Vocês apostaram?

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DYLAN




Já faz uma hora que estamos aqui, e parece que Connor e eu somos os únicos sóbrios.
Luke está dançando com uma garota morena há quase dez minutos e Jordan está no balcão atracado com uma garota de vestido preto.
Já o Ethan é o típico bêbado chorão. Ou talvez a culpa o esteja deixando assim dessa vez.
Ele está na nossa mesa resmungando sozinho desde a terceira dose.
Pelo visto o que ele ouviu do Thomas foi o suficiente para encoraja-lo a beber...e nunca mais parar.
E falando no meu irmão...ele está dançando em cima da mesa com o Jude do lado.
Os dois estão tão bêbados, que parecem duas minhocas se retorcendo.
- Melhor tirá-lo de lá. – Connor me avisa, provavelmente assistindo ao mesmo show que eu.
- E ouvir que eu sou sem graça e pareço um pai? Nem pensar. Deixa ele dançar. Ou seja lá o que ele esteja fazendo. – bebo o resto da minha cerveja, e encaro o Ethan mais uma vez.
Ele não está nada bem.
- Tem certeza que ele vai pra casa assim?
Connor inclina a cabeça levemente para ver o bebum ao nosso lado, e sorri.
- Aposto $10 dólares como não. - ele diz.
- Aposto $10 dólares como ele vai.
- Fechado. – Connor aperta minha mão, selando nossa aposta.
Volto minha atenção para a multidão dançante, bem a tempo de ver o Luke voltando para a mesa com a garota no seu encalço.
- Eu tenho namorada. – ele diz. – Alguém diz pra ela. – Luke pede.
Quando chega a mesa e encontra mais três caras, ela parece conformada em relação ao Luke, e passeia seus olhos entre cada um de nós, até se fixar em Connor.
-  E você? – ela pergunta ao Connor.
- Eu tenho ...- ele começa, até perceber que não sabe como se referir a Gena. – É complicado. – ele resume.
Os olhos da garota passam pra mim, e eu rapidamente digo que tenho namorada, mesmo sem ter.
Ava e eu não estamos juntos, mas não estou pronto para me relacionar com outra pessoa, mesmo que seja por um momento rápido.
Além disso, não quero estragar nosso avanço.
- E ele? – a garota indica Ethan, que por sua vez está nos observando sem interesse.
- Ele? – Luke solta uma risada desengonçada. – Ele está enrolado com duas garotas. Quer ser a terceira?
Ela nem responde. Simplesmente some em meio a multidão mais uma vez.
- Vocês podem parar de falar isso? – Ethan pede.
- Relaxa, cara. Não estou julgando. Na verdade eu admiro sua coragem. – Luke diz, ao sentar no banco.
- Que coragem? – Ethan ergue uma sobrancelha.
- De ter duas namoradas. – quando Luke termina a frase, Ethan pragueja.
- Que se dane. – ele vira qualquer que seja a bebida no copo, e vai em direção a multidão pela primeira vez na noite.
- Melhor alguém ir atrás dele. – Connor diz.
- Ele sabe se cuidar. – Luke sorri, totalmente sob o efeito do álcool.
Permaneço no meu lugar, observando a movimentação e meus amigos.
Jordan sumiu de vista, mas como a garota do vestido preto também, percebo que eu não vou gostar de ver o que estão fazendo se eu for atrás.
Meu irmão e Jude ainda estão na multidão, mas o lado bom é que pelo menos estão com os pés no chão dessa vez.
E o Ethan...ele parece estar se divertindo agora, enquanto dança no próprio ritmo em meio as pessoas.
- Vocês deveriam se soltar mais. – Luke diz.
Sua mão agarra todos os copos sobre a mesa a procura de algum último gole de bebida.
- Se fizermos isso, quem vai levar vocês pra casa? – pergunto.
- Uber. – ele canta.
- E nossos carros?
Ele para por um instante, levando mais tempo do que o necessário para responder.
- A gente pode pegar depois.
- Nem fodendo. – Connor retruca. – E você já bebeu demais. Amanhã nós temos aula, Luke.
- Você parece meu pai. – ele diz, e lanço um sorriso para o Connor.
Eu falei.
Ele apenas revira os olhos com impaciência e encara o melhor amigo.
- Como vou explicar isso pra sua mãe? – ele indica o estado do amigo.
- Você não vai explicar nada, porque eu vou dormir na sua casa.
- Tá, então como eu vou explicar pra minha mãe?
- Ela não vai me ver. Eu sou ninja. – ele grita, e bate a mão no copo. Ou tenta, já que sua mão erra o alvo e passa direto. Ele enruga a testa, confuso. – Não valeu. O copo se mexeu.
- É. Eles tão aprendendo a andar. – respondo com sarcasmo.
- Melhor a gente ir. Isso vai piorar ainda mais se ficarmos. – Connor diz, e eu concordo.
- Vou chamar o resto.
Levanto da mesa, ignorando o incômodo nas pernas por ter passado tanto tempo sentado, e entro na multidão.
Thomas e Jude são os primeiros a serem encontrados.
- Vamos embora. – aviso, e Thomas choraminga.
- Não. Nós acabamos de chegar.
- Já estamos aqui à uma hora. – digo, e Jude ergue as sobrancelhas.
- É mentira. Não acredite nele, Jude.
Thomas vira o rosto do nosso primo para ele, tentando de alguma forma trazer de volta seu aliado.
- Não se deixe ser vencido. – Thomas diz, e merda... quantos copos ele bebeu?
- Quanto ele bebeu? – pergunto ao Jude, torcendo mentalmente para que pelo menos ele esteja mais sóbrio.
- Acho que...muito. – ele admite, com mais lucidez do que esperava.
Ótimo!
- Droga.
- Eu tô ouvindo tudo o que vocês dizem, seus manés. – meu irmão reclama.
- Anda logo. Nós precisamos ir pra casa. – respondo.
Do jeito que as coisas estão, elas só vão de mal a pior se continuarmos aqui.
Já temos três bêbados, e não quero que esse número aumente.
Thomas me segue, mesmo que praguejando, pela multidão agitada.
Uma garota loira me puxa para dançar em um momento, mas com um sorriso sem jeito consigo me desvencilhar.
- Eu teria ficado. – Jude me diz, e reviro os olhos.
- Você não tem namorada. – explico.
- E você tem? – ele devolve.
Touché!
- Porra! Pegou pesado agora, Jude. – Thomas diz. – Gostei. – ele acrescenta com um sorriso orgulhoso no rosto .
Ergo o dedo do meio para os dois, que riem como duas crianças embriagadas por doce.
- Encontro vocês na mesa. Preciso encontrar o Jordan e o Ethan.
- Aquele Ethan? – Jude aponta para a nossa esquerda, do lado oposto ao da nossa mesa, e encontro o Ethan suado e sem camisa.
Ele não estava de camisa há cinco minutos atrás?
- Merda. Cadê a camisa dele? – pergunto em voz alta, mesmo que não seja para alguém específico.
- Eu cuido dele, procura pelo Jordan. – meu primo diz, e nem dou tempo para que ele mude de ideia.
Faço um aceno rápido, e volto o mesmo caminho a procura de algum sinal do Jordan.
Depois de cinco minutos rodando e encontrando exatamente as mesmas pessoas, procuro pelos lugares mais escondidos da boate.
Se eu estiver certo e ele estiver com a garota do vestido preto, eles vão procurar pelo lugar mais escondido e escuro.
Entro num corredor com a luz oscilante, e encontro uma placa anunciando os banheiros.
Não é difícil encontrá-lo.
Os gemidos me guiaram até um banheiro masculino no fim do corredor.
Tem uma fila no banheiro feminino, mas isso não parece ser o suficiente para acabar com a festinha deles.
- Jordan. – grito do outro lado da porta.
Algumas garotas na fila me encaram como se eu fosse louco por atrapalhar. Já outras, parecem dispostas a entrar num banheiro comigo.
- Jordan. – grito mais alto dessa vez.
- Vai embora. – ele responde.
- É exatamente por isso que tô aqui. Estamos indo embora.
Ouço ele praguejar alto.
- Podem ir. Eu me viro na volta.
Por alguns segundos eu não digo nada, apenas considero largá-lo aqui. Se ele quer ficar, ok. Jordan é adulto o suficiente para se responsabilizar por suas ações.
Mas por outro lado, não me sinto confortável o suficiente para fazer isso. Além do nosso pequeno grupo, não conhecemos ninguém. Então em quem podemos confiar?
- Não. – respondo imediatamente. – Anda logo. Já estamos saindo.
Espero por sua resposta, mas só ouço um som abafado vindo de lá.
Bato violentamente na porta para chamar sua atenção, e quando a garota solta um gritinho fino, abro um sorriso.
- Tô esperando. – respondo.
- Merda! – ele responde.
O banheiro fica em silêncio por mais alguns segundos, até um clique baixo anunciar a saída do novo casal.
A garota é a primeira a sair.
Ela me encara como se eu tivesse acabado de dizer que seu personagem favorito morreu.
Mas embora ela esteja imaginando formas de me matar, ela não diz nada, apenas ajeita o vestido e alisa os fios desgrenhados, e então some.
Quando o Jordan sai, ele parece pronto para socar a minha cara.
- Valeu mesmo, viu?!
- De nada. Eu provavelmente salvei sua pele. Espero que lembre disso. – respondo, e então volto pelo corredor sem olhar para trás para ter certeza que ele me segue.
Encontro nossa mesa vazia, e sigo reto em direção a saída.
O mesmo segurança me analisa quando saio, como se estivesse procurando provas de que não me meti em confusão lá dentro.
Quando percebe que não há nada fora do comum em mim, ele simplesmente vira o rosto e encara a rua abarrotada de carros.
- Andem logo, preciso mijar. – Jude berra, enquanto se apoia no carro.
- É só procurar uma árvore. – Luke responde, suas palavras se cruzando de vez em quando.
- Tenho cara de cachorro? – meu primo devolve, e pelo duplo sentido da palavra, Luke e Thomas gargalham.
- Cachorrão. – um deles diz, e então começam a uivar.
- Parem com isso, droga. – Connor censura. – Entrem logo na porra do carro. – seu tom é tão autoritário, que preciso segurar a fachada de tédio para não rir da cara de medo dos nosso amigos.
O Connor nunca grita ou aumenta o tom de voz numa discussão. Ele é sempre o cara legal do grupo, o que você procura para conversar ou dar conselhos.
Mas pelo visto a paciência dele foi dar uma voltinha agora.
- Calma, não precisa gritar. – Luke diz, mas entra no carro com o rabinho entre as pernas.
- Alguém quer carona? – Jude diz, me surpreendendo.
- Você não vai dirigir, você bebeu.
- Só bebi duas cervejas. – ele responde.
Sério? Duas a menos do que eu.
Mandou bem, Dylan.
- Você parecia meio bêbado lá dentro. – acuso.
- Eu só tava curtindo. Fazia tempo que a gente não saía. – Jude responde. – Relaxa, eu tô sóbrio. Juro.
Se bem que o Jude bêbado não conseguiria pôr todas essas palavras em ordem.
- Tudo bem. – digo . – Mas me manda uma mensagem quando chegar em casa.
-Pode deixar. – ele pisca.- A gente se vê amanhã. – ele se despede do nosso grupo, e então segue em direção ao seu carro com Jordan atrás.
Entro no carro, e Connor logo sai da vaga.
Luke parece sonolento no banco da frente, enquanto Ethan e Thomas tagarelam sobre alguma coisa.
Pelo visto tudo o que precisavam era de uma bebida.
Dez minutos depois, Connor para em frente ao portão da minha casa. Pelo carro solitário na garagem, percebo que, ou a Bonnie é a única em casa, ou saiu com os nossos pais.
- Valeu, galera. – me despeço.
- Valeu. A gente se vê amanhã. – Connor responde, enquanto Luke faz um aceno desengonçado com a cabeça.
- Precisamos fazer isso mais vezes. – meu irmão diz, saindo do carro com dificuldade.
Luke concorda de imediato, enquanto Connor pragueja.
- Só você mesmo pra planejar uma saída quando ainda nem se recuperou da primeira.
- Vocês me conhecem. – é tudo o que Thomas diz, antes de abrir o portão e caminhar aos tropeços em direção a casa.
- Bom, vamos indo. Ainda preciso despachar esse daqui. – Connor faz um gesto em direção ao Ethan, que parece aflito.
- Espera. – ele diz. – Eu posso ficar aqui essa noite?- Ethan pergunta, chamando atenção dos dois caras nos bancos da frente.
Eu por outro lado, sinto que entendi errado a pergunta dele.
- O quê?
- Posso ficar aqui? Não quero que minha mãe me veja assim. Ela já tem muita coisa pra se preocupar.
- E eu já tenho um bêbado. Não sei se posso lidar com dois.
- Eu só quero dormir. Não vou dar trabalho.- ele promete.
Algo no jeito dele me faz lembrar como eu estava quando soube do Thomas e da Ava. Eu mais do que tudo queria sair de casa e esquecer um pouco as coisas. E agora, ele parece querer o mesmo.
Inspiro fundo lentamente, e então solto o ar.
- Merda! Tudo bem. – respondo, e ele imediatamente sai do carro.
- Pode passar a grana. - Connor estende a mão pela janela aberta, com um sorriso idiota na cara.
Com praguejo baixo, tiro algumas notas do bolso, e lhe entrego os $ 10 dólares amassado.
- Foi um prazer fazer uma aposta com você.  - ele responde, reluzente.
- Tenho uma ideia do que você pode fazer com essa nota. - digo. - Pode limpar seu...
- Vocês apostaram? - Luke nos olha intrigado.
Faço um aceno com a cabeça.
- E eu perdi $ 10 dólares.
- Mas olha pelo lado bom : você ganhou um bêbado. - Connor diz, e com uma risada alta, ele dá a partida no carro e some antes que eu possa jogar uma pedra na janela.
- Não entendi nada. - Ethan diz, com leve ruga na testa.
- A única coisa que você tem que entender, é que deve ficar longe da minha irmã. Não ouse nada, ou eu castro você enquanto dorme. - e então passo pelo portão, sem esperar uma resposta.

Último capítulo da semana✨ Mas o nosso próximo capítulo sai na segunda 😘💃 Fiquem ligados, e não esqueçam de comentar e votar🌼💗
Bom final de semana, galera 💜

A barraca do beijo 2Onde histórias criam vida. Descubra agora