A barraca do beijo 2

Pode me agradecer agora.

BONNIE

Manter minha atenção na aula foi difícil. A cada movimento do ponteiro, eu me sentia ainda mais ansiosa. Eu desejava que ele fosse mais depressa, assim meu reencontro com o Ian aconteceria mais rápido, mas também desejava mais lentidão da parte do ponteiro. Ele queria que o Ian me encontrasse assim, nervosa?
Eu precisava de um bom momento para me recuperar e retomar meu controle emocional. Eu precisava fingir que tudo na minha vida estava sob controle.
Quando encarei o ponteiro mais uma vez, faltavam apenas vinte minutos para minha aula acabar.
Então aproveitei o momento em que a Sra.Lins anotava alguma informação na lousa, e conferi minha maquiagem e meu cabelo. Ao que parece, tudo estava no lugar.
- Você parece meio inquieta. – Gena me analisa da cabeça aos pés, com uma expressão de impaciência.
- O Ian está lá fora. – respondo, e automaticamente a expressão dela muda, e Gena abre um sorriso safado.
- O gostosão tá aqui? – ela sussurra. – Adorei saber dessa informação.
Reviro os olhos e lhe mostro a língua.
- Qual o destino de vocês hoje?
- Ainda não sei. Pedi pra ele me surpreender. – dou de ombros.
- Você vai contar do Ethan? – Ava pergunta ao meu lado, e sinto a animação desaparecer como mágica enquanto a culpa volta com tudo.
- Contar o quê? Não rolou nada. – Gena diz.
- Mas ele está investindo na B, e ela está saindo com o Ian. Ele precisa saber.
- Não precisa nada. Não tem nada demais nisso. – Gena responde. –  Olha, eu não gosto do Ethan, e iria amar se o Ian lhe desse um soco, mas... não tem motivo. A B e o Ian não tem nada sério ainda.
- Ainda acho que você precisa conversar com ele. – Ava avisa do meu outro lado.
Eu fico apenas no meio, imaginando como minhas amigas parecem aqueles anjinhos de lados opostos.
- Eu só acho que você deveria procurar alguém que não tenha “an” no final. É confuso, B. – Gena joga na cara, e pela risada baixa vinda do outro lado, sei que Ava concorda.
Quando o sinal toca, meu corpo relaxa e tensiona ao mesmo tempo.
Estou livre dos comentários controversos das minhas amigas, mas agora preciso ficar cara a cara com o Ian.
- Tenta conversar com ele. – Ava me aconselha, enquanto saímos da sala.
- Não perde tempo falando. Beija ele. – Gena grita atrás de mim.
- Pode beijar depois que conversar. – Ava explica.
- Nada disso. Beija e depois beija de novo.
- Beijar quem? – ouço a voz do Connor e sinto meu sangue gelar.
Será que o Ethan está com ele?
Olho para trás a tempo de vê-lo sozinho andando ao lado da Gena.
- Ninguém. – ela responde, e então puxa seu queixo para um selinho.
Uau, que progresso!
- Bom, foi extremamente confuso estar com vocês, mas agora eu preciso ir. – aviso. – Ava, se você encontrar algum dos meninos, avisa que eu saí e que o Jude vai levá-los pra casa. Mandei mensagem para os dois, mas nenhum me respondeu.
- Claro, pode deixar. – ela sorri. – Divirta-se!
- Me orgulhe. – Gena grita, e eu apenas olho para trás, para lhe lançar uma piscadela. – Elas crescem tão rápido. – escuto ela dizer, antes de alcançar a porta da saída, e encontrar o formigueiro de alunos no estacionamento.
Procuro por ele em meio aos carros, até uma mão se erguer e meus olhos descerem pelo braço até uma escrita preta.
Meu coração dá um salto ao encontrar seu sorriso.
Ele está apoiado no carro, da mesma forma que na última vez.
Dessa vez ele usa uma bermuda clara, uma camisa branca de mangas curtas, e um tênis branco.
Os primeiros botões da camisa estão abertos, deixando visível seu peito liso.
- Oi. – digo ao parar diante dele.
Ele não responde, apenas sorri e me puxa para um abraço apertado.
Seu perfume me traz lembranças do parque, e imediatamente meu sorriso aumenta ao lembrar daquela noite.
Quando ele se afasta, ainda mantém suas mãos na minha cintura.
- Oi. – finalmente ele responde. – Como foi a aula?
Faço uma careta, e ele solta uma risada.
- Tudo bem, então. Nada de falar sobre aula.
- Por favor. – imploro, e ele ri.
- Pronta pra ir?
- Pra onde você vai me levar?
- Não posso contar agora. Você me disse para te surpreender.
Droga, eu disse mesmo!
- Tudo bem. Me leve aonde quer que seja.
- Pode deixar. – ele responde, e então se afasta do carro e abre a porta do carona para mim.