Capítulo 45: Cartas

467 45 8
                                    

  Eu cheguei em casa radiante. Já estava meio tarde quando eu voltei, por isso me surpreendi em encontrar Yasirah, Mika e Kat animadamente jogando cartas na mesa da sala.
    - Elizabeth- Kat chamou- você chegou!
     - Sim. Vocês parecem estar super animadas, aconteceu alguma coisa?
      Antes que as duas mais velhas pudessem falar algo, Yasirah disparou:
     - Nós vamos para a Itália!
      Senti meu sorriso se desmanchar.
     - Itália?
     Mika sorriu.
     - Sim! Eu comprei nossos tickets. Nós vamos ir daqui a duas semanas.
     - Gente, vocês podem me emprestar a Mika por um segundo?- pedi.
      Mika se levantou e me seguiu até o corredor.
     - Tem algo errado?- ela perguntou, seu sorriso começando a oscilar.
     - Eu tinha te pedido tempo! Para por um fim em certos assuntos.
     - Eu te dei tempo! Eu achei que você já tinha resolvido.
     - Ainda não. 
     - O que é tão importante assim que você não conseguiu resolver até agora e não consegue resolver em duas semanas?
     Eu não sabia o que responder, então eu fiquei em silêncio.
Ela fez uma expressão compreensiva.
- Você sabe que se você precisar eu te ajudo, não é?
Eu concordei com a cabeça.
- Você consegue resolver seja lá o que isso for em duas semanas, não é?
     Se eu respondesse que não, ela acharia que o meu "problema" era grande demais e iria querer interfirir, e eu sabia que se ela soubesse, as coisas iriam piorar tanto para mim, quanto para Adrien e talvez até para nosso grupo.
- É claro- eu respondi, sem ter coragem o suficiente para lhe olhar nos olhos.
Desde que eu entrei na minha primeira competição de surf minha vida se tornou uma confusão, mas era o tipo de confusão na qual aconteciam não só brigas e culpa, mas também sorrisos, abraços, confiança, novas amizades e até mesmo amor. Aquele ano tinha sido o ano em que eu mais tinha me sentido eu mesma, mais tinha me sentido viva desde que eu conseguia me lembrar e embora eu tenha passado esse tempo todo dizendo para mim mesma que eu teria que me afastar em algum momento, falar é bem diferente de fazer, e é muito pior quando se é forçado a fazer algo com data limite. Mas eu não tinha outra escolha. Eu basicamente não tive direito a escolha desde que eu me tornei uma sereia, a não ser salvar meu irmão, de quem eu quase não conseguia lembrar direito a não ser pelo amor que eu sentia por ele.
Já tinham se passado cento e oito anos. Faltava pouco tempo para eu me destransformar agora. Eu conseguiria aguentar até lá, sem contar que não era como se ir para a Ítalia fosse ruim. Eu estaria cercada de pessoas novas, comida boa e com a minha família. Mesmo assim, eu não conseguia me animar totalmente com a oportunidade, eu conseguia sentir uma pontada de dor no meu peito.
- Liz, Mika- Kat gritou da mesa- vocês vem jogar ou não?
Eu não queria mostrar que eu estava abalada de deixar Florida, então eu sorri, dei um aceno de cabeça e me sentei ao lado de Yasirah.

Quando paramos de jogar, já estava bem tarde, e embora nem eu, Mika ou Kat sentíssemos sono, Yasirah não consegui nem manter os olhos abertos por muito tempo. Kat a carregou até seu quarto, deixando Mika e eu na sala.
- Você tem certeza que você está bem? Você parece meio abalada.
Eu neguei com a cabeça.
- Eu estou bem, sério.
Mika lançou um olhar para a porta de Kat e depois perguntou:
- Eu me prometi que eu ia parar de implicar com ele, mas isso tem algo a ver com aquele surfista?
Eu neguei sem hesitar e ela deu um suspiro.
- Que bom.
      Eu levantei da cadeira.
      - Eu acho que eu vou dormir um pouco. Boa noite!
      Ela deu um aceno.
       - Boa noite.
      Assim que eu entrei no quarto, fechei a porta e peguei meu celular. Eu precisava avisar Adrien o quanto antes que eu iria me mudar.
       Quando o telefone começou a chamar, eu fiquei com peso na consciência de estar ligando. Ele era humano, precisava dormir e pior do que ligar para alguém de madrugada era ligar para alguém de madrugada com más notícias. Eu pensei em desligar, mas antes que eu pudesse fazer isso, um "Alô" sonolento saiu do telefone.
      - Oi- eu cumprimentei  com a voz fraca, em parte para as outras não ouvirem e em parte porque eu não tinha forças o suficiente para dizer o que eu tinha que dizer.
     - Amelia, você sabe que horas são?- sua voz era meio de indignação, mas depois houve uma pausa e ele assumiu um tom mais carinhoso- Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
     - Me desculpa ligar tão tarde. Eu deveria ter esperado- eu disse, quase soluçando.
      - Não tem problema! O que aconteceu?- ele perguntou de novo, parecendo mais preocupado.
      - Eu vou embora.





Oi, gente, tudo bem?
Eu vim aqui avisar que, se nenhum dos capítulos ficar grande demais e eu ter que cortar algum. faltam por volta de três capítulos para o livro acabar.
Eu vou postar um epílogo além disso, mas eu pensei que seria legal fazer tipo um perguntas e respostas de vocês para mim ou para um dos personagens para fechar o livro!
Eu vou colocar um lembrete disso nos outros capítulos que eu postar, mas se vocês já tiverem alguma pergunta em mente podem ir colocando aqui nos comentários.
É isso, espero que vocês e estejam gostando e vejo vocês no próximo capítulo!

Por trás das ondas Onde histórias criam vida. Descubra agora