Boa leitura.
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Brunna
As horas pareciam não passar naquele quarto, cada segundo se tornavam horas, é frio, é assustador, me sinto como numa cela de solitária, quero sair, estou com fome, com sede, com frio.
Tentei me manter calma, tentei conter o pânico que estou sentindo, mais é em vão, logo já estava de pé, batendo nas paredes de aço, gritando feito louca, chorando e me desesperando.
Não existe nada, nenhuma falha, nem uma brecha por onde eu possa me comunicar com alguem, é tão cruel e desumano o que ela esta fazendo comigo.
O que eu fiz pra ela? Talvez ela seja alguma psicopata que atrai mulheres pra este lugar, e as mantem presa nesse quarto até a morte, pensar nisso me apavora, mais ela não tem cara de que simplesmente faz isso, ela só me prendeu aqui para que eu aceitasse suas condições, mais suas condições eram absurdas, eu não tenho que ficar com ela contra a minha vontade, ela não me conhece, não é minha dona.
O que ela espera de mim?
Será que tem alguma coisa haver com a tal Sofia?.
Eu fico ainda mais desesperada com essas suposições, eu preciso sair daqui urgentemente.As horas foram passando, e cada segundo que eu passava ali pensando, eu tinha convicta certeza que não queria nunca mais estar ali novamente, seria capaz de fazer o que quer que Ludmilla me pedisse para não voltar mais pra esse quarto, eu vou ter que arrumar um jeito de fugir dessa casa, mais não vai ser confrontando ela, ou eu não terei chance nenhuma, maldita hora em que eu coloquei meus olhos nela, cheguei até a achar que ela podia ser a mulher certa, agora só consigo sentir repulsa dela.
Ludmilla Oliveira
A tarde foi bem produtiva, consegui participar das três reuniões perdidas hoje cedo, apesar de sair mais tarde, mais o importante foram os negócios fechados essa noite, sempre que podia, observava Brunna em seu cativeiro, ela surtava e tentava se manter calma, falhava nos dois.
Era hora de voltar pra casa e ver se ela aprendeu a lição.
Foi marcado um jantar com meu irmão para a noite seguinte, pelo menos assim, por hora ele me deixaria em paz.
Chego de volta a minha casa, e vou direto ao encontro de Netes.
- Quero uma bandeja com pão e água agora.
Falo entrando de supetão na cozinha, ela rapidamente se levanta acenando com a cabeça e vai correndo fazer o que eu mandei, aguardo pacientemente, ela me entrega a bandeja, avisa que o jantar será servido em alguns minutos, aceno com a cabeça e saio deixando ela lá.
Subo as escadas, confesso que estou anciosa, não quero maltratar Brunna, não preciso que ela sinta medo de mim, só preciso que me obedeça, e se esse dia no quarto não funcionar eu sinceramente não sei o que irei fazer.
Paro em frente as portas, digito a senha e elas se abrem imediatamente, eu entro e as portas se fecham, Brunna estava encolhida no canto do quarto, como um animal acuado, tinha os braços em volta dos joelhos e a cabeça enfiada no meio do mesmo.
Ela ergue o olhar, exausto e de olhos inchados e extremamente vermelhos de quem chorou o dia todo, me aproximo cautelosa e deposito ao seu lado a bandeja, oferecendo a ela como forma de apaziguar as coisas.
- Coma, é pra você.
Falo e ela olha de mim para a bandeja, e em segundos estava detonando o pão, com vontade e bebeu quase a jarra toda de água.- Esta pronta para ouvir o que eu tenho a dizer?
Podemos conversar com calma?
Pergunto sondando o território, ela para de comer e me encara, limpando com os dedos algumas migalhas no canto da boca, faz isso de uma forma tão natural que me deixava excitada.
- Você vai me matar?
Ela pergunta arregalando os olhos castanhos pra mim, e eu rio.- Você acha que eu seria capaz?
Entro no jogo, mais não deixo de ser divertida em meu tom de voz.- Acho que você seria capaz de tudo, eu não te conheço, se foi capaz de fazer isso com uma desconhecida, seria capaz de tudo.
Ela esta certa, nem eu mesmo sei o que estou fazendo, mais já esta feito e agora eu não posso deixar ela simplesmente sair, não tenho medo das consequências dos meus atos, tenho medo dela simplesmente ir embora, de perder ela, mesmo não a tendo ainda.
- Eu não te trouxe aqui para te fazer mal.
- No entanto me deixou aqui presa, como um animal, sem comida e sem água?
Ela devolve me acertando em cheio.
- Precisava fazer você entender que não vai sair daqui.
- Porque? Porque eu? Isso é algum jogo sádico? Alguma aposta? Isso tem alguma coisa a ver com a tal Sofia?
Droga! Ela não é a Sofia, não precisa ser, não deveria estar sequer citando o nome dela.
- Não diga mais o nome dela.
Falo me levantando, ela se levanta também.- Você me chamou assim,Netes também mais cedo. O que está acontecendo? Você já tinha planejado tudo isso pra ela e não conseguiu, ai me pegou no lugar?
- Não fale bobagens, eu nem pensava trazer você aqui, e você estar aqui é culpa sua.Ela começa a rir, mais é algo que beira ao deboche.
- É sério? Culpa minha, porque eu usava uma roupa ousada e estava dançando num bar?
Volto a encarar ela.
- Não.
Você só precisava ter ficado, quando quis ir embora, lá mesmo no bar, quando não me deu bola, quando parecia desejar sair de perto, ali me obrigou a drogar você e te trazer pra minha casa, e uma vez aqui, não posso te deixar ir, você não entende que o destino está me dando uma segunda chance, e eu não posso te deixar ir.Ela me olha chocada e confusa.
- Você me drogou? Tem ideia de como soa doente o que você esta dizendo.Como espera que eu queira ficar aqui, eu tenho uma vida, amigos que me esperam voltar pra casa.
Chega, não quero mais me envolver nesse assunto, chegou a hora de ver o que vai ser.
- Isso me lembra, você tem que ligar para sua amiga e dizer que vai ficar.
Então, como ficamos?
- Eu não tenho escolhas né.
Ela fala dando de ombros, como se tivesse concordado com tudo, mais sei que por enquanto ela só concorda para sair desse quarto.- Ótimo.
Eis minhas regras.
Você não pode passar do portão, a casa é toda vigiada por câmeras, terá acesso a praia, mais ela também é composta por sensores, então você não pode passar da arrebentação ou ficar perto dos portões, somente o meu carro tem o sensor que faz os portões abrirem sem a impressão,e somente meus empregados tem a impressão registrada no sistema, as balsas ficam depois do portão, se tentar chegar ate elas nadando ativara os sensores e imediatamente alguém ira te pegar, então é isso, você só precisa se comportar e terá tudo de mim.- É uma lista e tanto de regras né. Como pode planejar tudo isso? Ou melhor. Quanto tempo vem planejando tudou isso?
Ela pergunta interessada, é isso, ela com certeza acha que eu armei tudo isso para Sofia.- Na verdade é o que eu faço, produzo esses tipos de sistemas de segurança avançada, essa casa era mais um projeto, como eu disse, é a primeira vez que estou ficando nela.
Falo orgulhosa, e ela apenas faz o som de HM com a boca, o silêncio toma conta do ambiente..