Narrado por: Adrien
Meu pai é um babaca.
Ele sempre tinha odiado meu amor por surf, comentando com seus amigos, parentes, e todo mundo que quisesse ouvir que seu filho mais novo era "um fracassado que achava que surf era carreira". Ele sempre dizia que eu nunca ia ganhar dinheiro com aquilo, que eu seria um perdedor e lamentava por eu não ser igual meu irmão. Mas desde que eu fiquei famoso por ganhar uma competição nacional, ele agora decidiu ser meu empresário. Marcava entrevistas para mim e me mandava ir treinar toda vez que eu colocava o pé em casa. Não que eu não goste de surf, eu adoro, mas também quero ter uma vida.
Hoje, eu iria sair com meus amigos, mas assim que meu pai me viu saindo ele surtou, mandou eu ir treinar, de acordo com ele, já que eu escolhi aquela profissão horrível, teria que treinar para ser o melhor a minha vida toda. Eu fiquei bravo, e falei que eu tinha vida social. Ele ameaçou me deixar trancado do lado de fora de casa por dois dias se eu não fosse "treinar para aquela competição estupida". E ali estava eu, com meu irmão a caminho da praia.
Meu irmão, Erick, me deixou na areia da praia e prometeu voltar dali duas horas.
Era segunda-feira, umas 16 horas, a praia estava praticamente deserta. Olhei para o mar e vi que as o mar estava calmo demais para surfar ou treinar manobras e coisas do tipo.
" Que ótimo! Eu vim aqui para nada!" pensei comigo mesmo.
Pelo menos, a praia era melhor do que ficar em casa, com meu pai e meu irmão.
Sentei na areia e decidi observar as pessoas.
Perto de mim, um homem que provavelmente tinha saído do trabalho recentemente, já que vestia camisa social e sapatos fechados, que observava um pequeno garoto jogando bola.
Vi também duas garotas, que deveriam ter a minha idade olharam para mim risonhas.
A pessoa que mais me chamou a atenção foi uma garota, sentada perto da beira do mar, que parecia fazer carinho água. Ela me parecia estranhamente familiar. Seus cabelos dourados e lisos brilhavam a luz do sol. Estava usando uma camiseta de manga comprida preta e tinha uma prancha do seu lado, então provavelmente tinha vindo aqui surfar como eu, mas acabou desistindo pela calmaria do mar e decidiu ficar ali mesmo.
Decidi ir falar com ela. Sabendo que ela surfa, talvez eu consiga puxar assunto.
Assim que eu levantei, percebi que eu conhecia aquela prancha. Era branca, com desenhos daquelas flores havaianas, hibiscos.
Ao chegar perto, tive certeza de quem era. E também notei uma coisa.
A menina estava chorando.
Me aproximei devagar para ela notar minha presença e encostei a mão em seu ombro.
Amelia Jones sentiu o toque e olhou para mim.
- Você está bem?-perguntei preocupado, mas me arrependi logo depois. Óbvio que ela não estava bem. Ela estava chorando.
Ela me ignorou e se virou em direção ao mar enquanto endireitava sua postura e secava suas lágrimas. Era claro que ela não se sentia confortável chorando perto de mim, mas me sentei do seu lado assim mesmo.
- Se você quiser falar o que aconteceu- falei meio desconfortável- você pode.
Amelia olhou para mim, seus olhos ainda cheios de lágrimas, apesar de ela tentar esconde-las
- Minha...-ela fez uma pausa- amiga que divide apartamento comigo. Nós brigamos.
- Isso é normal.
Ela assentiu.
- Começamos a brigar muito recentemente. Mas essa... foi feia. Ela foi embora. Eu não tenho notícias dela há uma semana. Tenho medo de que algo ruim tenha acontecido com ela.
Fiz menção de abraçar ela, mas ela me encarou e eu recuei.
Eu sou um péssimo confortador.
- As vezes as pessoas só querem ir embora por um tempo. Dê um tempo para ela. Ela vai voltar, confie em mim.
Ela deu um sorriso triste.
- Eu espero.
Depois ficamos conversando por um tempo sobre coisas sem importância. Ela até riu de algumas coisas que eu falei. Só paramos de conversar quando Erick voltou para me buscar. Assim que vi ele acenando para mim da calçada, eu levantei apressado.
- Meu irmão chegou para me buscar- disse para ela.
- Eu tenho que ir para casa também-ela se levantou enquanto pegava sua prancha.
"Ok." pensei comigo mesmo "Agora como eu me despeço dela?"
- Você mora aqui perto não é?
- Sim. Por que?
- Quer carona?
Ela sorriu.
- Eu te disse no dia em que te conheci que não quero que você saiba onde eu moro.
Falado isso, ela pegou sua prancha e caminhou para longe.
-Tchau, princesa das águas-gritei.
- Até amanhã, surfista prateado-ela gritou de volta.
Fiquei observando até ela virar um pontinho no horizonte.
Tinha algo estranho em Amelia. Eu podia sentir. Mas eu gostava da companhia dela.
- Vamos?-meu irmão perguntou antes de eu entrar no carro. Ele franziu a testa- Você não treinou não é mesmo?
Congelei.
- Como você descobriu?
Ele bagunçou meu cabelo.
- Sua cabeça está seca.
"Droga"
- É melhor você ir dar um mergulho- ele continuou- nosso pai não vai ficar nada feliz de ver que você não estava surfando.
Murmurei um obrigada e sai correndo em direção a água.
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Por trás das ondas
FantasyElizabeth é forçada a se tornar uma sereia em 1900 para que seu irmão fosse poupado da morte. Cento e oito anos depois ela conhece um surfista, Adrien Lacosta. Ela descobre que o garoto é imune ao seus poderes de sereia e planeja ir fundo para desc...