Capítulo 34: Quando o sol se põe

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Quando nós voltamos para o hotel, já estava quase de noite. Nós tínhamos achado um shopping e passamos a tarde toda dando voltas lá.
Quando chegamos no salão do hotel, Natalie informou que outros surfistas também tinham se confundido na hora de comprar a passagem e iam embora no domingo e por isso, a festa foi adiantada para a tarde do dia seguinte.
Fitei Adrien.
- O lado ruim é que agora eu não vou poder passar a festa toda me gabando de ter ganhado de você, por que isso não vai ter acontecido ainda.
Ele sorriu.
- Vai sonhando...
Nós subimos para os nossos quartos.
    Assim que eu e Mika entramos no nosso, eu já estava separando a roupa que eu ia usar na festa de amanhã, que ia ser uma blusa vermelha quadriculada, calça jeans e um chapéu estilo caubói marrom claro.
   Mika olhou para a mala e bateu em sua própria testa.
    - Tudo bem?- eu perguntei.
    - Eu esqueci de trazer meu chapéu.
    Eu franzi a testa.
     - Tem certeza? Eu te lembrei antes da gente sair de casa.
     - Eu sei! Mas eu devo ter esquecido.
      - Acho que não. Você nunca esquece de nada!- eu fui até onde a mala estava e a abri. Tirando algumas roupas da frente, eu achei o chapéu preto de Mika- Viu?
    Mika arregalou os olhos.
    - Não mexa nas minhas coisas!- ela falou correndo em direção a mala e a fechando.
    Levantei os braços em rendição.
    - Desculpa. Eu estava apenas tentando ajudar.
     Ela suspirou.
     - Tudo bem. Só... não mexa na minha mala. Por favor.
     Nós ficamos em silêncio. Eu tomei um banho e depois deitei na minha cama e apaguei as luzes, o que deixou o ambiente parcialmente escuro, já que Mika estava com o abajur ao lado da sua cama ligado.
Virei para o lado, quase batendo meu rosto na parede.
Tentei dormir por uns dez minutos, sem sucesso. Virei para o lado de novo e vi Mika deitada em sua cama encarando o chão com a testa franzida.
- Dificuldade para dormir?- eu perguntei, baixo.
Ela tremeu um pouco, provavelmente tinha achado que eu já estava dormindo e se assustou.
- Mais ou menos- ela murmurou.
Estava prestes a fechar meus olhos de novo, quando eu escuto:
- Liz, me desculpa por ter brigado com você mais cedo.
- Sem problemas- eu garanti- Eu realmente não tenho direito de mexer nas suas coisas.
- Não é isso. Eu quero dizer de manhã. A discussão que nós tivemos na varanda. Eu não quis dizer aquilo e realmente quero que Yasirah se sinta bem vinda aqui.
- Eu sei. As vezes eu acho que a pressão de ser líder sobe à sua cabeça.
    Ela riu.
     - Eu aguento.
     - E eu também entendo que você sente falta da Amberly.
     Ela parou de rir e seu corpo ficou rígido.
     - Por que você acharia isso?
- Todas nós sentimos falta dela.
Mika soltou sua respiração, que eu nem tinha percebido que estava prendida.
- Ela era uma ótima cozinheira.
- Era mesmo- eu falei rindo- ela fazia uma lasanha muito boa.
     Mika sorriu.
     - Era mesmo.
     - Mas melhor que isso- continuei- ela era uma ótima líder.
- Eu me inspiro muito nela- Mika respondeu, seu olhar perdido em um canto do quarto- quando eu vou tomar uma decisão eu me pergunto, "o que Amberly faria?"
- Ela era realmente uma ótima pessoa. Talvez ainda seja. Onde será que ela está agora?
Mika deu de ombros.
- O que você acha?
- Talvez ela esteja agora em uma poltrona reclinável. Em uma sala, com seus netos correndo com aviões de papel nas mãos- eu disse e Mika desviou o olhar- está tudo bem?- eu perguntei.
Ela franziu a testa e depois riu.
- Eu não consigo imaginar a Amberly se casando.
- Eu consigo. Ela era bonita e legal, aposto que tinha uma fila de garotos querendo ficar com ela.
- Eu não consigo imaginar ela com nenhum garoto, na verdade- ela murmurou bem baixo e eu fiquei na dúvida se ela estava falando comigo ou sozinha.
- E você?- perguntei- algum palpite de onde ela está agora.
     - Não tenho a mínima ideia- Mika admitiu.
    - Aposto que ela está bem.
    Ficamos em silêncio por um tempo, até que eu perguntei:
     - Mika, você já quis visitar alguma de nossas amigas antigas em suas vidas humanas? A Amberly, Sam, Caroline...
     - Eu já quis, mas eu nunca fui. Você sabe que é contra as regras.
     - As vezes eu queria poder saber como elas estão. Ou o que estão fazendo.
     - Acho que as vezes é melhor não saber. Nos dá uma visão otimista. E eu tenho certeza que elas estão bem, são garotas espertas.
     - É verdade. Agora acho que é melhor nós irmos dormir, está ficando tarde e temos uma festa amanhã. Boa noite.
     Ela desligou o abajur.
     - Boa noite.

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