Eu passei o filme inteiro chorando.
Me senti horrível, a história do filme, Titanic era tão fofa. E foi tudo minha culpa. Se eu tivesse me recusado a virar o barco, o final seria diferente. Jack e Rose, os protagonistas podiam ter vivido juntos por mais tempo, tido crianças, comprado um apartamento na praia e contado para todos como se conheceram. Mas eu não podia mudar o passado.
Quando ligaram as luzes na sala, Adrien puxou uma cadeira para perto da minha mesa.
- Não sabia que você era tão sentimental- ele disse enquanto secava uma lágrima da minha bochecha.
- Eu sou.- dei um sorriso triste.
Ficamos em silêncio até o sinal tocar anunciando o fim da aula. Peguei meu material e guardei na mochila. Quando ia sair ouvi:
- Amelia- Adrien estava muito vermelho- você vai fazer alguma coisa agora? Eu queria falar com você.
***- Eu ainda não acredito que você chorou em Titanic.
Eu e Adrien estávamos sentados na grama de um parque perto de nossa escola.
- Eu não acredito que você não chorou!
Ele riu.
- É ridículo. Os dois cabiam na mesma tábua. Ele podia ter sobrevivido.
- Eu passei o filme todo falando "por favor não morra, por favor não morra"
Seu sorriso sumiu.
- Falando nisso, eu preciso falar com você sobre uma coisa importante. Sobre meu acidente.
Fiquei séria.
- Pode falar.
Ele olhou para um ponto distante no horizonte.
- Meu pai me proibiu de comentar isso. Ele acha que eu estou maluco.
Fiquei tensa. Será que ele se lembrava?
- O que foi?
- Eu não me desequilibrei. Eu fui puxado.
- Como assim?- Eu tinha ficado confusa.
- Alguma coisa desprendeu meu pé da prancha e me puxou em direção de pedra.
Eu não estava esperando por isso.
- Você acha que foi uma alga ou que alguém sabotou sua prancha?
Ele olhou diretamente nos meus olhos.
- Eu tenho certeza que foi a própria água. Mas essa não é a parte mais estranha- assenti, dando sinal para ele continuar- Depois que eu bati minha cabeça, eu perdi minha consciência. Eu teria me afogado, ou morrido pela perda de sangue. Mas quando eu acordei, eu vi uma menina. E eu sei que isso é muito estranho, mas eu tenho certeza que ela era uma sereia.
- É.- eu disse nervosa- Realmente, isso é muito estranho. Sereias não existem.
- Eu sei! Mas eu vi o que eu vi, Amy!- ele ficou com mania de me chamar assim- Eu vi a silhueta de uma garota, eu ouvi ela implorando para eu não morrer, e eu vi ela criar uma cauda e ir embora! Ninguém acredita em mim, mas eu não me importo, agora você, é minha melhor amiga, por favor acredite!
Me levantei me sentindo pior do que eu já estava.
- Desculpa Adrien, mas eu tenho certeza que isso é tudo da sua cabeça.
Sai andando, me sentindo uma pessoa horrível.
Eu era uma sereia. Eu sabia como a Água funcionava. Por isso não deixei de me perguntar.
E se ele estivesse falando a verdade? A Água não decide que vai matar pessoas ou não, ela só pode fazer coisas desse tipo se for controlada por uma sereia, e uma bem forte. Quem teria feito aquilo.
Fui pensando nisso, enquanto andava. Até que decidi olhar para trás.
Ele continuava ali, do lado de uma garota com chapéu estilo caubói preto e cabelo da mesma cor ondulado que estava comendo um sanduíche enquanto lia uma revista.
Eu gostava dele. De verdade, ele era um bom amigo e eu não queria perder ele. A questão era como eu faria isso sem falar a verdade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Por trás das ondas
FantasyElizabeth é forçada a se tornar uma sereia em 1900 para que seu irmão fosse poupado da morte. Cento e oito anos depois ela conhece um surfista, Adrien Lacosta. Ela descobre que o garoto é imune ao seus poderes de sereia e planeja ir fundo para desc...