Por trás das ondas

Capítulo 50: Decisões

Oi gente, tudo bem com vocês??
Me desculpem pela demora, de verdade. Eu consegui perder esse capítulo não só uma, mas duas vezes (eu avisei no meu quadro de avisos, mas não sei se vocês viram). Acho que eu quebrei algum tipo de recorde. Mas eu falei que ia postar essa semana, e aqui estou eu, postando essa semana!
Antes de eu perder ele, eu estava com um capítulo (incompleto) de mais de 2 500 palavras, que é um muito maior do que os que eu realmente posto.
Esse não vai ser o último. Eu honestamente não sei se eu consigo acabar no próximo capítulo também sem parecer corrido. Achei que fosse uma boa avisar.
De qualquer maneira, isso já está ficando muito grande. Espero que vocês gostem do capítulo!!
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O meu coração estava batendo tão forte que eu conseguia ouvir ele pulsando nas minhas orelhas.
- Por favor, não façam isso- Eu disse, enquanto Kat continuava a apontar a adaga para Adrien- ele não tem nada a ver com o que aconteceu. Ele não tem nada a ver com o que está acontecendo.
- Nada a ver com o que está acontecendo?- Mika perguntou, parecendo incrédula- O seu humano acabou de tentar me atacar. Um plano muito idiota o de vocês inclusive. Não só porque eu não sou facilmente distraída, mas também porque eu faço parte da rede telepática e consigo ouvir você falando com ele.
       Eu arregalei os olhos.
       - Você consegue?
       - Nós te explicamos isso no dia que você entrou, Elizabeth. A rede telepática é um recurso do grupo. Você não esperava mesmo que você podia simplesmente incluir uma pessoa e ninguém iria notar, esperava?
      - Mas eu já tinha falado com ele antes. Você não tinha percebido.
       - É claro que eu tinha percebido- Mika respondeu- mas eu achei que eu tinha tudo sob controle. Eu achei que eu conseguiria te manter afastada dele e acabar com ele de um jeito mais discreto. Mas, como eu não consegui, acabar com vocês dois agora deve servir.
      Eu não sabia mais o que fazer. Minhas ideias estavam acabando, eu não conseguiria me comunicar com Adrien sem Mika ou Kat perceberem. Minhas opções estavam acabando.
      - Eu fiz tudo o que vocês pediram- eu disse, sentindo lágrimas rolarem pela minha bochecha- eu fiz tudo o que vocês pediram por mais de um século! Eu dei a minha vida toda para vocês!
     - E mesmo assim não foi o suficiente- Mika respondeu, suspirando, e apoiando sua mão no pescoço de Adrien, suas unhas deixando marcas na sua pele.
      - Você foi a primeira sereia que eu escolhi para fazer parte de um grupo, sabia?- Mika disse, seu olhar voltando para mim, mas suas unhas ainda no pescoço de Adrien- A primeira vez que Amberly me deixou escolher, eu escolhi você. E todas as outras acharam que aquilo não era uma boa ideia, mas eu não queria ter cometido um erro logo na minha primeira vez. Você não sabe disso porque não fazia parte da nossa rede telepática ainda, mas eu jurei para elas que você seria uma boa sereia, que eu me responsabilizaria por você. E você estava indo tão bem até ele aparecer.
"Quer dizer, ir bem é relativo" ela continuou, dando um pequeno sorriso. " Eu e Amberly discutimos às vezes o motivo de você ter dado errado. Não há nenhuma resposta concreta, mas eu tenho as minhas teorias." Ela tirou sua mão de Adrien, fazendo com que eu desse um um pequeno suspiro de alívio. "As pessoas deveriam virar sereias por medo. Por puro instinto de sobrevivência. Mas você não, voce virou uma sereia por puro altruísmo, para salvar alguém. Isso deve ter afetado a transformação de alguma maneira, e você deve infectando o nosso grupo com seus sentimentos e altruísmo pela nossa rede telepática, o que piorou ainda mais agora que tem um humano nela também. A culpa é sua que o nosso grupo esteja deteriorando, a culpa é sua que nós podemos ter a capacidade de nos importar com os outros, de nos apegar, de nos apaixonar. A culpa é sua que eu esteja..."
Mika parou no meio da frase e respirou fundo.
- Não importa. Nada disso importa agora. Kat, lide com eles e nós vamos lidar com a criança logo depois.
Os olhos de Kat se arregalaram. Ela parecia mais hesitante agora, e não se moveu.
- Nós não precisamos fazer nada com Yasirah. Ela não tem culpa de nada.
     - Não importa se ela tem culpa ou não. Ela é um risco. Uma ponta solta. Oito anos é muito tempo para se esperar, Kat. Ela pode nos trair a qualquer momento, e nós nunca tivemos uma sereia que tinha ligação com o grupo antes da transformação. Poderia muito bem dar errado. É muito mais inteligente acabar com ela enquanto ainda podemos.
     A mão de Kat tremeu em volta da adaga.
    - Ela seria uma sereia tão boa Mika. Eu posso treinar ela, nós podemos treinar ela. Eu me responsabilizo por ela. Qualquer erro dela também será um erro meu, e eu aceito as consequências.
     Mika riu.
     - E a história se repete.
     Kat pareceu mais desesperada.
     - Vai ser diferente dessa vez! Yasirah não é como Elizabeth!
     - Nós não temos como saber disso.
     -  Nós não temos nada que prove o contrário!
     - Ela pode nos trair a qualquer momento com pouco a perder, Kat, e você sabe disso.
     A mão de Kat que segurava a adaga continuava tremendo.
     - Ela não vai nos trair! Ela é leal, e fofa, e gentil e você saberia de tudo isso se você ao menos tentasse conhecer ela melhor.
     - Eu não preciso conhecer ela melhor. Ela é uma ameaça. E você não me ouviu falar? Você não se importa com ela, não de verdade. É a merda da capacidade para sentimentos da Elizabeth que está nos infiltrando como parasitas. Assim que ela e o garoto se forem, você não vai mais ligar para ela. Acabe logo com isso, antes que eu tenha que tomar providências eu mesma.
     Eu não me atrevia tirar os olhos de lá, como se eu olhar para qualquer outro lugar pudesse causar um grande desastre para Adrien e para as outras. Eu não me atrevi a olhar nem mesmo quando ouvi Yasirah falar. Sua voz era uma mistura de medo com insegurança.
     - Você não faria isso, Kat.- poderia ser uma afirmação, caso ela não tivesse adicionado segundos depois, com um certo tremor na voz- Faria?
     Kat olhou para ela. Depois para mim. Depois para Mika e por último para Adrien.
     - Se Adrien e Elizabeth são o motivo para eu me importar com Yasirah- ela afastou a adaga de Adrien e moveu ela para a direita em um movimento rápido, fazendo com que ela apontasse para Mika- Eu preciso que eles vivam. Eu gosto muito de você, Mika, mas você não vai ameaçar Yasirah nunca mais, se depender de mim, e como eu sou a pessoa armada aqui, eu sinto muito em te dizer que depende.
       Mika arregalou os olhos.
        - Você não faria isso.
       Kat olhava fixamente para ela.
       - Quer apostar?- sem mover seu olhar ela disse- Liz, leve Yasirah para o carro. Eu não quero que ela veja isso.
       - Você promete voltar com Adrien?- eu perguntei, com os olhos fixados nos dele. Ele assentiu com a cabeça, como se estivesse prometendo que ficaria bem.
       - Eu prometo. Agora vá.
       Só então eu tive a coragem de me virar. Yasirah já vinha na minha direção, e segurou minha mão.
      Nós fomos nos afastando em direção ao carro que eu e Adrien usamos para chegar até ali, estacionado na frente de uma árvore. Eu não achei que nós tivéssemos que correr. A situação estava sob controle. Eu apenas disse para Yasirah andar sem olhar para trás.
      E talvez, se nós tivéssemos corrido, nós não ficaríamos para o que aconteceu depois. Nós teríamos pego o carro e fugido para o horizonte. Ou talvez não. Eu não tenho como saber.
      Estávamos quase no carro quando um carro azul claro, antigo, mas em condições muito boas, veio e estacionou bem atrás do nosso. Entre a árvore e ele, era impossível que nós conseguíssemos sair dali.
Do carro vintage saiu uma mulher. Seus olhos azuis brilhavam com uma frieza que eu não via a muito tempo, e seus cachos castanhos, presos em um meio rabo, caiam perfeitamente sobre seus ombros. Eu conhecia ela. Ela foi o primeiro rosto que eu vi na minha vida nova, um rosto que eu não via a mais de um século.
Eu não conseguia me mover. O choque me mantinha parada no lugar. Aquilo não era possível.
      Quando eu consegui um pequeno momento de racionalidade clara, eu murmurei para Yasirah para correr e se esconder no campo atrás dos carros, onde o mato era grande o bastante para encobrir ela. Com sorte, a mulher não notaria ou não se importaria. Ela assentiu e saiu correndo.
Eu fiz o contrário, e me movi lentamente e de costas na direção das outras e de Adrien. A mulher realmente ignorou Yasirah e me seguiu. Quando ela chegou mais perto, eu consegui analisa-la melhor. Ela não tinha mudado nada.
Eu ouvi Mika sussurrar o nome da mulher atrás de mim, sua voz baixa como se ela estivesse falando algo sagrado, que não deveria ser dito.
- Amberly.