Você não precisa fazer isso

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BONNIE



- Você vai dar uma festa? – Gena gruda em mim, assim que me vê no corredor.
- Como você já sabe disso? – pergunto, enquanto atravessamos o mar de gente.
- Todo mundo tá falando.  – ela explica, e reviro os olhos.
Que maravilha. Era tudo que eu não precisava.
- Não é uma festa. – explico – Só uma reuniãozinha para poucas pessoas.
- Ah tá, sei... – ela ironiza.
- Não, é sério. Minha mãe deixou bem claro que só posso chamar algumas pessoas.
- Desde quando sua mãe liga pra isso?
- Desde que ela conseguiu um contrato novo e precisa trabalhar.
- Hum. Demais. – Gena diz. – Mas ei, eu tô convidada né?
- Claro.
- E o...o...Connor também? – ela pergunta, seus olhos intercalando entre mim e o corredor movimentado.
- Claro. Seu namorado secreto tá convidado. – respondo com um sorriso, e ela fecha a cara.
- Ele não é meu namorado.
- Seu ficante, então? – testo.
- Comparada a você, a Donna tá começando a parecer legal. – ela ataca, e solto uma bufada.
- Só avisa ele da festa, tá? Vai ser no sábado. – peço, e ela confirma com a cabeça.
Entramos na sala, e pela primeira vez o Ethan já está lá.
Luke e Connor estão conversando com ele, então nenhum dos três percebe quando entramos.
Ethan e eu não conversamos desde a festa. Nem sei porque ligo pra isso, mas ligo.
Ontem eu pensei em mandar uma mensagem pra ele, até perceber que não tinha seu número, e que ele também não fez nenhum esforço em conseguir o meu. É aquela coisa “temos todo tempo do mundo”. É só que...as vezes tenho vontade de acelerar as coisas. Pelo menos um pouco.
Eu gosto de estar perto dele. Sei que parece muito rápido dizer isso, afinal, nos conhecemos há dois dias; mas é a verdade. É bom estar com o Ethan. Ele é um bom ouvinte, é divertido, é gato. Além disso, ainda tem todo esse lance do mistério. É como ler um livro. Você vai descobrindo as coisas lentamente, a cada página.
- Você não vai convidar o seu amigo? – Gena me empurra com o ombro, e então faz um gesto em direção ao fundo da sala.
Ethan ri de alguma coisa, e então seus olhos param em mim, parada no meio da sala .
Ele ergue uma sobrancelha, como se estivesse me fazendo uma pergunta silenciosa.
- Vou. – respondo.
Caminho decidida até o fim da sala, e assim que paro em frente à eles, a conversa se encerra.
- Hey, Bonnie. – Ele cumprimenta.
- Hey.
- Parabéns pela liderança. – Luke diz, e então se levanta para me abraçar. – Não quis dizer nada naquela noite, porque tinha o sério risco de perder minhas bolas. Você sabe como a Donna é. – ele me chacoalha. Mas quando para, mantém seu braço sobre o meu ombro.
Ethan parece não ligar, o que me incomoda. Normalmente quando você sente algo por alguém, você tem ciúmes. Mas pelo visto, ou ele não faz o estilo ciumento, ou não sente nada por mim. Ainda.
- É, eu sei. Mas, valeu. – bato meu dedo indicador na ponta do seu nariz, e ele sorri.
- Você ainda tá brava comigo? – Connor pergunta.
Ele parece se encolher na cadeira enquanto espera minha resposta.
- Antes eu queria te matar. Literalmente. Eu fantasiei bastante com você tropeçando na escada, ou com o seu cabelo pegando fogo. – listo minhas ideias, enquanto ele me observa apavorado. – Mas agora passou. – esclareço, e ele relaxa. – Ou pelo menos uma parte da raiva. – ele volta a suar. – Mas não era sobre isso que eu queria falar com vocês...Vou fazer uma reuniãozinha no sábado, e espero vocês lá.
- Ah,é. Eu soube. – Connor diz.
Que ótimo!
- Mas ao contrário do que estão dizendo, não é uma festa. – digo a última parte com pausa, para que entendam que não devem chamar mais ninguém.
- Tudo bem. – Connor e Luke dizem ao mesmo tempo, enquanto Ethan permanece em silêncio.
- Você vai? – pergunto, tentando não demonstrar como eu quero que ele vá.
- Basta dizer o endereço. – ele responde com um sorriso, e sorrio de volta, aliviada.
- Cara, vai com a gente. – Connor bate em seu ombro. – Manda seu endereço que a gente passa na sua casa.
- Beleza. – Ethan responde.
- Ótimo. – respondo, e quando estou virando para voltar para o meu lugar, Luke pergunta:
- Você quer que a gente leve alguma coisa?
- Eu quero que não leve a Donna. – peço. – Mas no geral, a única coisa que vocês precisam levar, é roupa de banho. – respondo, e os meninos comemoram.
- Sábado promete. – Connor grita com empolgação, enquanto volto e me sento no meu lugar.
É o que eu espero.

A barraca do beijo 2Onde histórias criam vida. Descubra agora