Ela se virou pra janela, provavelmente pra constatar se estava em solo. Então voltou seu olhar chocado pra mim.
– Eu sempre me preparo para a hora da aterrissagem, mas hoje nem a percebi. - eu sorri.
Provavelmente eu sorri mais ali com ela do que nos últimos cinco anos.
– Que bom que eu a distraí então.
As suas mãos macias ainda estavam entre as minhas e ela as encarou, eu fiz o mesmo. As dela eram pequenas e brancas. Um contraste com as minhas. Sem me conter, entrelacei nossos dedos. Fiz pressão entre as mãos dela e ela encarou-me. Por um instante longo e tenso, apenas nos encaramos. A respiração dela foi ficando nitidamente entrecortada. Soltei uma de suas mãos e a levei até o queixo dela, meu polegar acariciou apele dela como se memorizasse cada pequeno detalhe. Olhei para seus lábios cheios e convidativos. Eu estava louco para beijá-la. O ar fervilhava entre nós. Então nossos olhos se encontraram novamente, e emiti um som gutural, quase um xingamento. Eu tinha que me controlar. Eu não era daquele jeito. Eu era a porra de um homem que se orgulhava do meu autocontrole. Enrijeci o maxilar e recolhi minhas mãos . Gabrielle desviou o olhar.
- Gabrielle! - chamei sua atenção novamente pra mim.
- O quê? – retrucou ela sem me olhar, pegando a bolsa e colocando-a sobre o colo.
Ela pegou os óculos e os colocou. As pessoas ao redor começaram a se levantar. Agarrei o pulso dela, e ela olhou pra mim.
– Gabrielle, estou falando sério. Venha jantar comigo esta noite.
- Sinceramente, Aaron, eu sei como essas coisas funcionam. Eu não sou a mulher mais fácil do mundo e isso, para homens como você, é um verdadeiro desafio. Mas acredite em mim, eu não vou ceder a um capricho seu.
- Não é um capricho. - respondi sentindo-me ultrajado. - Venha comigo. Pelo menos me permita tentar ajudá-la a encontrar um hotel para que você se estabeleça até que possa pegar o próximo voo.
– Você não precisa fazer isso. - sua voz parecia tensa. - Posso me virar sozinha.
Eu suspirei profundamente, não estava acostumado a insistir. As pessoas sempre me davam o que eu queria.
– Eu sei que não preciso, mas eu quero. Apenas... não discuta, certo? Venha comigo. Por favor.
Eu me levantei e estendi a mão. Ela olhou pra minha mão estendida e depois para mim. Definitivamente eu não estava disposto a deixá-la ir. E eu não deixaria.
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Preconceitos (em ANDAMENTO)
RomanceTrês histórias de preconceitos que serão vencidas pelo amor.