Cap 25: Identidades

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E então, para onde vamos?- perguntou Yasirah, enquanto saltitava pela calçada.
- Até o apartamento de um garoto que conhecemos. Ele sabe fazer identidades falsas. Nós conhecemos ele uns dez anos atrás, quando nós nos mudamos para a Florida.-respondeu Mika.
- Nós conhecemos ele na porta de um bar. Ele estava vendendo identidades sob encomenda, para as pessoas abaixo de dezoito anos conseguirem entrar. Falamos com ele e pedimos para ele fazer uma para nós, mas com a idade que nós aparentamos ter- eu expliquei.
    - Pedimos não seria a palavra que eu usaria para descrever o que fizemos- Kat murmurou, recebendo um olhar de reprovação de Mika e um assustado de Yasirah.
    - Nós só usamos nosso canto para manipular ele. Não o machucamos fisicamente- expliquei.
A pequena assentiu com a cabeça e nós começamos outro assunto.
Chegamos em um prédio de três andares. Batemos na porta duzentos e cinco, que foi aberta por um garoto que aparentava ter uns trinta anos de idade.
     - Boa tarde- ele falou. Em seguida, lançou para nós um olhar confuso- eu conheço vocês?
- Não- Mika olhou para baixo- nós viemos por causa do seu...- ela parou para achar a palavra certa- trabalho.
- Ah, sim certo- ele saiu da frente da porta- por favor, entrem.
Nós entramos, mas Mika continuou na porta.
- Talvez vocês podem resolver isso enquanto eu levo Yasirah para fazer alguma coisa. Afinal, uma de vocês vai ter que liderar nosso grupo um dia e vai ter que lidar com esse tipo de coisa. E ela vai achar um saco ficar parada aqui.
- Eu saio com ela- me ofereci.
Mika revirou os olhos e sorriu.
- Claro, fique com a parte divertida enquanto eu e Kat cuidamos do resto.
Ela falou de um jeito amigável, então eu não me preocupei muito. Eu disse para ela que eu estava com meu celular e que qualquer coisa era só elas me ligarem.
Nós duas saímos do prédio e ficamos rodando pelo quarteirão, até que vimos uma feira de artesanato com várias barracas e decidimos ir lá dar uma olhada. Nós achamos uma barraca que vendia coroa de flores e eu comprei uma azul para mim e uma branca para Yasirah, que contrastava com sua pele escura.
Em um certo momento, talvez uma meia hora depois, a garotinha disse que estava com fome.
- Quer comer fast food?
Ela pareceu confusa.
- Fast food? O que é isso?
Levei ela até uma loja de Fast food em um shopping aberto ali perto, onde nós pedimos uma batata média e uma caixa com oito nuggets.
    - Isso é muito bom- ela disse arregalando os olhos quando estávamos sentadas em uma mesa do lado de fora  do estabelecimento.
    Eu ri.
    - Teoricamente isso não é saudável e, mesmo que você vire uma imortal daqui a uns anos, eu e as outras combinamos de não te levarmos aqui, então não fale para Mika ou para Kat que eu te trouxe, Ok?
    Ela assentiu com a cabeça.
    - Pode deixar.
   Ficamos em silêncio por um momento, até que Yasirah perguntou:
  - Você se sente mal?
  Fiquei confusa.
  - Por que eu me sentiria mal?
  - Por, você sabe. Deixar as pessoas se afogando no oceano.
   Me senti extremamente desconfortável.
- Bem, é por um bom motivo.
    - Eles diziam isso também- ela disse pegando mais um nugget.
    - Eles quem?- eu perguntei.
    - Os caras maus. Que atiravam nas pessoas lá em casa. Quero dizer, na minha ex-casa.  Eles sempre diziam isso nos comerciais de tv. "Estamos fazendo isso por um bom motivo". Nunca há um bom motivo para matar pessoas. Não se você puder ajuda-las.
    - Bem, mas o nosso motivo é mais válido. Nós precisamos fazer isso. A Água é uma entidade, com vida. E Ela precisa almas humanas para continuar existindo. Se nós não fizemos isso, todos os seres que precisam Dela vão morrer. Você entende isso, não é?
- Sim- ela respondeu- eu apenas quero saber se você se sente mal por isso.
Suspirei.
- Muito- admiti.
Não muito tempo depois, Mika me ligou dizendo que eles precisavam da Yasirah para ela tirar uma foto para o ID.
Voltamos para o prédio, onde Yasirah tirou sua foto. Mika pediu para eu Kat e Yasirah irmos descendo, provavelmente para ela poder cantar para o garoto que fez a nova identidade esquecer nossa presença igual da última vez sem. Esperamos Mika depois voltamos para casa à pé. No caminho, paramos em um carrinho de sorvete que estava na calçada. Eu peguei um de morango, Yasirah um de chocolate, Kat um de limão e Mika um de blueberry.
- Então, isso tem um gosto bom?- perguntei para Mika, que já estava no final de seu sorvete.
   - Na verdade não tem gosto de nada, mas eu achei a cor bonita- ela disse dando de ombros- Da próxima vez eu vou com certeza pedir um de pistache. Pistache é bem melhor.
- E então, o que você achou do seu novo nome, Yara?- perguntei para Yasirah.
Ela sorriu.
- Ele é perfeito!
- Estou feliz que você gostou de seu nome novo, Yasirah- disse Mika, sorrindo. 
   - Eu amei ele! Todas vocês tem um nome falso, não é? Quais são?
- Bem- disse Mika- meu nome falso é Rose. O de Elizabeth é Amélia e o da Kat é Karen.
Yasirah levantou uma sobrancelha.
- Karen?
- É, eu também acho que não combina muito comigo, mas eu gosto bastante desse nome.
O resto dia passou normalmente.
Na segunda de manhã, Adrien estava me olhando meio de uma forma meio estranha.
Eu não entendi direito o porque. Afinal, nós já tínhamos feito as pazes da nossa briga de quando eu não acreditei nele sobre algo ter feito ele cair da prancha e uma sereia ter salvado ele na competição de surf. Eu achei que estava tudo bem entre nós.
De tarde, eu sai com Kat para tomar um café na rua do nosso prédio. Recebi uma ligação no meu celular, que eu atendi pensando ser de Mika.
- Oi, eu sai com a Kat, mas daqui a pouco estamos de volta.
- Precisamos conversar- era Adrien no telefone. A sua voz estava dura e sem emoção, de um jeito que eu nunca tinha visto, mesmo quando estávamos brigados- venha tomar um café comigo, agora.
- Na verdade, eu não estou com fome, se você tiver alguma coisa para falar, fale por telefone mesmo.
- Não. Precisamos conversar pessoalmente. Venha até o mesmo café do dia em que nós nos conhecemos. Eu estou te esperando na parte de fora.
Prendi a respiração. Ele desligou.
- Quem era?- Kat perguntou.
- Um amigo meu da escola- eu disse- me desculpa, eu preciso ir.
   Peguei um taxi até o local. Encontrei Adrien sentado em uma mesa do lado de fora. Seus olhos azuis me encararam friamente. Ele tinha uma pasta no seu colo.
   - Boa tarde- ele falou.
   - Você está bem? Eu achei que nós estivéssemos bem. Por que você não falou comigo na aula? E por que está tão estranho comigo? 
  Como resposta ele apenas apontou para a cadeira em frente a sua, em um pedido para eu me sentar.
    - Lembre que quando você foi na minha casa, eu te disse que no domingo eu ajudaria um amigo meu com a parte do trabalho dele sobre o Titanic?
    Assenti com a cabeça.
    - Pois é, acontece que a parte dele do trabalho era reunir fotos e manchetes de jornais. Ele é muito bom em achar essas coisas, até porque ele descobriu um site que escaneou várias manchetes antigas.
   - Tudo bem. E?
   - Bem, eu notei uma coisa estranha nas fotos. Em uma delas, na verdade, em uma foto da saída do barco.
   Ele abriu sua pasta e colocou foto em cima da mesa. Nessa foto, que era em preto e branco, mostrava várias pessoas embarcando no Titanic.
   - O que você notou?
  - Bem, um rosto familiar. Meu amigo não percebeu, é claro, ele não é da nossa sala, ele é da 2B. Mas eu percebi. Pedi para ele me mandar a foto e eu a ampliei.
   Ele tirou outras duas fotos da pasta. Uma delas ampliava a passarela, a outra focava em um rosto olhando para trás.
    Meu rosto.
   - Qual é seu ponto?
   Bem, eu consegui colocar essa foto em um programa que mostra todas as informações sobre aquela pessoa.
   - E o que você achou? - falei com o mínimo de interresse possível.
  - A princípio, nada. Mas então, eu descobri um jornal com esse exato rosto. 
   Ele colocou um jornal em cima da mesa.
            "Naufrágio mata mais de vinte pessoas com apenas um sobrevivente"
Nesse jornal, uma foto minha, de um casal e do meu irmão.
- Amelia Jones- ele disse- me conte tudo o que você sabe sobre Elizabeth Saive.



=)
Oi, gente, voltei!
Eu ia postar esse capítulo ontem, só que eu acabei saindo para fazer um trabalho de escola e não consegui terminar.

Galera, por favor, votem no capítulo!

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Vocês estão gostando? Eu espero que sim! Beijos e até o próximo capítulo!!

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