Prontos?

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BONNIE

- Mãe, você viu minha jaqueta jeans? – grito no topo da escada.
Ela está sentada no sofá, com as pernas cruzadas e o celular na mão. Ela ergue os olhos do celular, e me olha com uma expressão confusa.
- Você não tem jaqueta jeans, Bonnie.
- É a do Thomas. Eu peguei emprestado. – abro um sorriso amarelo para que minha mãe não veja a culpa estampada no meu rosto.
Esse “emprestado” já dura um mês e meio.
Ela para por um instante, como se estivesse pensando onde viu a jaqueta pela última vez.
- Você olhou na secadora?
Não.
- Vou olhar agora. Valeu mãe. – grito, e escuto sua risada baixa enquanto desço a escada correndo, e vou em direção a lavanderia.
Abro a secadora, e procuro  a “minha”  jaqueta entre as muitas peças de roupa. Depois de pegar uma calça e uma camisa por engano, finalmente encontro. Subo a escada em questão de segundos, e entro no meu quarto.
Encaro a roupa separada sobre a minha cama, e abro um sorriso satisfeito quando vejo que a jaqueta vai ficar perfeita com o resto do look.
Tiro meu roupão, e visto a calça jeans com rasgos nos joelhos, uma camisa cinza e meu vans preto. Visto a jaqueta de Thomas, e solto meu cabelo do coque. Meus fios escuros escorrem pelas minhas costas, caindo em ondas leves. Coloco duas argolas pratas nas orelhas, e passo uma camada generosa de rímel.
Quando termino, me sinto satisfeita com o meu reflexo, e pego minha mochila de couro preta sobre a cama, e desço.
Dylan já está lá, como sempre. Ele é o mais pontual de nós três, o que me envergonha um pouco, já que eu sou a mais velha, então eu deveria ser a mais cabeça e responsável. Mas ao invés disso, Dylan veste esse personagem, mesmo sendo apenas o irmão do meio.
- Pensei que fosse o Thomas. – ele diz, e eu volto os degraus para ir até o quarto de Thomas e bater violentamente contra a porta.
- Anda logo. Só falta você.
- Me dê um minuto. – ele pede, e sei que não vai ser só um minuto.
- Não. Corre ou você vai ficar. – ameaço, mas então percebo que isso pra ele não é algo ruim , e acrescento: - E você sabe como nosso pai adora quando você mata aula.
Na última vez que ele fez isso, nosso pai arranjou algumas atividades para ele. Quando Dylan e eu chegamos, Thomas tinha limpado o quintal e lavado toda a louça. Nem preciso dizer que ele nunca mais faltou né?! Mas isso não impede que ele chegue atrasado, o que consequentemente, nos atrasa, já que vamos quase sempre no mesmo carro.
- Não enche, Bonnie. – ele retruca. – Eu vou descer. – ele diz, e eu abro um sorriso ao ouvir sua irritação.
Desço a escada novamente e aviso:
- Ele já vem.
Dylan confirma com a cabeça, e digita rapidamente no celular.
- Mensagem pra Ava? – adivinho, parando ao seu lado para confirmar meu pensamento.
Estou certa.
- Vamos passar na casa dela. – ele avisa, e eu comemoro.
Ava é uma das minhas melhores amigas, e ela e o Dylan namoram há cerca de um ano. No início eu estranhei, claro. Achei que fosse perder minha melhor amiga para o meu irmão, ou então que teria que escolher um lado nas brigas. Mas isso nunca aconteceu. Graças a Deus!
Eles tem uma espécie de relacionamento maduro pra idade, onde não envolvem ninguém durante as brigas. Eles resolvem entre eles e pronto.
Acho que eu invejo um pouco. Não que eu tenha um namorado agora, mas eu já tive. O nome dele é Luke, nós namoramos por alguns meses durante o ano passado, até eu perceber que não gostava dele o suficiente para estar num relacionamento. E o nosso namoro não era lá grande coisa. Passávamos mais tempo com nossos amigos, do que um com o outro. E no fim, percebemos que éramos só um casal de amigos que se beijavam.
- Pronto. Vamos! – um dos meus irmãos diz, e viro na direção da voz para encontrar Thomas descendo a escada com a mochila nas costas.
Ele ergue uma sobrancelha quando me vê, e eu abro minha melhor expressão angelical.
- Essa não é a minha jaqueta?- ele aponta.
- Não, acho que não. – respondo com desdém.
- É, ela tem...- ele para, e então se aproxima para ver mais de perto.- ou tinha, um rasgo aqui no ombro por causa de uma briga.
Briga. Outra coisa que meu irmão não consegue ficar longe. A primeira é mulher. Thomas tem uma “namorada” diferente a cada dia. Por isso nem me atrevo a criar proximidade. Elas nunca duram, no final das contas.
- Tinha? – encaro o ombro com desdém, sabendo exatamente que ali há um adesivo bordado de uma rosa vermelha. E para que não ficasse muito sem sentido uma rosa no meio do nada, coloquei uma rosa menor um pouco mais abaixo.
- Tinha. – ele responde com firmeza. – O que você fez com a minha jaqueta?
- Nada. – respondo.
- Ela não era assim.
- Bom, parece então que agora ela é minha em tempo integral. Você não vai mais usá-la.- abro um sorriso convencido.
- Quem disse? – ele pergunta com uma expressão confusa.
- Tem uma rosa bem aqui. – aponto para o meu ombro, e ele dá de ombros.
- Mulheres gostam de rosas, o que quer dizer que eu tenho que gostar. – ele pisca um olho para mim , e eu reviro meus olhos.
Droga, preciso pensar em outra coisa para roubar as roupas dele.
- Vocês já acabaram? Nós precisamos ir. – Dylan diz impaciente.
Encaro meu irmão mais novo de baixo, já que mesmo com seus 15 anos, ele e Thomas conseguem ser mais altos do que eu.
Enquanto eu estanquei em 1,68 cm com 17 anos de idade, meus irmãos estão chegando à 1,80 com apenas 15.
Além da altura, eles são gêmeos idênticos. Literalmente. Ambos possuem olhos azuis e cabelo castanho escuro. Até a forma como usam o cabelo é parecida, então nem adianta tentar adivinhar quem é quem pelo cabelo. Os dois jogam futebol americano, assim como nosso pai na época dele. Então ambos tem um físico chamativo, resultado de muito trabalho duro. A única diferença entre eles, fora  a personalidade, já que o Dylan é mais tranquilo e responsável, enquanto o Thomas é o problema em pessoa, é a cor da pele. Já que o Thomas possui o corpo mais bronzeado por passar mais tempo ao sol. Ele anda de moto sempre que pode, e gosta de nadar na piscina sempre que tem tempo livre.
- Sim, papai. – Thomas responde com deboche, e o irmão revira os olhos.
- Nós já vamos. – grito, e em questão de segundos nossa mãe surge da cozinha.
- Se cuidem. – ela ordena, e nós concordamos com a cabeça.
Ela beija cada um na bochecha, e então nos despedimos.
                                                                                                            
                                ***

-Aonde nós vamos? – meu irmão mais novo pergunta, enquanto ligo o pisca e entro na rua de Ava.
- Buscar a Ava. – Dylan responde com um sorriso.
- Que ótimo. – Thomas diz com uma expressão azeda, mas capturo pelo retrovisor sua expressão de desconforto e pavor.
- O que há de errado? Você gosta dela. – digo, e ele me olha surpreso, seu rosto ficando levemente pálido.
- O quê?! – ele pergunta alarmado. – Claro que não.
- Você não gosta da sua cunhada? – pergunto confusa.
Ele sempre pareceu se dar bem com a Ava, por mais que nunca fique muito tempo com ela.
Dylan o encara com curiosidade, enquanto Thomas olha pela janela e abre um sorriso.
- Claro que gosto. Sou obrigado.
Reviro meus olhos, enquanto Dylan estica o braço e bate o punho fechado no ombro do irmão.
- Idiota. – ele diz, enquanto o irmão mais novo ri.
Nesse momento estaciono o carro em frente a uma casa duplex com enormes janelas de vidro, e um extenso  gramado verde. A porta se abre antes que possa apertar a buzina, e Ava surge no meu campo de visão com um short jeans curto cintura alta, cropped preto, e uma bota de couro. Seus cachos loiros balançam enquanto ela caminha até nosso carro, e encaro meu irmão babar no banco do passageiro.
- Não babe no meu carro. – cutuco sua cabeça, e ele nem me olha. Apenas ergue o dedo do meio e mantém seus olhos na namorada.
Ava entra no carro com um sorriso imenso.
- Oi. – ela quase canta. – Como meus irmãos Flynn estão?
- Bem. – respondemos em uníssono.
- E como está meu irmão favorito? – ela pergunta, e Dylan se inclina para o banco de trás, para beijá- lá.
- Melhor agora. – ele responde, e ela sorri ainda mais.
- Me mata. – Thomas pede.
- Se joga pela janela. – Dylan diz, e Thomas desce a janela automática, enquanto eu a subo.
- Tá meio cedo pra isso, não acha? – pergunto, e eles reviram os olhos.
- Nosso último ano, amiga. – Ava diz, e eu a observo pelo retrovisor.
- Eu sei. Da pra acreditar?!
- Nem um pouco.
- Vai ser estranho não ver vocês no ano que vem. – Dylan diz.
- Vai ser um alívio, isso sim. – Thomas murmura.
- O que aconteceu? Você sempre deixa pra ser amargurado depois do almoço. – Ava o cutuca, e ele se afasta.
- Quis fazer uma surpresa e começar mais cedo hoje.
- Nervoso com seu primeiro dia? – ela pergunta, seus olhos castanhos o observando com interesse.
- Nunca fico nervoso com o primeiro  dia.
- Queria ser assim. – ela diz, e então solta um suspiro cansado.
Thomas, porém, não responde. Ele tira o fone da mochila, e o coloca na cabeça, evitando qualquer tipo de conversa.
- Não esquenta com ele. Deve ter terminado com a namorada. – Dylan diz, e eu encaro meu irmão mais novo pelo retrovisor, mas ele parece não ter escutado.
- De novo? Quem foi dessa vez? – Ava pergunta.
- Alguma tal de Ana.
- Tadinho. – Ava diz, sua voz penosa.
- Não fique com pena. É sempre o Thomas quem termina. – digo, e então estaciono meu carro numa vaga. – Bom, chegamos.
Pego minha mochila do colo do Dylan, e saio do carro. Observo enquanto Thomas sai, e sem dizer uma palavra caminha em direção a escola.
- Mentira. – Ava grita. – Estamos combinando. – ela diz , e então ri.
Espero enquanto os dois caminham até o meu lado, e observo suas roupas.
Ambos usam camisa preta, jeans e botas.
Tem como esse casal ser mais fofo?
- Prontos? – pergunto.
- Prontos. – eles respondem juntos, então entrelaçam as mãos, e caminham ao meu lado, enquanto subimos os degraus da escola.

                                 

Oi gente ♥️ Só uma observação: eu mudei a diferença de idade entre eles.  Antes, a Bonnie era mais velha 3 anos. E agora é só 2😅
Bom, espero que tenham gostado do primeiro capítulo ♥️

A barraca do beijo 2Onde histórias criam vida. Descubra agora