25. Aaron

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Acordo no meio da noite e não sinto Gabi comigo. Levanto meu tronco e vejo a luz do banheiro iluminando por baixo da porta. Deito novamente e a aguardo. Os minutos começam a passar e nada dela voltar. Me preocupo. Será que está chorando pelo que aconteceu? Ou será que passou mal novamente? Levanto e vou até lá. Bato a junta do meu dedo na porta.

-Gabi, você está bem?- silêncio. - Gabi? - falo mais alto e mais silêncio vem em resposta.

Abro a porta e nada no mundo me preparara para a cena que está diante de mim. E aquele sentimento que há muito tempo aprendi a controlar, está percorrendo todo o meu ser: medo.

Estou forçando a minha mente a processar o que vejo, mas não consigo. A única coisa que consigo processar é o sangue. Gabi está sentada no meio do sangue, imóvel, seu rosto pálido e totalmente sem vida.

- Não!- o grito é meu e eu nem mesmo o senti saindo do fundo da minha garganta. Ajoelho ao seu lado. - Gabi! Gabi! - grito. Tento movimentar seus ombros, mas a cabeça pende pro lado.

Procuro de onde vem o sangue. Se está ferida. Mas não consigo ver de onde vem e aquilo só serve pra me angustiar mais.

-Gabi! - grito.

- Estou com sono. -ela sussurra  sem abrir os olhos.

- Não,  Deus, por favor, não a deixe dormir. Não a tire de mim. Por favor. - imploro a Deus.

Tentando recuperar o controle, pego-a nos braços e a coloco delicadamente na cama. Visto uma calça jeans e um camiseta. Preciso levá-la a um hospital. Então me lembro que o irmão mais velho da minha Gabi é médico e está na casa dos pais em Jersey. Pego o celular da minha mulher e encontro o nome do irmão.

São quase cinco horas. Ainda está escuro lá fora. Porra! Ele não atende o telefone e o meu desespero aumenta.

-Por favor, amor, fique comigo. Não me deixe.  - suplico ajoelhado ao lado dela na cama. -Eu preciso de você.  Fique comigo. - imploro com medo, totalmente perdido.

- Alô,  Gabi! -finalmenre Jean atende.

- É o Aaron. Há sangue por toda a parte. -falo sem controle das minhas emoções.

-O que porra você fez com a minha irmã? - ele grita do outro lado da linha.

-Eu preciso de ajuda. -aquele maldito medo dentro de mim. -Ela estava no banheiro, desacordada e cheia de sangue. -falo, desesperado.

- Você precisa se acalmar.

-Me acalmar? -grito e me arrependo na mesma hora, pois Gabi se mexe, incomodada. -Eu preciso de ajuda.

- Por onde ela está sangrando?

-O que?

-Aaron, preciso saber por onde ela está sangrando. Você  tem que estancar o sangue.

Estou tão em pânico que não faço a mínima idéia.

- Eu não sei. -digo em desespero. -Parece que nas pernas, mas não consigo ver nenhum corte.

-Onde vocês estão? - ele pergunta,  firme.

-Manhattan, em frente ao Central Park.

-O hospital mais perto é o Mount Sinai.  Sabe onde fica?

-Sim.

- Leve-a pra lá  agora mesmo. Vai haver um médico esperando por vocês.

-Sim.

Eu não desliguei o celular,  simplesmente o coloquei no bolso da minha calça.

- Vamos,  amor, você vai ficar bem. - digo pegando-a nos braços. Desço no elevador com minha mulher nos braços e suplicando a Deus que ela fique bem. Vou embalando-a e beijando seu rosto.

Preconceitos (em ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora